LEGADO APAGADO 22.11.2025 | 15h18

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Mariana da Silva
Figuras históricas são lembradas na paisagem urbana de Cuiabá em diferentes formas. Estátuas, ruas, bairros e praças levam nomes como Bandeirantes, Miguel Sutil e Marechal Cândido Rondon. Apesar das grandes referências a pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do estado, personalidades negras, com grande importância histórica, ainda são deixadas de lado, num movimento de apagamento ao legado deixado por estes protagonistas.
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Na quinta-feira (20) foi comemorado o Dia da Consciência Negra, uma iniciativa para resgatar e valorizar a memória dessas personalidades. Ao
, o produtor cultural, idealizador da Rota da Ancestralidade e ativista, Cristóvão Luiz, contextualiza e explica este apagamento.
Com a morte de boa parte dessas pessoas negras simbólicas, muito das histórias dessa população, transmitidas por oratória, foi se perdendo. Nesse contexto, o produtor destaca que nomear os espaços públicos, em homenagem a elas, se torna ainda mais relevante.
“Basta você ir para frente da prefeitura. Você vai encontrar várias e várias personalidades. Você vai ver governadores, prefeitos. Homens desde o século passado, mas não tem mulheres e personalidades negras. Isso é um apagamento. ‘Há mais está contando a história daqueles que fizeram’. Então quer dizer que o meu povo, eles não fizeram nada? Onde que estão essas histórias?”, argumentou o ativista.
Entre as personalidades negras históricas se destaca Geraldo Henrique Costa, pioneiro do movimento negro em Mato Grosso, que surge por volta de 1980 na Igreja do Rosário e Capela de São Benedito. Há ainda o ex-vereador de Cuiabá, Rinaldo Ribeiro de Almeida, cujo Projeto de Lei transformou o Dia da Consciência Negra também um feriado municipal [hoje a data é feriado nacional]. Essas duas figuras, assim como tantas outras, não nomeiam espaços públicos.
Uma das únicas figuras homenageadas está Ana Benedita das Neves, conhecida como Mãe Preta, que representa famílias populares. Ela foi cozinheira, ama de leite, lavandeira. Sua estátua é localizada em uma praça, entre a Prainha e a avenida Mato Grosso, próximo ao Corpo de Bombeiro.
Outro monumento homenageia a figura da Mãe Bonifácia, que, popularmente, é associada a proteção e auxílio à escravizados fugitivos. A escultura foi feita pelo artista plástico Jonas Corrêa, em 2006, e fica no parque que recebe seu nome.
“Você tem várias e várias personalidades que podiam ter nome de rua, de praça, de shopping, viaduto. A pergunta por que esses nomes são só de pessoas que dizem a respeito às famílias tradicionais e brancas se nós (pretos e pardos) somos 50%? Você tem os espaços, o que você não tem é o interesse em contar essas histórias. Vai muito de quem está por trás, quem tem a caneta para fazer” finalizou.
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