em busca da cidade perdida 16.02.2025 | 16h00

redacao@gazetadigital.com.br
Reprodução
Há pouco mais de 100 anos, em meados de janeiro de 1925, o coronel Percy Fawcett, explorador e arqueólogo britânico, comprou um chapéu Stetson. Ele mantinha o hábito de sempre adquirir o mesmo objeto, da mesma marca, antes de uma nova expedição. Alguns dias depois, ele embarcaria, na companhia de seu filho, Jack Fawcett, 21, e o melhor amigo deste, Raleigh Rimell, para sua última excursão. O destino era o Brasil, mais especificamente a Serra do Roncador, no interior de Mato Grosso, onde acreditava existir uma cidade perdida, a qual batizou de "Z".
Naquele mesmo mês, o coronel arrumou as malas, se despediu da esposa, Nina Paterson, e do filho mais novo, Brian Fawcett, e embarcou no navio, com Jack e Raleigh, rumo ao litoral do Rio de Janeiro.
Fawcett já era um explorador experiente. Sua primeira experiência na América do Sul remonta à 1906, quando desenvolveu um trabalho para a Royal Geographical Society (Sociedade Geográfica Real). Ele veio ao Brasil para demarcar as fronteiras entre o país tupiniquim e a Bolívia.
Em 1920, Fawcett já havia viajado para a Amazônia brasileira, em busca da tal civilização perdida. Ele acabou desistindo antes do previsto depois de ser obrigado a matar seu cavalo e ficar sem mantimentos. A busca pela "cidade Z" ficou adiada por 5 anos.
Depois de encontros com o embaixador inglês no Brasil, John Tilley, e com o ministro da Agricultura do governo Artur Bernardes, Miguel Calmon, Fawcett e seus dois acompanhantes desembarcaram em Cuiabá, capital mato-grossense, no dia 4 de março de 1925.
Essa relação de Fawcett com a elite política brasileira da época não era inédita. Ainda em 1920, por exemplo, ele se reuniu com o presidente Epitácio Pessoa e com o Marechal Cândido Rondon.
O encontro com Rondon, inclusive, foi tumultuado. O marechal mato-grossense não gostava da ideia de expedições lideradas por estrangeiros no Brasil.
De acordo com cartas do coronel, ele teria partido de Cuiabá no dia 20 de abril de 1925, para o que seria sua última expedição. O último registro de Fawcett é do dia 29 de maio daquele mesmo ano, quando enviou uma carta para a esposa. "Você não precisa temer nenhum fracasso", foram suas últimas palavras para a cônjuge.
Depois disso, nunca mais se ouviu falar em Percy, Jack ou Raleigh. Acredita-se que os 3 tenham sido mortos por alguma tribo indígena ou por alguma condição da selva, como ataques de animais ou doenças. Alguns acreditam, contudo, que Fawcett encontrou a tal “cidade perdida”, onde teria vivido mais alguns anos liderando uma civilização desconhecida.
Antes de embarcar para o Brasil, o coronel pediu que, caso não retornasse, nenhuma expedição à sua procura fosse feita. O pedido, contudo, foi ignorado, e diversas excursões chegaram à região em busca de Fawcett e dos dois jovens acompanhantes.
Nina, esposa do explorador, morreu aos 83 anos, em 1954, certa de que o marido ainda estava vivo.
Ossos no Xingu
Uma das expedições em busca de Fawcett aconteceu em 1952. O sertanista Orlando Villas Bôas, em contato com índios kalapalo, ouviu que eles teriam matado o coronel e seus acompanhantes. O corpo do explorador britânico estaria em uma cova, na região do Xingu.
Lá, restos mortais foram encontrados. Depois de exames antropométricos, os resultados indicaram que a ossada correspondia a um homem muito mais baixo do que Fawcett era.
Villas Bôas, contudo, morreu com a convicção de que se tratavam dos ossos do explorador.
Mais expedição
O jornalista Hermes Leal refez, em 1996, boa parte do trajeto de Fawcett no interior mato-grossense. Ele estudou todo o material que se tinha sobre o explorador britânico e percorreu milhares de quilômetros de trilha em sua busca, além de mirar na tal “cidade perdida”.
“A ideia de fazer a expedição do Fawcett tinha muito a ver com investigar alguma pista que a gente pudesse achar sobre o desaparecimento dele. A expedição foi muito baseada nas cartas e no diário dele”, afirmou o jornalista ao
.
Durante a expedição, Hermes chegou a ser sequestrado por indígenas no Xingu, mesma região em que muitos acreditam que Fawcett teria morrido.
A aventura deu origem ao livro “O Enigma do Coronel Fawcett” (1996).
Serra do Roncador
A Serra do Roncador é uma cadeia montanhosa localizada nos municípios de Barra do Garças e Nova Xavantina. Ela é conhecida pela sua beleza natural e biodiversidade, mas também por diversas lendas e mistérios.
Turistas do mundo inteiro procuram a serra por conta de místicas envolvendo a região, como a própria história do coronel Fawcett. Além disso, o local é destino para muitos que procuram conexões espirituais e profundas com a natureza.
O ativista ambiental Mauro Ferreira da Silva, conhecido como Maurinho, é proprietário do Park Portais do Roncador, que faz trilhas e fornece hospedagem para turistas na Serra do Roncador. Ele explica que a trilha pelo Roncador abrange a importância biológica da região, a contemplação da paisagem e o misticismo.
“Meu turismo é voltado para o místico e o científico. Quando se fala no Fawcett, é o místico. Tudo que diz respeito ao Roncador, nessa questão de lendas e misticismo, foca na história do coronel Fawcett”, contou ao
.
Maurinho ainda manifestou o interesse em concretizar um sonho antigo de construir uma estátua de Percy Fawcett e um museu com sua história no local.
Legado para a cultura
A história de Percy Fawcett não terminou em 1925, com seu desaparecimento. Os mistérios e a história inquieta do explorador motivaram diversas pesquisas e investigações durante o último século.
Acredita-se que Indiana Jones, personagem eternizado por Harrison Ford, foi inspirado na história de Fawcett.
O livro "Z - A cidade perdida", de David Grann, ficou na lista de "best-sellers" (os livros mais vendidos) do jornal The New York Times.
Os direitos cinematográficos do filme foram comprados por Brad Pitt que, em 2016, produziu um longa-metragem, homônimo do livro, dirigido por James Gray e estrelado por Charlie Hunnam, Robert Pattinson, Tom Holland e Sienna Miller.
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