14.09.2003 | 03h00
Uma mulher lutando contra o câncer de mama, outra que ama possessivamente um homem, um casal de jovens lésbicas conhecendo o amor e lutando contra o preconceito. Enredo da novela das 8? Também. As polêmicas levantadas por Manoel Carlos na trama Mulheres Apaixonadas estão rendendo mais frutos do que boas critícas e audiência. São pesquisas, peças de teatro, livros. Esse último, o mais forte deles.
Tentando embarcar no sucesso da novela, são muitos os lançamentos e os relançamentos de livros que tratam de temas fortes na trama como: alcoolismo, câncer, violência contra mulher, homossexualismo, amor possessivo, entre outros. Um dos primeiros a perceber que trama da Globo poderia dar um bom empurrãozinho no mercado editorial brasileiro foi o grupo Siciliano. Sabendo que Manoel Carlos traria na novela a história que uma mulher que ama enlouquecidamente seu marido - a possessiva Hilda, vivida por Giulia Gam - a editora tratou de lançar uma edição especial do livro Mulheres que Amam Demais.
Lançada em 1995, a obra da terapeuta Robin Norwood, que costumava vender 300 exemplares por mês, passou a vender 2 mil exemplares por mês depois da estréia da novela. Em seu recheio, uma análise da terapeuta sobre a face destrutiva do amor, a obssessão pelo outro, uma relação baseada no medo e na insegurança.
"O livro já chegou na casa dos 80 mil exemplares vendidos, boa parte disso devido a novela", fala a gerente comercial de vendas do Grupo Sicialino, Eliete Cotrim. "Além de livros, o drama de Heloísa está ajudando a abrir novos grupos de Mulheres Que Amam Demais Anônimas (Mada), pelo País. São deles as maiores encomendas de livros sobre o assunto".
Segundo Eliete, o câncer de mama, drama enfrentado pela personagem Hilda (Maria Padilha) no folhetim, também está pautando o mercado editorial. "Nós mesmos tiramos da gaveta este ano um título antigo sobre o assunto", conta ela, se referindo ao livro Câncer, Direito e Cidadania, de Antonieta Barbosa. A publicação traz o depoimento da autora sobre a doença e sua relação com familiares, além de direitos e benefícios que os portadores aos quais as vítimas tem direito.
"É incrível como a TV pode ajudar a vender livros. Basta um ator de novela citar um obra para no outro dia já sentirmos a diferença. Quando um livro vira minissérie então, pipocam novas e mais novas edições da obra para atender a demanda".
Durante quase um ano a jornalista Viviane Pereira começou a levantar histórias reais de pessoas que enfrentaram grandes problemas e traumas na vida e encontraram forças para continuar. Reuniu casos como o de uma mulher que luta contra o câncer de mama, como Hilda na trama, e o de um alcóolatra, que quase perdeu tudo por causa da vício, caso parecido com o drama de Santana (Vera Holtz), na ficção.
Coincidências suficientes com a trama de maior sucesso atualmente para impulsionar o lançamento de Heróis de Vida Real, livro da editora Celebris. "As pessoas que sabiam do livro começaram a me falar dos casos da novela e percebi que tinhamos um gancho ótimo nas mãos", conta Viviane. "Já vendemos 500 exemplares, e sei que a novela vai nos ajudar a vender muito mais".
Os textos de Manoel Carlos também inspiraram a escritora/cantora Vange Leonel. Feliz com o sucesso da abordagem do autor no caso do par romântico da trama Clara (Aline Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli), Vange pretende lançar no próximo mês um romance sobre um casal de jovens lésbicas: Baladas para Meninas Perdidas, da editora Summus. "Pela primeira vez um veículo de massa leva o assunto de forma didática a milhões de lares, mostrando todo o preconceito no colégio, na família, na raiz do negócio", fala Vange, lésbica assumida.
"Essa aceitação do público, a recepção que Clara e Rafaela vem recebendo ajuda quem sempre falou sobre o assunto, como eu", continua. "É uma via de mão dupla. Antes do Maneco compor as personagens, mandei muito material meu sobre o assunto para ele. Agora a trama dele abre as portas para os livros sobre o assunto. É muito bom esse intercâmbio".
O mesmo intercâmbio o autor fez com a escritora Rita Ruschel. Ela conta que Maneco se inspitou muito em seu livro Rita, Ritinha - Aprendendo a Amar, para criar algumas das principais tensões da trama. "A Heloísa foi muito inspirada em relatos do meu livro. O caso da mulher que procura um amante, no caso um taxista, também faz parte da minha obra", conta ela. "Depois do lançamento da novela, o livro ganhou novas edições e aumentou muito em vendagem. É só falar no nome Mulheres Apaixonadas para o público se interessar".
Empolgada com esse "casamento" novelas/literatura, Rita já pensa em outro: novela/teatro. "Manoel Carlos me pediu para escrever um monólogo sobre mulheres que amam demais, uma outra Heloisa para Giulia Gam analisar e, quem sabe, viver no teatro". Parece ser só o começo de outras tantas Helenas, Hildas e Heloisas que virão por aí.
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