Selic passou de 2% ao ano 27.07.2022 | 15h25
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A taxa média de juros cobrados pelos bancos no crédito livre passou de 37,4% ao ano, em março, para 38,1% ao ano, em abril, informa o BC (Banco Central) nesta quarta-feira (27). Essa é a maior taxa desde abril de 2019, três anos anos atrás, quando o valor foi de 38,3% ao ano. Em março de 2022, o juro médio anual estava em 37,4%.
No crédito livre não estão incluídas as operações de financiamentos habitacional, rural e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
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De março para abril, os juros para empresas e famílias ficaram 0,8 ponto percentual mais altos em relação a março. Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 49,5% para 50,3% ao ano, enquanto para as pessoas jurídicas, ela foi de 21,6% para 22,4% ao ano, neste período. Em fevereiro, os valores eram 48,1% e 21,5%, respectivamente.
O encarecimento do crédito se deve ao aumento da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central, como forma de controlar a inflação no país. A Selic passou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para 13,25% ao ano, em junho de 2022, atingindo seu maior patamar em mais de cinco anos.
O BC começou a atualizar nesta quarta suas estatísticas de crédito, com os dados de março e abril, após o fim da greve dos servidores, no início do mês. Por isso, as informações ainda estão defasadas, já que, neste momento, deveriam estar disponíveis as estatísticas até junho.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a expectativa é que os dados do quinto e do sexto mês sejam publicados em agosto.
Entre as principais linhas de crédito livre para pessoas físicas, o cheque especial é um dos destaques. A taxa passou de 127,8% para 132,7% ao ano, de março para abril, alta de 4,9 pontos percentuais.
Desde 2018, os bancos oferecem a possibilidade de parcelamento das dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação de 8% ao mês aos juros do cheque especial (151,82% ao ano).
Além desse limite do juro, os dados atuais refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. Os números passaram a considerar que alguns bancos só cobram juros no cheque especial depois de dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Essa mudança fez com que o nível do juro, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.
Nas operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 359,1% ao ano, em março, para 364% ao ano, em abril, maior taxa desde agosto de 2017 (428% ao ano), resultado de uma elevação de 4,9 pontos percentuais.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando não tem condições de arcar com o valor total da fatura na data do vencimento, e paga apenas uma parte, para não ficar inadimplente. O "empréstimo" dura 30 dias e, após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.
Especialistas alertam que, por ser a linha de crédito mais cara do mercado, ela deve ser evitada, usada somente em um momento de emergência. Na modalidade de parcelamento das compras pelo cartão de crédito, os juros chegaram a 175,1% ao ano em abril, com aumento de 3,4 pontos percentuais em relação ao mês anterior.
Ainda na apresentação desta quarta, o Banco Central mostrou que os juros para a aquisição de veículos continuaram em 27,2% ao ano, na passagem de março para abril, aumento frente aos 26,5% ao ano registrados em fevereiro.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas, aquelas com recursos da poupança e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), foi de 26,7% ao ano em março, para 27,7% ao ano, em abril. No quarto mês de 2021, ela estava em 20,4%.
Já o ICC (Indicador de Custo de Crédito) subiu 0,4 ponto porcentual, e foi para 19,9% em abril, ante 19,5% ao ano em março; em fevereiro, era de 19,4%. Esse percentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas naquele mês. Na prática, esse indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
A inadimplência das pessoas físicas teve aumento de 0,1 ponto percentual, chegando a 5%, considerados os atrasos de pagamento acima de 90 dias. No caso das empresas, ela ficou estável em relação a março, em 1,7%.
Todos os dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.
Quanto ao crédito direcionado, empréstimos cujas regras são definidas pelo governo, e que são destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito, os juros para pessoas físicas subiram 0,2 ponto percentual, para 9,7% ao ano. A taxa cobrada das empresas teve aumento maior, subiu 3,1 pontos percentuais, e foi para 14,6% ao ano.
A inadimplência no crédito direcionado ficou estável para empresas, em 1,1%, e também para as pessoas físicas, em 1,5%.
O estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 4,8 trilhões em abril, com alta de 0,8% em relação a março, e de 16,8% em 12 meses. Esse saldo correspondeu a 53,7% de tudo o que o país produz, o PIB (Produto Interno Bruto), com redução de 0,2 ponto percentual em relação a março, e alta de 1,1 ponto percentual em 12 meses.
O BC destaca em seu relatório de estatísticas monetárias e de crédito que o saldo das operações de crédito com recursos livres às empresas totalizou R$ 1,3 trilhão em abril, com elevações de 1% no mês, e de 16,8% em 12 meses.
“Esse resultado evidenciou aceleração em relação ao mês anterior, quando teve alta de 15,7% na comparação interanual. Entre as principais modalidades de crédito que contribuíram para o desempenho do segmento de pessoas jurídicas no mês, destacam-se as operações de ACC (adiantamento de contratos de câmbio), 8,3%, capital de giro com prazo superior a 365 dias, 1,8%, e os financiamentos à exportações, 1,8%”, diz o documento.
No caso do crédito livre às famílias, o saldo chegou a R$ 1,6 trilhão em abril, com aumento de 1,8% no mês e de 25,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. “Por modalidades, destacou-se a expansão na carteira de crédito pessoal consignado para aposentados e pensionistas do INSS, 5,2%, impulsionada pelo aumento recente da margem de consignação [de 35% para 40%]”, explica o BC.
A autarquia destaca, ainda, o aumento das “carteiras de crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público, 1,1%, crédito pessoal não consignado, 1,4%, e de cartão de crédito total, 2%”.
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