Publicidade

Cuiabá, Quinta-feira 18/09/2025

Especial - A | + A

23.05.2015 | 08h59

Jornal celebra Bodas de Prata e segue inovando

Facebook Print google plus

A que você atribui o sucesso do jornal A Gazeta, que chega hoje aos 25 anos?

Dorileo - À nossa linha editorial. Desde quando inauguramos o jornal procuramos fazer um jornal extremamente democrático, de muita liberdade de expressão. Aqui não há policiamento com a notícia. A gente procurou fazer aquilo que o leitor espera de nós, que é transparência, a imparcialidade, tratar as coisas da forma mais correta possível. É verdade que a gente erra, e quem não erra? Qual ser humano que não erra? Mas nós sempre tivemos nossas atenções voltadas ao leitor, sempre querendo interpretar aquilo que o leitor espera de nós enquanto veículo de comunicação, defensor de liberdade e defensor da sociedade como um todo.

E como é discutida a linha editorial? Como o leitor percebe essa linha editorial?

Dorileo - O veículo por si só recebe as demandas no dia a dia da sociedade como um todo, especialmente as pessoas que têm menos acesso ao poder para defendê-las. A gente tem esse feeling e nós temos que ter essa sensibilidade no nosso dia a dia, de interpretar essas carências, de compreender essas necessidades e ao mesmo tempo ter uma avaliação crítica do nosso comportamento editorial e jornalístico para definir o nosso rumo e por onde seguir. Das discussões internas eu não participo na redação diariamente, mas eu sei que elas são discutidas com editores e com a direção da redação. Eu procuro sempre ter um respeito hierárquico dentro da redação. Quem me conhece sabe que há 25 anos eu nunca fui à redação para dar uma ordem, para chamar a atenção de qualquer colaborador. Eu sempre tratei as questões das que eu não gosto ou das que eu gosto com o diretor de redação. A ele sim eu digo o que penso, o que achei. Eu critico, eu elogio. Porque eu acho que é a forma mais correta e respeitosa de ter essa relação com todos. A única coisa que interfiro é no sentido de contribuir. Se eu tenho conhecimento de uma pauta boa, ou de um assunto, eu procuro repassar para os editores de área. Mas observar a linha editorial, como se comportou o jornal naquele dia eu procuro sempre tratar com o diretor de redação. Eu acho que essa construção de respeito e de liberdade que a gente tem no dia a dia com a redação é que faz com que A Gazeta seja um jornal muito forte e admirado inclusive pelos profissionais de comunicação e respeitado pelos profissionais concorrentes, que veem como a forma correta de conduzir. E se está dando certo é porque é bom.

Depois do jornal vieram outros meios de comunicação, como as rádios, emissora de televisão e o portal. Diante disso, você se sente um empresário realizado na área de comunicação?

Dorileo - Eu sempre digo que Deus me deu mais do que mereço. Mas eu sou não só realizado, sou muito feliz por tudo que a gente já fez, mas muito mais feliz porque é um trabalho reconhecido pela sociedade. Não é fácil você liderar um Ibope há 25 anos com mais de 80%. Isso não acontece em lugar nenhum do Brasil com tanta frequência. Não é fácil você ter uma rádio FM em Cuiabá há 15 anos líder. Não é fácil você ter a CBN (na frequência AM), como a única rádio segmentada de informação no estado de Mato Grosso. Hoje as opções mais fáceis e baratas são aquelas de entregar uma rádio para uma igreja evangélica em que você fatura alto e recebe quase sem custo nenhum. Por outro lado você não emprega ninguém, não abre espaço de trabalho. É verdade que você ter a CBN tem muita qualidade, mas você também tem uma dificuldade publicitária no mercado pela cultura que tem de não anunciar. Mas eu sou um defensor do rádio que cumpra com seu objetivo que é informar, prestar serviço, fazer jornalismo. Eu persigo isso, quero fazer o contrário daquilo que vi no passado quando eu atuava como profissional. E eu tenho procurado fazer assim. Quando eu frequentei a redação como profissional, o tratamento comigo e meus colegas era um, eu não quero que seja em A Gazeta o mesmo tratamento que eu recebi lá atrás, embora eu tenha aprendido muito com isso. Sou feliz porque tenho dado passos importantes e que são reconhecidos pela classe de profissionais e pelo que é mais importante, a sociedade, que é o ouvinte, o telespectador. É levar a nossa televisão como defensora das camadas mais humildes, aquelas que mais precisam do poder público e estão desamparadas. Elas veem na Gazeta um instrumento de coragem e de defesa dos seus interesses. Isso para nós é muito recompensador. Eu sempre persigo o lado bom e aquilo que sempre se aproxima das expectativas das pessoas. Me considero uma pessoa muito realizada por ter passado por todas as etapas, pois eu fui repórter, eu escrevi, vendi propaganda, fui diretor comercial até chegar aonde cheguei. E não perdi as minhas origens, eu continuo sendo o mesmo Dorileo que alguém conheceu em 1976 quando eu comecei.

