poupar 10% é 'sagrado' 07.09.2025 | 07h00
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Arquivo Pessoal
O economista e vice-presidente da Corecon-MT, Emanuel Daubian.
A educação financeira, apesar de importante, ainda não está presente na vida da maior parte da população brasileira. Estudo feito pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que 65% dos brasileiros admite entender pouco ou nada sobre organizar as finanças.
Apesar disso, 91% dos entrevistados reconhecem a importância do tema e seus impactos tanto na vida pessoal quanto profissional.
O fim de ano se aproxima e com ele vem o 13º salário, festas, viagens, presentes e logo 2026 começa com impostos a pagar. Para se preparar melhor para isso para os gastos e terminar 2025 com mais tranquilidade, o conversou com o economista Emanuel Daubian, 66, vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Mato Grosso (Corecon-MT).
Daubian mostra estratégias para cuidar melhor do orçamento doméstico e defende, diante deste cenário de desconhecimento, a necessidade da educação financeira como uma disciplina obrigatória no ensino básico.
Gazeta Digital: A pesquisa da Febraban revelou que 65% dos brasileiros têm pouco conhecimento sobre educação financeira. Apesar do grande número, este é um tema de grande influência no cotidiano, como mudar este cenário?
Emanuel Daubian: Educação financeira deveria ser um uma disciplina no segundo grau, talvez até no primeiro grau, para já ir às pessoas, desde a educação básica, a importância de ter o controle financeiro. A grande maioria [das pessoas] não é rica, então a renda que ela recebe, na maioria das vezes, não é suficiente para atender todas as despesas que ela gostaria de ter. Então, ela vai ter que escolher prioridade. Se não houver um controle financeiro, ela vai se endividar.
A pessoa tem que ter objetivos na vida. "Eu quero ter uma casa, quero ter um carro, quero ter alguns bens, etc., mas para isso ela tem que planejar. Então a educação financeira começa com o planejamento financeiro.
GD: Logo chegam as festas de fim de ano, geralmente com muitos gastos. Como já começar a cuidar da própria vida financeira?
Daubian: O planejamento financeiro começa com a pessoa conhecendo qual é sua renda média mensal. Tem gente que recebe um salário fixo, tem gente que não tem um salário fixo, tem um salário variável, mas ele precisa fazer uma média, saber quanto em média ele ganha por mês.
A ideia é separar 70% da renda para gastos fixos. O que são os gastos fixos? Os gastos que todo mês ele tem que pagar. Aluguel, energia elétrica, água, transporte, manutenção, manutenção no carro, alimentação, banda larga, prestações, etc. Então, fixar 70% [para isso]. Considerar os gastos variáveis. O que são gastos variáveis? Gastos com lazer, com viagem, gastos extras que ele pode ter no mês. [Separa] 20% do salário.
Sobraram 10%. Esses 10% é uma coisa importante, que é aquela parte da renda que ele vai poupar, ele não vai consumir, para estar preparado para eventuais gastos extraordinários ou não planejados que podem ocorrer. Gastos com saúde, tem um problema em casa, está com problema na parte elétrica, etc. Esses 10% da renda, ele precisa guardar todo mês e colocar esse dinheiro em uma aplicação financeira.
GD: Na pesquisa da Febraban, quase 30% relataram não ter condições de poupar ou investir dinheiro. O que fazer neste caso?
Daubian: Diminuir a despesa e buscar aumentar a renda. Quando for no mercado, fazer uma lista do que precisa comprar. As pessoas vão no mercado pensando em comprar carne, arroz, feijão e verdura e acaba comprando outras coisas, chocolate, bolacha, coisas supérfluas. Pode também substituir o produto. A carne [vermelha] ficou mais cara, vamos trocar por um tempo, trocar por frango, fazer a substituição. Comprar produtos regionais, que são mais baratos e evitar comprar produtos de grandes marcas.
E ela pode trabalhar em outra atividade, prestar outro serviço, como autônomo, para aumentar a renda. Vender um produto, fazer um alimento e vender. É uma situação que pode ser temporária.
GD: Quais hábitos devem ser evitados para manter a saúde financeira?
Daubian: Ter 4, 5 cartões de crédito. Cartão de crédito é um convite para gastos inúteis, para o consumo. Parece que você tem aquela renda, mas no final do mês você vai ter que pagar aquele cartão. Então o ideal é que tenha um, no máximo dois, cartões de crédito, já é suficiente.
Outra coisa é o cheque especial. O cheque especial é só para aqueles gastos extraordinários, vamos supor uma pessoa que não guardou dinheiro e teve problemas, esses gastos com residência, com saúde e tal. [O cheque especial] é para ele poder pagar rapidamente. Os juros do cheque especial são muito elevados.
GD: Qual outro hábito pode ser implementado para ajudar no controle das finanças?
Daubian: Fazer uma planilha - estou falando no Excel, mas pode ser num caderninho também -, fazer um acompanhamento da receita, do gasto todo mês. Se [a pessoa] tiver tudo anotado, ela vai saber onde pode diminuir [o gasto].
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