reduzida a 30% 12.01.2021 | 13h48
jessica@gazetadigital.com.br
Divulgação
Aterros, construção de passagens para a comunidade ribeirinhas e pesca irregular são fatores que estão contribuindo para o desaparecimento da Baía de Chacororé, em Barão de Melgaço (113 km ao Sul de Cuiabá). O fluxo de água é um braço do rio Cuiabá e está localizada no Pantanal de Mato Grosso. Com a interferência humana e sem qualquer proteção dos órgãos competentes, o local pode, literalmente, morrer.
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Uma denúncia feita pelo engenheiro civil e mestre em Ambiente e Desenvolvimento Regional, Rubem Mauro, aponta que há 10 anos os órgãos fiscalizadores, assim como a Prefeitura de Barão e o Estado vêm sendo alertados sobre os danos ambientais registrados na região, mas foram omissos.
De acordo com o engenheiro, a situação no local piorou após a construção de uma estrada que liga o perímetro urbano até o último canal da baía. Ele explica que a via já existia, mas ficava no nível da água. No período chuvoso, ela alagava e as pessoas transitavam por meio de barcos. A nova construção é mais elevada e a água fica represada.
“Aquilo ali está morto. Como a água fica represada, falta oxigênio e os peixes vão para outros locais”, relata o estudioso.
O engenheiro explica que a dinâmica do Pantanal funciona da seguinte forma: a água vem das áreas mais altas e não tem uma caixa de contenção para parar todo o fluxo, então trasborda e alaga toda a planície. Os canais levam a água para a baía e toma conta de área mais vasta.
“Eles fecharam corixos [canais], construíram diques marginais e agora fizeram a estrada que é um verdadeiro dique. Assim a água não chega mais à planície pantaneira. A água entra por trás, por um corixo grande que tem lá e vai aprisionando aquela água podre. Aí não tem vida. Não leva vida. O peixe que entra nesse corixo e vai atrás de oxigênio lá na Baía de Sia Mariana. A Baia de Chacororé deixou de ter vida, é um ambiente morto”, descreve.
Além das interferências do homem, a seca que assolou Mato Grosso em 2020 também propiciou o esvaziamento da baía, que ficou com cerca de 30% do seu espelho d’água. Outro ponto que favorece o dano é ação de pescadores que retiram parte da barragem de pedra para que a água baixe e eles passem a rede onde os animais estão concentrados.
Na avaliação do engenheiro, a única alternativa para reverter o dano é retirar todos os aterros que impedem a água de seguir seu fluxo. Mesmo que não sejam retirados todos de uma vez, que isso seja feito periodicamente para garantir o alagamento do local e que volte a ter sua fauna original. “A Baía de Chacororé hoje é um ambiente morto”.
Judiciário no caso
A repercussão da denúncia de Rubem Mauro chegou ao Poder Judiciário. A presidente do Tribunal de Justiça (TJ), Maria Helena Póvoas, decidiu, nesta terça-feira (12), enviar uma equipe para averiguar a situação da Baía de Chacororé, com levantamento de possíveis ações judiciais em andamento que envolvam a região.
A ação terá a participação do Juizado Volante Ambiental de Cuiabá (Juvam) e da Polícia Militar Ambiental. Ainda não foi divulgada a data da visita.
Outro lado
A Prefeitura de Barão de Melgaço, o Ministério Público Estadual (MPE), Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e o Ministério Público Federal (MPF) foram procurados e não encaminharam resposta sobre a fiscalização realizada e medidas para reverter a situação da baía.
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