Com o surgimento da TV a audiência do rádio ficou ameaçada e com o fortalecimento da internet, o mesmo se disse sobre o jornal impresso. Como você analisa essa linha de pensamento, já que o Grupo Gazeta mantém rádios, emissora de televisão, portal e o jornal impresso. Há ameaça a algum desses meios? E o profissinal multimídia?

Dorileo - É preciso estar muito atento à essa evolução que tem acontecido de ano para ano, da máquina de escrever para o computador e assim por diante. É natural e compreensível existir um marketing de que a internet vai acabar com tudo. Surgiu o site, disseram que iria acabar com o impresso; surgiu a televisão, disseram que iria acabar com o rádio. É um marketing normal daquilo que está surgindo. Mas eu acho que todos os veículos vão continuar tendo sua importância, vão continuar sendo muito fortes nos seus segmentos. Acredito muito que as coisas serão mais segmentadas a partir de agora. Vou citar um exemplo: a rádio FM que se propõe a tocar música vai ter um segmento forte de entretenimento e que pode inserir o jornalismo também na sua programação. A rádio AM, que está se extinguindo por conta das dificuldades no Brasil todo, está migrando para a FM. Eu vou preservar o rádio notícia, mesmo na FM, vou preservar o jornalismo. Vou ganhar em qualidade por ter um som digital da qual não dispomos hoje, mas ainda assim se pratica o jornalismo com muita qualidade ali. É verdade que a internet e os sites impuseram dificuldades ao impresso, porque o impresso demanda tempo, é no dia seguinte, tem que circular, sair de Cuiabá para chegar em Alta Floresta à tarde, enquanto que a pessoa pode acessar a notícia pela manhã.

A velocidade é muito alta. Mas já estamos lendo que no mundo o impresso começou a recuperar uma parte do espaço perdido, porque com a não regulamentação da questão da internet, ninguém sabe quando a notícia é verdadeira, é séria, quando é correta e quando não é. Apesar da instantaneidade e da velocidade, as pessoas estão duvidando se a notícia é verdadeira. Hoje criam páginas falsas. E o impresso não. Hoje ele é sinônimo de qualidade, você pega o jornal, coloca debaixo do braço e passa daqui um mês, dois meses, um ano, cinco anos,10 anos e está documentado que escreveu. Ali tem o nome do jornalista, tem o endereço e o telefone, tem todas as informações que dão credibilidade àquilo que está no impresso. Então as pessoas começam a fazer esse divisor de águas. 

Eu continuo achando que, no caso do Grupo Gazeta, o impresso é disparadamente o veículo mais forte. Eu sinto isso, porque se você coloca uma nota em A Gazeta a repercussão que tem no dia seguinte é imensa. Eu penso que cada um vai ter o seu espaço, sabendo fazer bem feito cada veículo não terá problema de convivência. E nós temos adotado um trabalho de interatividade, de unir os nossos veículos e torná-los fortes. Nós somos um só, temos que ser multimídia, o profissional tem que ser multimídia. No mercado não cabe mais, não é uma vontade de A Gazeta, do Dorileo, é uma necessidade do profissional porque senão ele vai diminuir o campo de trabalho. Hoje os grandes grupos do país só contratam nessas condições. É uma realidade que o mercado passa a viver e a gente está conseguindo já ir trabalhando nesse sentido.

Quais seriam os obstáculos para um veículo de comunicação para se manter no mercado, especialmente o jornal impresso?

