ENTREVISTA DA SEMANA 21.09.2024 | 11h45
redacao@gazetadigital
Arquivo pessoal
A publicitária e influenciadora digital Zannandra Fernandez, 23, vêm ganhando destaque nas redes sociais pelo compartilhamento de sua rotina e também ativismo para visibilidade de pessoas com deficiências. A cuiabana começou com suas publicações em 2018, como modelo de maquiagem. Com conteúdos leves e mostrando sua autoconfiança enquanto mulher, integrante da comunidade LGBT+ e cadeirante, a comunicadora conquistou seu público, que é crescente a cada dia.
A jovem contou ao sobre sua trajetória profissional, as dificuldades cotidianas e avanços paras a pessoas com deficiência na cidade.
GD - O que te motivou a gravar vídeos para redes sociais?
Zannandra - Sempre me falavam “você tem jeito com a internet, se comunica bem, devia começar a postar e aos poucos, comecei as publicações. Em 2020, através do Twitter, conheci uma mulher PCD e ela me convidou para fazer parte de um grupo no WhatsApp de pessoas com deficiência. No primeiro momento, eu fiquei com um pouco de receio, nunca tinha tido contato com um grupo de PCDs, eu não me sentia parte. Até conhecer e perceber o quanto é importante ter uma rede de pessoas que entendem e vivem a sua realidade. Eu mudei completamente. Pela primeira vez na vida me senti completa.
Após isso, começamos um movimento na internet. Pessoas com deficiência começaram a ter alcance e serem vistas como criadores de conteúdo e eu estava ali.
GD - Com qual postagem você teve maior alcance?
Zannandra: Meu primeiro post a viralizar de forma considerável foi no Twitter. Eu tinha feito um trabalho com uma loja de roupas e gostei das fotos. Então, postei no Twitter com a legenda: "cadeirante devido ao fato de ser pesado demais carregar o fardo de mulher bonita em pé".
No mesmo dia, viralizou. No outro dia, varias pessoas com deficiência começaram a postar também e virou uma trend de autoestima PCD. Foi ali que entendi meu papel e potencial.
GD - Como é a recepção do público?
Zannandra: No início, era um pouco caótico. As pessoas não estavam acostumadas a ter pessoas com deficiência tendo autoestima, confiança e principalmente coragem de expor o capacitismo de forma sarcástica. Eu e todo o movimento tocamos em fraquezas e preconceitos que as pessoas nem tinham consciência que tinham. E sentimos o impacto disso, tanto positivo como negativo.
Inicialmente, meu público era de pessoas interessadas em aprender e que buscavam referências que as representassem. Hoje em dia, meu público é quem gosta de me acompanhar, não necessariamente ouvir sobre as minhas dores como PCDs ou aprender, apenas acompanhar minha vida.
GD: Acredita que na mídia faltam representações de pessoas com deficiência?
Zannandra: Com certeza, de 2020 para cá, muita coisa melhorou, mas também não mudou. Uma mudança estrutural é complexa, não é linear, vai e volta.
Avançamos bastante em 3 anos, mas esse ano sentimos o retrocesso do nosso espaço na internet e na profissão de criadores.
Enquanto em 2021 e 2022 as pautas PCDs eram focos de campanhas, hoje em dia a realidade é diferente. Perdemos espaço. Para conseguir estar em uma ação é muito mais difícil.
Com as oscilações no marketing de influência, fomos um dos grupos mais prejudicados.
GD: A internet possibilitou mais visibilidade a pessoas com deficiência?
Zannandra: Com certeza, o trabalho na "vida real" é importante e sempre será, mas o digital também. A internet é uma ferramenta de acessibilidade. Vivendo em uma sociedade que não é acessível, ter a internet como um veículo foi fundamental para a luta se tornar coletiva e visibilizada.
GD: Já recebeu algum comentário preconceituoso? Como lida com eles?
Zannandra: Claro, no início era o que eu mais recebia e eu não ficava quieta. Respondia e de uma forma que incomodava. Devolvia o constrangimento que se sentiam no direito de me fazer passar.
Já recebi hate (comentários maldosos) por não querer transformar minha deficiência em um zoológico para simplesmente satisfazer a curiosidade alheia.
Já recebi hate por não ficar calada, por falar sobre minha sexualidade, por ter autoestima, e principalmente por não demonstrar que me afetava.
GD: Quais sonhos você ainda busca conquistar?
Zannandra: Minha relação com a internet mudou. Agora, eu faço parte dos bastidores. Minha paixão é a comunicação. Sou estrategista de marketing e branding em uma empresa de Cuiabá que trabalha com economia criativa e cultural. Eu me sinto realizada e projeto uma carreira. Eu evoluo muito rápido e quero seguir nesse ritmo. Não pretendo deixar meu lado de influenciadora para trás, mas sinto a necessidade de mudança, não sou mais a mesma de antes.
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