elas avançam e desafios são muitos 19.11.2025 | 12h44

maria.klara@gazetadigital.com.br
Sebrae
No Dia do Empreendedorismo Feminino, celebrado nesta quarta-feira (19), um dado expõe a desigualdade ainda presente no ecossistema de negócios no Brasil: mulheres pagam juros mais altos que homens ao buscar crédito para seus empreendimentos. O desafio é enfrentado por elas, mesmo com índice de inadimplência semelhantes à parcela masculina.
Um levantamento do Sebrae Nacional, com base em dados do Banco Central, revelou que, no primeiro trimestre de 2024, enquanto os donos de pequenos negócios pagaram taxa média anual de 36,8% em financiamentos, as empreendedoras arcaram com 40,6%. A disparidade já havia sido confirmada pela Universidade de São Paulo (USP), considerando também os dados do BC, reforçando que a desigualdade não é pontual, mas estrutural.
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A pesquisa, intitulada “O financiamento do empreendedorismo feminino no Brasil: um panorama do mercado de crédito”, mostra ainda que as mulheres são responsáveis por quase 40% das 23,1 milhões de operações de crédito realizadas no período. O índice de inadimplência entre os gêneros é praticamente o mesmo: 7,1% entre empresas comandadas por homens e 7,6% entre negócios liderados por mulheres.
Desigualdade histórica reflete nos algoritmos e no crédito, diz economista
Para o economista e especialista do Sebrae MT, Fábio Apolinario, a explicação para esse cenário passa por fatores históricos, comportamentais e estruturais do mercado financeiro.
“Durante muitos anos, o ambiente empresarial foi dominado por lideranças masculinas. Como o empreendedorismo feminino é relativamente recente, o próprio histórico de negócios geridos por mulheres acaba sendo menor, e isso pesa nas análises de crédito”, explica.
Apolinario afirma que não existe um motivo único que justifique as taxas mais elevadas, mas aponta que desigualdades presentes no mercado de trabalho se refletem nas análises automatizadas de risco: “Mesmo com níveis de inadimplência praticamente iguais, as mulheres pagam um custo maior. Isso mostra que os algoritmos, as práticas e a cultura financeira ainda carregam esse viés.”
Segundo ele, o estudo mais recente do Sebrae indica que as mulheres chegam a pagar cerca de 7% mais de juros ao ano que os homens, diferença suficiente para dificultar expansão e sustentabilidade dos negócios femininos.
Além do crédito, Fábio relembra outros obstáculos: a dupla jornada, a sobrecarga com tarefas familiares, a legislação complexa e o preconceito ainda existente em parte do ambiente corporativo.
A desigualdade no acesso ao crédito não significa falta de capacidade, e a trajetória da empreendedora cuiabana Jackeline Amorim é prova disso. Atualmente no ramo de mídias digitais, ela já trabalhou como confeiteira, vendedora de roupas e revendedora. “Comecei a empreender aos 6 anos. Minha mãe sempre foi empreendedora e eu vendia na escola os produtos dela. Depois virei revendedora de catálogo e nunca mais parei”, conta.
Jackeline afirma que nunca pensou em desistir, apenas em mudar de rota. “Não sei trabalhar em regime CLT. Me sinto perdendo meu tempo. Eu gosto mesmo é de criar meu próprio caminho”, diz.
Ela detalha que além dos desafios financeiros, familiares e pessoais, outro grande obstáculo é a união entre as mulheres.
“Vejo que as mulheres nem sempre são unidas. Mas isso tem mudado. Tenho encontrado mulheres incríveis que me ajudam e que eu faço questão de ajudar também. Se você não encontrar uma mulher que te leve ao topo, seja você essa mulher", frisa.
O Dia do Empreendedorismo Feminino celebra conquistas, mas também evidencia desafios. As mulheres já representam uma parcela expressiva dos pequenos negócios no país, e seus empreendimentos tendem a ter gestão eficiente, boa organização e forte capacidade de liderança.
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