Dorileo - O mercado tem se restringido muito em Cuiabá. O ideal seria que tivéssemos concorrentes fortes, bem posicionados, pois isso obrigaria todos a uma competição forte, haveria um mercado de trabalho muito maior e todos estariam elaborando um produto de melhor qualidade devido à competição. Os desafios são sempre os mesmos. Não podemos perder de vista que o leitor é o nosso grande patrão. Devemos olhar sempre isso, com respeito a quem consome nossos produtos. Esse é o desafio permanente. Fora isso tenho visto na atualidade que, infelizmente hoje, não estão investindo na área de impresso de forma a competir com A Gazeta. Seria muito bom que todos estivessem num patamar crescente. O mercado de trabalho estaria melhor, empregaria mais gente, estaríamos muito mais antenados do que acomodados, porque os outros não estão muito interessados em competir e disputar mercado. Pelo menos é o que eu sinto..

Ao longo dos 25 anos, o jornal construiu, estreitou e fortaleceu a relação com o leitor e a comunidade. Existe uma fórmula para isso?

Dorileo - Tem. Credibilidade. Ninguém se mantém na posição por tanto tempo, tantos anos consecutivos se não tiver credibilidade. O leitor te abandona, esquece. Ele é crítico, é observador, é detalhista e todos os dias recebemos as críticas do erro, do artigo, da notícia. Ele é mais observador que nós. Ele adotou aquele produto como aquilo que faz parte do dia a dia dele, se sente um pouco o dono do jornal, porque acredita naquilo que está ali. Ele concebe a informação como orientação de vida dele. Se a gente critica alguém ele acredita. É como a nossa televisão, uma pessoa desesperada no hospital, sem atendimento, ela diz que vai chamar A Gazeta. Isso é credibilidade. A pessoa sabe que se chamar A Gazeta vai resolver, o cidadão assume esse papel e isso é gratificante pra nós. Ninguém consegue liderar por tanto tempo sem credibilidade, se perdê-la está fadado ao fracasso.

A Gazeta hoje tem uma estrutura e um parque gráfico que concorre com grandes veículos nacionais. Como você avalia esse potencial e capacidade de concorrência?

Dorileo - Nós sempre procuramos investir no jornal para dar ao nosso leitor, que é nosso objetivo maior, um produto bem acabado, de qualidade, moderno, editorialmente muito bem feito. São muitos os cuidados, porque não envolve só o texto do repórter, o trabalho do editor, a orientação da direção. Não adianta ter um belíssimo texto e não ter a qualidade de acabamento para apresentá-lo ao leitor. Nós já tivemos outras impressoras, evoluímos, compramos aquilo que tinha de melhor no mercado e que atende por um longo período o mercado crescente de Mato Grosso. Trouxemos uma rotativa de alta produtividade que roda de 40 a 45 mil exemplares por hora, com muita qualidade visual e por isso estamos muito bem preparados tecnicamente e nunca descuidamos disso. Enquanto nossa concorrência descuida muito e a qualidade cai, nós procuramos manter e até aumentar a qualidade em respeito ao leitor. E isso reflete diretamente na credibilidade que envolve a qualidade do texto, a boa edição, a coragem de tratar alguns assuntos. Mas é também gráfica, a boa impressão, o horário de entrega do jornal. É um conjunto de fatores que garante essa credibilidade. Quem assina e compra A Gazeta é porque acredita em A Gazeta, porque ele chega na hora, o jornal não solta tinta na mão. Hoje a Gazeta é o único jornal com essa rotativa, essa qualidade em Cuiabá e um dos poucos jornais do país. Uma qualidade técnica que nos dá orgulho.

Você esteve em todos os lados na comunicação, sendo repórter, diretor comercial e agora está nesse patamar. E mesmo com tantos anos e com um Grupo de Comunicação crescendo sentimos entusiasmo enquanto você fala de A Gazeta. Isso é um diferencial na sua maneira de ser?

