Transposição do rio São Francisco

Rio São Francisco uma das joias hídricas genuinamente brasileira precisa urgentemente ser recuperada, para não ser brevemente exterminada pela pressão antrópica que anualmente se avoluma em suas margens. Secularmente essa dádiva de Deus que irriga quatro estados brasileiros na região mais árida do país insiste em continuar existindo, porém sem a merecida atenção dos gestores públicos.

A transposição deste rio prevê a irrigação da região do semiárido nordestino. Embora com muitos pontos polêmicos o projeto tem como base o fato de ser uma obra cara e que, supostamente, abrangeria apenas 5% do território e 0,3% da população do semiárido brasileiro, em virtude de que afetaria intrinsicamente o ecossistema da bacia do rio, que por sua vez drena uma área de 651.000 km 2, da região nordeste do país.

Este poderoso rio nasce na Serra da Canastra no estado de Minas Gerais, serpenteando pelos estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, desaguando no Oceano atlântico. Em sua calha comporta cinco usinas hidrelétricas de extrema importância para o país. Ademais tem uma extensão de 1.371 km navegável. Da nascente até sua desembocadura no Oceano Atlântico tem uma extensão de 2.814 km. É realmente uma joia brasileira.

Aguardado ansiosamente pela população humana da região que há séculos amarga secas intermináveis. A transposição do velho chico como é carinhosamente chamado pelo povo nordestino,vislumbra a redenção dessa brava gente que vive na região mais árida do Brasil.

Idealizada em projeto no primeiro império datado de 1847, a polêmica obra, infelizmente continua rendendo malfeitos nos dias atuais estagnado por longo período e ressuscitado em 2007, com muita festa local e regional por políticos e demagogos de plantão.O projeto de transposição do Rio São Francisco veio a baila, no entanto até hoje 04/07/2014, o que se vê na região é uma quilométrica passarela mais parecendo uma colcha de retalho na qual costura-se um pedaço aqui e outro ali...

Ao passar pela vias públicas que serpenteiam os estado nordestinos pode-se mirar um conjunto de canais desconectados, dutos enferrujados com ferros retorcidos e estações elevatórias que mais parece fantasmas de concreto. Nas margens da BR-316, no km 439 distante de Recife,no município de Floresta, por exemplo, duas gigantescas colunas erguidas no ambiente servem de suporte para nada.

Outro ponto a ser questionado é a não recuperação e recomposição das margens do leito do rio que são modificados e expandidos em demais canais, nesse ambiente não há um metro sequer de recuperação ou recuperação com espécies vegetais nativa ou autóctone, silvestre, selvagem para garantir a sustentabilidade do leito original do rio e seus futuros canais, por onde irá fruir a água pretendida.

Ignorar a urgência em iniciar a recuperação da atual situação em que o rio São Francisco se encontra contribuir de maneira decisiva para sua irreversível destruição. Ou faz agora ou adeus São Francisco.

Romildo Gonçalves é Biólogo, Mestre e doutorando em Agric. Tropical pela universidade Federal de Mato Grosso, UFMT.