ENTREVISTA DA SEMANA 28.07.2019 | 10h43
viviane@gazetadigital.com.br
João Vieira
Considerado por muitos pais e professores um tabu, o sexo deve entrar na lista de assuntos que devem ser dedicados para informar as crianças e adolescentes. Muitas acabam descobrindo sozinhas, seja em seu grupo de amigos ou na escola, mas o importante para os cuidadores e responsáveis é quebrar o silêncio é informar e ensinar sobre o tema. É o que afirma a psicóloga e sexóloga Irani Marangão.
Em entrevista para o , a profissional, que possui 10 anos de experiência em clínica focada na terapia sexual, alerta para a necessidade de promover momentos de conversa e de instrução da família. Isso, para que alguns males, tanto à saúde física quanto mental sejam evitados, já que a sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações, além dos relacionamentos afetivos da vida toda.
Muitos pais e responsáveis têm dificuldades para esclarecer assuntos ainda considerados tabus com crianças e adolescentes. Como podemos falar sobre sexo e sexualidade com as crianças e jovens? Existem formas mais fáceis de introduzir o assunto?
O ideal seria que eles fossem educados por suas famílias para que assumissem sua sexualidade de maneira positiva e responsável. Mas vemos que isso não é feito com muita frequência em nossa sociedade. Podendo dizer que muitos pais também não foram preparado com conhecimento adequado sobre o assunto com seus genitores. E com isto temos uma educação sexual empobrecida de conhecimento. Não devemos criticá-los e nem julgá-los. Hoje, com a cultura das tecnologias, acredita-se que os jovens estão tendo muita informação, porém, vejo que, muitas vezes, são informações inadequadas ou confusas. O processo educativo deve propiciar um conhecimento de si mesmo, de dentro para fora, num processo de reflexivo. Quando recebemos e transmitimos informações através da internet, meios de comunicações... não educamos.
As pessoas têm medo de que uma conversa estimule o sexo ou sentem receio de dizer algo errado?
Sempre digo que recebemos muitas informações e não sabemos qual é a forma correta de transmiti-las. A maneira adequada de falar é a que responde apenas às questões que a criança quer saber, naquela fase da vida. Os pais têm dificuldade de falar de sexo com seus filhos, embora possam ter facilidade para dar esclarecimentos e orientações, em geral liberais e liberalizantes, para com os filhos dos outros. São dificuldade de cunho cultural, que somente serão superadas com muito esforço pessoal. Somos filhos de nosso meio e da época, sendo agentes e vítimas dos preconceitos vigentes.
Em cada idade, as dúvidas são diferentes. Como adequar as orientações a cada fase da vida dos filhos?
Com certezas existem dúvidas para cada idade diferentes, penso que as dúvidas nunca deixarão de acontecer, e falar de sexo e sexualidade, relacionamentos, quanto mais aprendemos, mais queremos saber. Cabe a nós adultos buscarmos os conteúdos nos lugares certos. Com pesquisas cientificas e até mesmo com profissionais capacitados.
Existe um limite que os pais devem obedecer?
Não. Onde há uma boa comunicação entre os pais e filhos acredito que o limite é desnecessário. Que tipos de limites? Acordos e regras, acho que são necessários sim.
Quais as orientações que a senhora como especialista pode dar aos pais e educadores?
Falar de sexo e sexualidade não é tarefa fácil pra ninguém, embora deve sim ser discutido dentro de casa. Deixo aqui a frase do livro Sexo Amor & Educação, de Celso Martins: "Uma casa que abriga pessoas só merece o nome de lar quando os que nela habitam e desfrutam de intimidade, liberdade e Amor". É esse o clima ideal para uma educação de verdade, onde os membros da família se sentem à vontade em expor suas opiniões, suas dúvidas, seus problemas, onde existe um interesse recíproco e as dificuldade são enfrentadas em conjuntos e não um grupo de estranho vivendo sob o mesmo teto. Pense nisto!
No contexto atual, em termos de sexualidade, os jovens estão mais abertos para lidarem com a diversidade?
Sim, mas há muitas dúvidas sobre falar de seus sentimentos. O tema da sexualidade é objeto de discurso entre os jovens. Ainda é comum não haver uma comunicação direta dos pais, quando o jovem mantém um relacionamento sexual. Visto que a maioria das famílias aborda o assunto por via de indireta, fala esporadicamente da sexualidade, dos métodos contraceptivos das DSTs. Cabe a todos recorrerem ao diálogo e às informações abertas.
Qual seu conselho para a pessoa que está passando por algum problema ou tem alguma dúvida sobre sexo e sexualidade?
Quando você perceber ou identificar algum problema busque ajuda, não deixe passar o momento. Existem pessoas que buscaram ajuda com dois meses após perceberem algo errado e com duas ou três sessões já estava com o assunto resolvido e foi ser feliz. Mas quando a pessoa deixa passar 10, 15 anos, por exemplo, as coisas se complicam. Então, eu sugiro que busque essa ajuda o quanto antes. Não tenha vergonha! Não é porque você recorre a um profissional que significa que é um problema grave ou sério. Procure orientação e esteja aberto ao diálogo com seu filho, sua família. Uma boa conversa sempre é muito importante.
Publicidade
Publicidade
Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
Publicidade
Publicidade
O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.