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Cuiabá, Sábado 06/09/2025

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SERIAL KILLER DA UFMT 06.09.2025 | 13h00

Perita crê em mais vítima e detalha identificação de criminoso; 'este agressor não age uma vez só'

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Chico Ferreria

Chico Ferreria

Mulheres de meia-idade, em situação de vulnerabilidade, usuárias de drogas ou não, grávidas ou com aparência de gestantes. Este era o perfil das vítimas preferenciais de Reyvan da Silva Carvalho, preso pelo estupro e feminicídio de Solange Aparecida Sobrinho, 52, encontrada em 24 de julho deste ano, no campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá. Além dela, o acusado responde pelo estupro e assassinato de outra mulher. Há também na ficha criminal de abuso sexual contra outras que sobreviveram.

 

O modo de agir deste, que é considerado um "serial killer" e predador sexual em série, era buscar por vítimas que não teriam coragem ou condições de denunciar as violências sofridas, caso sobrevivessem. Seu “ritual” de sondagem e execução do crime era semelhante em diversos casos: abordar na rua, arrastar para matagal ou local ermo, esganar e estuprar.

 

Em entrevista ao programa Tribuna da rádio Vila Real FM (98.3), a coordenadora de Perícias em Biologia Molecular da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec-MT), Rosangela Ventura, afirma que podem existir mais vítimas que não buscaram as autoridades para relatar os crimes de Reyvan  Carvalho, seja por medo ou ausência de meios de denunciar.

 

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“Existem mais vítimas. Essa lista possivelmente não está completa. Algumas mulheres não procuram a segurança pública e esses predadores agem assim, porque escolhem vítimas a dedo, que seriam incapazes de procurar ajuda, seja por questões psicológicas, financeiras, ou vergonha. Eles agem para não serem pegos e fazer o maior número de vítimas”, argumenta a profissional.

 

A perita conta que uma das maiores preocupações das autoridades é o chamado “dark number”, registros de vítimas que não procuraram a polícia. Quando um crime não é levado ao conhecimento da segurança pública, fatos ligados a ele e provas não coletadas podem impedir o trabalho de relacionar a vítimas anteriores e posteriores, além de proporcionar coleta e análises de material genético, o meio pelo qual chegou ao assassino da UFMT.

 

“Quando damos visibilidade a um caso como esse, vítimas que não tiveram coragem de denunciar, agora compreendem que as coisas mudaram. Não dá para questionar porque as pessoas não denunciam, já que muitas vítimas saem sobreviventes, mas mortas por dentro. A violência sexual é o maior temor das mulheres. É preciso ter empatia, imaginar a dor delas. As que conseguirem, teremos o material do suspeito para análise técnica. Temos na Politec vestígios esperando identificação”, pontua.

 

No caso de Reyvan Carvalho, polícia e perícia não tinham conhecimento dos crimes cometidos por ele anteriormente. Contudo, durante análise dos vestígios coletados no corpo de Solange e uma bituca de cigarro no local do crime, que passaram por um software da Politec, o material genético foi confrontado e deu positivo um crime sexual ocorrido em 2022, na qual o acusado foi preso em flagrante.

 

“O acusado tinha cometido um crime de violência sexual em 2022, nesse ato foi preso em flagrante e coletado material genético da vítima e dele para confronto, então existia material genético dele. Nessa data ele forneceu, tem uma assinatura de termo de consentimento”, narra a coordenadora.

 

Contudo, cita a perita, mesmo se não tivesse cedido seu próprio material genético, haveria outros meios de coleta durante a investigação, porém ressaltando a importância de obtenção de vestígios nas vítimas, já que em todas o criminoso deixou amostras.

 

“A técnica utilizada faz confronto genético que não têm intitulado donos. Cada código genético é único. Ele acha coincidência nesse grupo de vestígios inseridos. No caso do Reyvan, tinha um grupo de vestígios em busca de atos semelhantes, tinha o de 2020, 2021 e o da Solange a gente não sabia. Ele não estava listado como suspeito, mas coincidiu, o software apontou que tratava-se do mesmo perfil genético do caso de 2022, que havia o nome dele. É um trabalho minucioso. Mesmo que o software nos aponte, também analisamos com mais critérios e por mais peritos”, explica.

 

Além do laudo da perícia, posteriormente, o trabalho conjunto, onde a Polícia Civil na busca imagens de câmeras de segurança, realiza oitiva de testemunhas e o confronto com boletins de ocorrência de casos semelhantes e até de crimes ocorridos na mesma região conclui os indícios para que se chegue até o suspeito.

 

“Neste caso da Solange, os suspeitos nos forneceram material genético espontaneamente, porque é a chance deles de falar ‘eu não tenho nada a ver com isso’ e realmente, após análise, foram descartados. Assim, prosseguimos as buscas. Processamos e inserimos no software. A análise é feita várias vezes. Na nossa equipe, todos os peritos têm ao menos 10 anos de experiência. Feminicidas, autores de violência sexual, mais dia menos dia serão identificados. Esse agressor, com esse perfil, o predador sexual, ele não age só uma vez. Uma hora ele vai falhar. E ainda que não falhe, vamos estar lá cercando. Era questão de tempo”, garante Rosangela.

 

O caso
Em 29 de agosto, Reyvan da Silva Carvalho foi preso por violentar e matar Solange Aparecida Sobrinho, 52, encontrada no dia 24 de julho na sede da antiga associação Master, próximo da avenida Arquimedes Pereira Lima. O caso teve grande repercussão e chocou a sociedade mato-grossense pelo fato do acusado estar solto após inúmeras prisões, sendo elas um feminicídio e estupro cometido em 2020, no bairro Parque Ohara; um estupro ocorrido no ano de 2021, no Tijucal; e um caso violência sexual, em 2022, no bairro Jardim Leblon. Clique aqui e veja todo o histórico do criminoso.

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