29.12.2015 | 00h00
Na infância, quando morava no interior, cresci ouvindo minha mãe se expressar, às vezes indignada, sempre que uma pessoa ‘boa’, segundo ela, amiga, bem vista na sociedade, e que era modelo de liderança familiar, vinha a falecer de alguma doença como câncer. Ela se expressava questionando sobre aqueles que estavam presos na cadeia e eram saudáveis. Por que tais indivíduos viviam tanto tempo com saúde, enquanto aquelas pessoas boas, amigas, que nunca tinham usurpado bens de ninguém, e que não mereciam tais doenças, morriam cedo? Que justiça divina poderia ser aquela? Dizia ela.
Hoje, estudos mostram que pessoas consideradas ‘boazinhas‘, que sempre procuram agradar a tudo e a todos, e que só dizem ‘sim‘ sempre que solicitadas, mesmo querendo dizer ‘não‘, podem viver a vida inteira com uma espécie de ‘capa‘ para esconder como elas verdadeiramente pensam ou sentem. Elas aprendem esse modelo desde cedo com os pais e educadores, de que para viver bem, serem aceitas no meio social, têm que ser sempre boas e agradáveis. E mais, aprendem que ser ‘bom‘ é dizer apenas sim, e agradar os demais, e com isso acabam por não preservarem a si mesmas.
Será mesmo uma atitude saudável dizer sempre sim aos outros, mesmo que não queira? Saber ceder, ter flexibilidade ou empatia são habilidades inteligentes, mas não devem ser confundidas com anulação e submissão do próprio ser. Por essa razão é que muita gente se torna pouco assertiva nos relacionamentos. Há pessoas ‘boas‘que vivem numa via dupla, do tipo que agrada pais, cônjuges, filhos, parentes, amigos, vizinhos, menos a si mesma. Qual é a consequência desse comportamento? A princípio, vai depender de como a própria pessoa trabalha isso internamente, se ela extravasa, compensa de alguma maneira ou não.
Mas, ao depender da intensidade e da condição cíclica de tais ocorrências, isso pode gerar tamanha frustração íntima, e uma somatória de ressentimentos petrificados que no fim da vida, pode resultar em uma das tantas formas de doenças que corroem por dentro,devido ao processo de somatização, como simbolismo de intransigência no campo emocional. Isso pode ocorrer mesmo que a pessoa envolvida nunca tenha pensado ou ‘merecido‘, como se referia minha saudosa mãe.Afinal, é difícil rotular alguém de ‘bom‘ apenas pelo modo aparente do indivíduo se comportar. Essa é uma definição que antes tem haver como os moldes internos de cada um.
Estamos na época do fim de um ciclo cronológico em que muita gente costuma refletir sobre o ano que passou, as atitudes e as ações decorrentes da maneira como se relacionou com os demais. Perdão, reconciliação, melhor entendimento entre as pessoas são mais comuns nesses períodos em que há uma expectativa coletiva de mudança. Então, este é um período oportuno para que cada um repense sobre tudo aquilo que pode ter acumulado,mas que poderia ter sido expresso antes. Que nota você daria hoje para sua assertividade? Quantos sentimentos reprimidos podem ter sidos internalizados? Quantos ressentimentos você pode ter gerado. Lembre-se que eles são prejudiciais, é melhor livrar-se desse tipo de acúmulo. Talvez esse seja o meio mais adequado para preservação da sua saúde física, psicológica e emocional.
Jair Donato é Jornalista em Cuiabá, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: jair@domnato.com.br
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