04.08.2017 | 18h56
Chico Ferreira![]() Rogers Jarbas |
Atualizada às 19h30 - O secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, teria repassado ao ex-secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques, uma cópia de investigação sigilosa referente ao esquema de escutas clandestinas operado por um núcleo da Polícia Militar também em Lucas do Rio Verde (354 Km ao Norte de Cuiabá).
A informação consta na decisão do desembargador Orlando de Almeida Perri, que culminou na prisão de Taques no final da manhã desta sexta-feira (4), sob a acusação de ter ordenado escutas clandestinas que teriam vitimado centenas de pessoas, entre políticos, médicos, empresários, jornalistas, um desembargador aposentado, além da ex-amante dele, Tatiane Sangalli Padilha.
Leia mais - Paulo Taques é preso a mando de Perri por envolvimento em grampos
Segundo o desembargador, Paulo Taques teria se utilizado de sua influência com outras autoridades para obter benefícios indevidos. Ele teria peticionado, através de seu escritório de advocacia, diretamente ao secretário Jarbas pedindo cópia do procedimento que tramitava sob sigilo.
O objetivo era tomar conhecimento sobre a existência de investigação, ou não, contra sua pessoa, acerca dos fatos ocorridos em Lucas do Rio Verde onde ele teria praticado o crime de interceptação telefônica ilegal durante eleições municipais em 2016.
“E o curioso, para não se dizer inusitado, é que o Secretário de Segurança Pública, simplesmente, “proferiu decisão” no pedido feito, determinando o fornecimento de cópias, mesmo sabendo que os fatos eram sigilosos”, escreveu Perri.
Reprodução![]() |
Ainda segundo o desembargador, a intenção de Taques não era somente obter informações, mas mostrar seu poder e influência mesmo após ter deixado o cargo de chefe da Casa Civil, em maio, logo após vir à tona o caso dos grampos ilegais.
“A intenção de Paulo Taques, a meu sentir, não era apenas obter informações a procedimentos sigilosos, mas, sobretudo, mandar recado ao delegado de polícia responsável pela investigação, de que possui acesso amplo e irrestrito ao Chefe da Instituição, isto é, ao Secretário de Segurança Pública”, afirmou Perri.
Além de repassar documento sigiloso, o desembargador aponta ainda que Jarbas teria interferido diretamente na apuração do caso dos grampos. Isto porque, antes mesmo da instauração de qualquer procedimento, administrativo ou criminal, o secretário resolveu convocar a delegada Alana Cardoso para prestar esclarecimentos.
Alana foi a responsável pela condução da ‘Operação Forti’, utilizada como pano de fundo para a inclusão de números na interceptação telefônica através da modalidade “barriga de aluguel”.
“O detalhe é que não se sabe, ao certo, a que título a Delegada Alana foi inquirida, pois, até aquele momento, não havia nenhum procedimento instaurado, e, pior, a autoridade policial sequer teve oportunidade de tomar conhecimento do que se tratava sua inquirição, tampouco teve tempo para se preparar, haja vista que foi surpreendida com a “convocação” de seu superior”, afirmou o desembargador.
Perri aponta ainda que o intuito das perguntas feitas por Jarbas a Alana era o de investigar, por via oblíqua, a participação e a conduta do promotor de Justiça Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança e Pública e responsável por trazer à tona o caso dos grampos.
Diante do cenário, o desembargador concluiu que há a influência indevida, exercida por Paulo Taques, no curso das investigações e, por isso, determinou sua prisão.
Outro lado - Em nota, o Gabinete de Comunicação (Gcom) alega ser "improcedente a afirmação de que o secretário de Estado de Segurança Pública teria determinado o acesso a autos de procedimento investigativo instaurado contra o ex-secretário chefe da Casa Civil. O Secretário Rogers Jarbas apenas remeteu o requerimento para manifestação do delegado responsável pela investigação, que negou o pedido em virtude do inquérito estar sob sigilo, informação esta que não era de conhecimento do Secretário".
Nega também qualquer irregularidade na oitiva da delegada Alana Cardoso na sede da Secretaria de Segurança Pública. "O Secretário Rogers Jarbas tomou seu depoimento espontâneo após provocação da juíza de Direito Selma Arruda, dando notícia de suposta realização de interceptação telefônica ilegal na sede da própria Secretaria. Detectados indícios de crime no referido depoimento, o secretario o encaminhou no mesmo dia para apuração por autoridade policial competente", consta no documento publicado na noite desta sexta-feira.
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