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Judiciário - A | + A

31.07.2018 | 12h18

Vídeo mostra cabo Gerson acusando Paulo Taques de financiar grampolândia - assista

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Em seu depoimento na ação penal em que figura como réu acusado de participar do esquema de escutas telefônicas clandestinas, o cabo da Polícia Militar de Mato Grosso, Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior, revelou que foi o advogado e ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, quem bancou todo o aparato ilegal, que funcionou em uma sala comercial no edifício Master, no centro de Cuiabá e que teve como alvos dezenas de pessoas ligadas à política, principalmente opositores ao governador Pedro Taques, que na época ainda era candidato ao cargo.

Chico Ferreira

Paulo Taques quando deixou a cadeia após ser preso por grampos

Segundo o réu, após ser chamado pelo coronel Zaqueu Barbosa para elaborar um projeto de interceptação que teria como objetivo prender policiais militares corruptos, o superior determinou ao cabo Gerson que fosse ao encontro da pessoa que arcaria com todas as despesas, que deveriam ocorrer por fora do trâmite normal, ou seja, sem licitação, para garantir o sigilo dos trabalhos.

Em uma tarde de agosto de 2014, na companhia do coronel Evandro Lesco, a quem era submetido no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), Gerson Corrêa foi até um restaurante na estrada de Chapada dos Guimarães, onde conheceu Paulo Taques. Este afirmou que arcaria com os custos das interceptações, mas que teria acesso aos áudios que fossem grampeados.

Algum tempo depois, novamente acompanhado de Evandro Lesco, o cabo Gerson foi até um escritório de Paulo Taques, no bairro Consil, em Cuiabá, e recebeu R$ 50 mil em espécie das mãos do advogado e coordenador do então senador e candidato ao governo Pedro Taques. “Pegamos esse dinheiro e começamos a comprar a T.I.”, disse o cabo.

                 

Segundo ele, em setembro de 2014, já estava tudo pronto para começar as interceptações. Alguns dias depois, ele afirma ter recebido das mãos do coronel Zaqueu cerca de 10 números de telefone para serem grampeados. Tratavam-se todos de terminais de policiais militares suspeitos de envolvimento no tráfico de drogas em Cáceres. Daí surgiu o primeiro relatório de interceptação, porém sem assinatura e ainda sem a chamada “barriga de aluguel”, ou seja, inserção de números de pessoas não investigadas.

Leia também - Taques nega envolvimento em grampos e diz que deu autonomia para investigação

Foi depois de entregar esse relatório ao coronel Zaqueu que este retornou ao cabo com uma decisão judicial da Comarca de Cáceres, para proceder às interceptações de forma oficial. Como trabalhava durante o dia no Gaeco, Gerson afirma que fazia as escutas dos policiais durante a noite, com dificuldade. “Eu escutei, tentava atualizar, mas nunca ia conseguir sozinho”, disse.

Gerson Corrêa negou ter recebido qualquer promessa de campanha da parte de Paulo Taques, ou mesmo ter ouvido menção ao nome de Pedro Taques durante as conversas com o ex-secretário, que também responde pelos grampos em outro processo.

Início dos grampos

Gerson Corrêa também revelou como tudo começou, entre julho e agosto de 2014, quando recebeu uma ligação do coronel Zaqueu Barbosa, então sub-chefe do Estado Maior, pedindo para que ele fosse até o Comando Geral da PM.

Chico Ferreira

Cabo Gerson

Na época, Gerson Corrêa trabalhava no setor de inteligência do Gaeco, onde era subordinado ao coronel Evandro Lesco.

No encontro com Zaqueu, este explicou ao cabo que queria fazer “uma limpeza” na instituição, investigando policiais corruptos. Na ocasião, apresentou a Gerson duas placas de interceptação e pediu que o cabo verificasse a viabilidade de utilização dos equipamentos, o que foi feito pelo cabo junto ao fabricante, a empresa Wytron que, por sua vez, atestou a viabilidade mediante custo.

Questionado pelo juiz Murilo de Moura Mesquita, da 11ª Vara Criminal Militar, se o coronel Zaqueu chegou a dizer onde havia obtido as placas, o cabo Gerson afirmou que essa explicação não lhe foi repassada, apenas que conseguiu com amigos.

O coronel pediu um projeto de implantação de interceptação na Polícia Militar e o cabo apresentou um projeto básico com previsão de gasto inicial de R$ 12 mil, com direcionamento das escutas para a Diretoria da Agência Central de Inteligência (Daci), que fica no Comando Geral da PM.

Após alguns dias, Zaqueu teria perguntado a Gerson se havia possibilidade do projeto ser instalado fora da PM e deu a ideia de alugar uma sala comercial. Contrariando a versão apresentada pelo coronel Zaqueu em juízo, o cabo Gerson negou ter dito ao superior que já disponibilizava de uma sala de estudo que poderia servir para as interceptações. “Desde o início foi para funcionar o núcleo de inteligência. Tudo o que fiz foi com autorização do meu 03 da Polícia Militar”, disse.  

Outro lado

No último sábado (28), após o depoimento do cabo Gerson, o governador Pedro Taques, por meio de nota, negou envolvimento nos grampos e destacou que determinou a apuração dos fatos, após virem à tona. Confira a íntegra da nota:

O Governo do Estado informa que o governador Pedro Taques determinou a apuração de todos os fatos relacionados às supostas escutas telefônicas clandestinas assim que a denúncia chegou ao conhecimento dele, em 2015, garantindo independência das Polícias Civil e Militar nas investigações.

O Governo do Estado ressalta ainda que o governador Pedro Taques solicitou ao Superior Tribunal de Justiça que ele próprio fosse investigado neste caso para comprovar, perante a Justiça, que não teve qualquer envolvimento nos fatos narrados por terceiros. 

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