Dorileo - Eu costumo dizer o seguinte: algumas coisas só acontecem na sua vida se você tiver entusiasmo, vontade, o tempo todo. O dia que eu perder a vontade eu saio de A Gazeta, encontramos um sucesso para assumir. Eu sou um cobrador 24 horas de mim mesmo. As pessoas podem não acreditar, mas às vezes eu acordo durante a noite, lembro de alguma coisa que eu vi e que é importante, eu anoto para não esquecer que no dia seguinte tenho que tratar disso. Eu sou uma pessoa zelosa, que participa, estou todos os dias aqui na Gazeta, o ano inteiro, sacrifico muito até minha vida pessoal por causa da Gazeta. Até chego a brincar dizendo que ofendam a mim e não a Gazeta, porque mexer com a Gazeta é me chamar pra briga. A minha dedicação também passa para as pessoas, o comprometimento. Tenho relacionamento com todo mundo e a porta da minha sala está sempre aberta, e isso até contagia as pessoas. Nunca fui um grande jornalista, um grande radialista. Trabalhei em todas as rádios de Cuiabá, fui repórter da TV Centro América, da TV Brasil Oeste, escrevi nos jornais Diário de Mato Grosso, no jornal do Dia, fui editor de área de Esportes, diretor comercial, vendedor de propaganda e sempre que alguém vem dar uma desculpa para alguma falha eu digo que essa eu já conheço. Mas sou extremamente correto, cumpro compromissos, a palavra. Sou transparente. Se posso posso, se não posso não posso. Procuro dar a resposta imediatamente, ser correto, franco e transparente, o que facilita até no bom relacionamento com as pessoas.

O que o leitor pode esperar de A Gazeta para os próximos anos?

Dorileo - Eu estou sendo até meio repetitivo e fico com medo de ferir a credibilidade. Mas eu tenho alguns sonhos ainda. Se for para acomodar com o que está, estamos caminhando para parar, eu no caso. Mas eu gostaria muito de colocar aqui em Cuiabá um segundo jornal, de linha mais popular, que é uma tendência e os grandes jornais hoje fazem isso, atendem uma outra camada de leitores, contribuem muito levando informação para essas pessoas que não têm hábito de leitura, mas com um valor mais acessível. É um projeto de consolidação do grupo na área do impresso. Tenho um sonho de fazer uma revista, mas uma revista de qualidade que contemple todas as áreas de Mato Grosso, mas que fortaleça muito aquilo que a gente tem como vocação que é a área da economia, do agronegócio, mas sem deixar de falar de outras coisas como política, cidades, cultura, tudo. É outra contribuição que o grupo pode dar e que está dentro do nosso negócio. Vamos investir e fortalecer o nosso site que é uma necessidade, embora já seja um site muito forte, precisamos cuidar melhor dele. A partir desse ano teremos uma rede de rádio, porque nós temos FM em Barra do Garças, em Alta Floresta em Primavera do Leste. Estou concluindo uma negociação com a rádio Cultura e talvez a gente adquira a rádio. Será mais uma FM em Cuiabá e a gente tem como fazer um outro segmento de notícia e estabelecer um jornalismo em rede. Temos que continuar investindo, continuar empregando, trazendo pessoas pra junto da gente e mostrar que somos capazes. Eu poderia muito bem parar mas não quero. Pra você ter uma ideia, eu trouxe todos os meus colegas da vida toda. Alguns até já se foram. Fui colega, funcionário de pessoas que hoje estão ou estiveram trabalhando conosco. Nossa convivência é de amigo e não de patrão, exceto nos momentos em que é preciso aparecer a figura do chefe. Outro dia sonhei que estava inaugurando um jornal no VLT, sendo distribuído no VLT, esse modal que vai transportar 400 pessoas por veículo. É uma grande sacada.

 

Voltar Imprimir

Publicidade

Comentários

Enquete

O ano de 2000, além da virada do milênio, marcou a votação totalmente eletrônica no Brasil, contudo ainda há quem queira a volta da cédula impressa. Você prefere qual?

Parcial

Publicidade

Edição digital

Quarta-feira, 17/09/2025

imagem
imagem
imagem
imagem
imagem
imagem
btn-4

Indicadores

Milho Disponível R$ 66,90 0,75%

Algodão R$ 164,95 1,41%

Boi à vista R$ 285,25 0,14%

Soja Disponível R$ 153,20 1,06%

Publicidade

Classi fácil
btn-loja-virtual

Publicidade

Mais lidas

O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.

Copyright© 2022 - Gazeta Digital - Todos os direitos reservados Logo Trinix Internet

É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.