Filha do Vento; primeira obra de Pacha Ana mostra força da ancestralidade

“Ao vento, que me sopra e me leva longe. Às 7 vezes que fui atendida. À imensidão. A nós!”

Com esta dedicatória, Pacha Ana chama os apreciadores de palavras para conhecerem “Filha do Vento”, primeiro livro da autora, com lançamento na sexta-feira (24), no Museu de Imagem e Som (MISC) a partir das 18h.

Em celebração aos 10 anos que a artista se encontrou dentro do Candomblé e, desde então, ganha proporções maiores de sua mensagem ancestral e amor aos seus Orixás - o livro, que segue uma linha do tempo emocional e associada às forças da natureza, conta com 79 poesias, entre elas, Entendi o recado, A dor, Presente, Pertencer é humano, Nem sempre fui forte, Eu admito e Chorar.

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Pacha Ana menciona que apesar de sempre ter feito poesia, o lançamento da primeira obra é um marco em sua carreira.

A autora ainda revela que não é comum que mulheres negras publiquem em Mato Grosso, mas nos últimos anos, o trabalho de novas autoras tem sido mais frequente. “Eu sentia que a publicação de um livro era um projeto muito distante de mim, sempre achei que não fosse para mim. Hoje tenho a consciência de que sempre foi porque nós precisamos contar nossa própria história”, reforça.

A obra conta com ilustrações da artista plástica Paty Wolff, o texto de orelha da Cacau Guimarães, a direção de arte do Ahgave e a publicação da editora Litteralux.

No dia de seu lançamento com a noite de autógrafos, além de intervenções artísticas com discotecagem e recitação de poesia, haverá uma feira de artesanatos e um varal de poesia. Apreciadores de poesia podem adquirir o livro na data ou comprar através das redes sociais de Pacha Ana.

O livro conta com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura — Paulo Gustavo, através da Secretaria Municipal de Cultura de Cuiabá.

Sobre a autora

Pacha Ana nasceu no ventre do vento, em Rondonópolis, Mato Grosso, onde as palavras a encontraram cedo. A música, a poesia, o teatro – tudo em sua essência se misturava, formando uma artista que desenha caminhos com a voz e a presença.

Em 2018, tornou-se a primeira mulher de seu estado a gravar um disco de rap, “Omo Oyá", uma obra que ecoa a força dos ventos e das suas raízes. Seu espetáculo, “Faces: A Poesia Negra Em Mim, Em Nós", rodopiou o país em 2019, reverberando a força da negritude em cada apresentação. Suas criações já viajaram além-mar, participando de antologias e coletâneas no Brasil e na França.

Em "Filha do Vento", Pacha Ana revela as histórias guardadas em suas raízes, tecendo um diálogo profundo entre ancestralidade e arte.