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sem recursos e investimentos 22.03.2025 | 11h15

Museu de História Natural corre risco de fechar as portas

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Géssica Biazus

Géssica Biazus

Espaço de história, cultura, conhecimento e lazer, o Museu de História Natural de Mato Grosso Casa Dom Aquino corre o risco de fechar as portas. De acordo com a administração do espaço, que é realizada pelo Instituto Ecoss (Instituto de Ecossistemas e Populações Tradicionais) em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado (Secel-MT), o local passou por demissões de servidores, suspensão de oficinas e atividades, corte da manutenção da cantina e está com orçamento comprometido.

 

A arqueóloga e gestora do museu, Suzana Hirooka, esclarece que a gestão é compartilhada com a Secretaria de Cultura do Estado há mais de 20 anos. No entanto, a questão dos atrasos nos repasses financeiros e questões contratuais sempre foi complicada, independente de gestores e secretários que já passaram pela pasta.

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“Esse espaço aqui que antigamente era conhecido como Casa do Aquino. Ele era um espaço ocupado por famílias de sem tetos e hoje ele é um museu que abriga milhares de peças arqueológicas e paleontológicas. Só que o Estado, ele não tem uma atenção que deveria dar para um para um local de tanta importância. Isso já vem a muito tempo”, explica.

 

Suzana diz que os repasses estão constantemente atrasados e os contratos são pouco sólidos, ou seja, é recorrente que sejam prorrogados por um curto espaço de tempo, como foi feito no último dia 17 deste mês. A previsão era de que o museu fechasse as portas neste sábado (22), último dia do contrato vigente, no entanto de última hora, foi firmado um aditivo, mas somente até o mês de julho deste ano.

 

Conforme o novo aditivo estabelecido, pelos próximos três meses o espaço terá somente R$ 220 mil reais para pagar todas as despesas. Devido ao valor ser considerado insuficiente para arcar com os gastos, medidas drásticas tiveram de ser tomadas: funcionários foram demitidos, os que permaneceram tiveram seus turnos de trabalho reduzidos, a cantina do local foi fechada e as dezenas de oficinas e atividades culturais e recreativas foram suspensas por tempo indeterminado.

 

“Eles esperam até o último momento, aí fazem um aditivo, a gente ganhou prazo, agora o valor vai vir semana que vem ou depois. Eles sempre deixam vencer e a gente vive isso há muito tempo. O aditivo já tá vigente, senão a gente teria que sair, porque nós estaríamos aqui de forma ilegal, mas o valor vai ser feito ainda. [...] Esse valor até julho é uma coisa irrisória. Tivemos que enxugar a equipe, diminuir salário, diminuir turnos e horas trabalhadas. E a gente não pode ficar sem higienizar e sem a segurança”, expõe.

Dessa forma, o instituto busca a publicação de um edital para seguir na manutenção do acervo com itens de paleontologia e arqueologia do Estado.

 

Para Suzana e outros servidores do museu que restaram, trabalhar e fazer a manutenção do espaço diante das atuais condições tem sido viver momentos de incerteza. “É bastante desgastante. A equipe se diluiu. Ficou aqui o pessoal mais antigo, que tem ligação tanto emocional como profissional com tudo que tem aqui. A gente segura com a força do espírito, mas não tem como ficar sem recursos financeiros”, disse.

 

O tradicional Encontro Indigena, evento que reúne anualmente dezenas de povos originários do Estado de Mato Grosso no museu, também pode estar com os dias contados e não ocorrer em 2025.

 

“Nós iríamos realizar o 12º encontro indígena esse ano e a gente não tem recursos, os indígenas estão nos procurando. Em todos os quatro cantos do Mato Grosso, os indígenas estão esperando esse momento. A gente fica com o coração na mão de dizer que não vai ter. Eu ainda não tive coragem de dizer que não vai ter”, lamenta.

 

Suzana tem esperança que o museu receba alguma emenda parlamentar ou que a Secel-MT firme um contrato mais sólido para melhorar administrar o local.

 

“Aqui dentro do museu nós temos a história dos antepassados e antepassados de 10.000 anos, temos animais extintos aqui de 20.000 anos, de milhões de anos. A gente tem aqui nossa ancestralidade e quando se valoriza o passado, temos um futuro melhor. O museu é um espaço que é um espaço de conhecimento. A solução é valorizar mais. Está na hora do governo olhar os museus com uma atenção especial. A riqueza não é só soja, só algodão. A riqueza também é a história, os materiais arqueológicos, paleontológicos, o conhecimento”, defende.

 

Procurada pela reportagem do , a Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT) se manifestou por meio de nota a impresa. De acordo com a pasta, será publicado um novo edital de chamamento público para uma nova gestão do museu. 

A Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) informa que os recursos disponibilizados para o Museu de História Natural de Mato Grosso estão definidos em contrato e que não houve qualquer diminuição dos valores. A prorrogação do contrato foi necessária para garantir a continuidade dos serviços prestados até a publicação do novo edital de chamamento público para nova gestão do equipamento cultural. 

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Comentários

Beiçola - 22/03/2025

Mauro Mendes gosta de escavar terra pra retirar ouro, não resto arqueológico. Qto mais o povo ficar arigó, mas domínio ele exercerá sobre os ignorantes

1 comentários

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