07.01.2015 | 09h06
Sem água nas torneiras, diversos moradores da capital mato-grossense já não sabem o que fazer para atender as necessidades básicas, como cozinhar, limpar casa e até tomar banho. Eles relatam que o problema já remonta há mais de 20 dias e a concessionária responsável pelo serviço não tem atendido as demandas. Sem condições de pagar por um caminhão pipa, alguns recorreram até mesmo à água das chuvas para poder encher baldes.
No bairro Nova Esperança, os usuários do serviço dizem que esse problema se arrasta há mais de um ano. Todo dia é uma expectativa ao abrir a torneira. “A gente ainda tem esperança de que essa situação irá se resolver. Às vezes olhamos para o relógio que mede a passagem de água e nos enchemos de esperança ao vê-lo se movendo, mas quando abrimos a torneira o que sai é apenas vento”, conta o operador de seladora, Nilton Antônio dos Santos, 50.
Ele fala ainda que, apesar de não ter um pingo d’água em casa, as contas cobrando pelo serviço chegam todos os meses. “Não atrasa um dia. O pior é que ainda vêm valores altíssimos e, se não pagamos, a CAB ainda manda um funcionário para cortar o que sequer existe”. A última conta do operador de seladora veio no valor R$ 85, sendo que no último mês a família chegou a ficar metade do mês sem água em casa. Sem condições de pagar para abastecer os reservatórios, Santos conta que vai com a esposa e o irmão até um córrego que fica a cerca de cinco quilômetros de sua casa, onde abastece alguns que são utilizados para fazer comida e tomar banho. “A gente não tem dinheiro para pagar duas vezes, então o que nos resta é chegar do trabalho e, mesmo cansados, andar até a bica, e voltar com os baldes para casa”.
A mesma situação se repete na casa do garçom Ederson Freitas, 35. Pai solteiro de cinco filhos, ele fala que tem dias em que não sabe o que fazer para dar banho nas crianças. “Eu trabalho a noite toda, e quando chego em casa tenho que limpar tudo, fazer comida e dar banho nos meus filhos. Porém, essa rotina já não é a mesma há quase um mês e tudo porque está faltando água”.
O reservatório em frente a residência do garçom está apenas pela metade e com uma água nitidamente imprópria para uso. “Está suja, mas é a única que consegui. Eu fervo cerca de cinco litros por dia, para dar para as crianças beberem, porque com o salário que ganho, não tenho condições de comprar. E assim vamos até o dia em que a prefeitura resolver colocar uma concessionária decente para prestar um serviço de qualidade à população”.
Na segunda etapa do bairro Nova Esperança, a diarista Solange Silva, 30, diz que sofre com a precariedade do abastecimento. Ela conta que a água nunca chega, e quando vem é só durante a madrugada. “Ao invés de chegar do serviço e descansar, eu tenho que ficar vigiando o registro para ver se água chegou. Quando chega é tão fraca que não sobe nem na caixa que fica embaixo, e tenho que ficar enchendo o balde e despejando na caixa”.
MARTÍRIO - Quem não tem bomba para levar a água para a caixa de cima sofre para realizar as tarefas domésticas. “Lavar louça é um martírio, em se tratando de roupas então nem se fale. Tomar banho só de canequinha, é tudo muito sofrido”, diz a diarista. Ainda na região do Coxipó, moradores do bairro Jardim Presidente também passaram o período de festividades sem água em casa. Marineide Francisco dos Santos conta que justamente nessa época do ano tem o costume de receber familiares em sua casa, e só não passou vergonha com a falta d’água, porque instalou um reservatório de 2,7 mil litros na parte baixa de seu quintal. “E ainda assim tive que usar a bomba para conseguir encher a caixa de cima e não ter que ficar dependendo de baldes. A situação é humilhante e injusta para nós moradores que honramos com os pagamentos das contas”.
Marineide diz também que nos últimos meses tem que lavar a roupa durante a madrugada, que é quando o pressão da água chega com mais força. “Já amanheci na beira da máquina de lavar roupas, e se não fosse assim já teria acumulado roupa suja de mais de três meses”.
Em uma situação ainda mais crítica está a dona de casa Maria da Penha Januares da Silva, 50. Para não ficar literalmente no seco, ela aproveitou a chuva do último domingo (04), para encher baldes que estão sendo usados para tomar banho. Com dois reservatórios com capacidade para 1,5 mil litros de água, hoje ela não chega a ter nem 200 litros na reserva. “Esse pouco que tenho aqui, é porque meu marido pagou R$ 50 para um caminhão pipa para abastecer. E já estou desesperada, porque em no máximo mais um dia estaremos sem nada de água novamente”.
Vivendo em uma casa pequena, com o marido, a filha e a neta, Maria da Penha afirma que não é por falta de reclamação que está sem água. Junto a conta do último mês, que inclusive já foi paga, ela tem diversos números de protocolos referentes às reclamações já realizadas via telefone de atendimento ao consumidor da CAB. “Eles sempre dizem que o problema está na ETA Tijucal, e que em breve o serviço voltará a normalidade, mas até hoje nada mudou. Na sexta-feira (02) chegaram a me dizer que enviariam um caminhão pipa para abastecer meus reservatórios. Estou esperando até hoje”.
Outro lado - Por meio de nota, a CAB Cuiabá informou que a ocupação desordenada próximo do rio Coxipó ao longo dos anos vem causando a degradação do manancial de onde a concessionária retira água para a Estação de Tratamento Tijucal, central responsável por abastecer todos os bairros citados na matéria, prejudicando assim, o serviço prestado à população. A concessionária informou ainda, que outro fator que contribui para diminuir a pressão na rede de água e causar desabastecimento são as ligações clandestinas que diariamente são detectadas em vários bairros da cidade.
Com relação a cobrança, a CAB afirmou que esta é feita com base na leitura do hidrômetro. Portanto, se há leitura de que passou água pelo aparelho, é emitida a fatura.
Publicidade
Publicidade
Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
Publicidade
Publicidade
O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.