veja como ajudar 13.12.2025 | 07h20

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João Vieira
O que sustenta uma mulher quando tudo ao redor parece ruir? No bairro Terra Prometida, em Cuiabá, a resposta está no amor e dedicação de Rosenil Araújo de Souza, 49, ao neto Cristhofer Cauã, 13, que cria como filho desde que ele foi abandonado aos 3 meses de vida. Portador de hipotireoidismo congênito e paralisia, o menino depende de cuidados especiais e de atenção integral, cuidados que a avó/mãe jamais hesitou em oferecer. Há mais de uma década, ela carrega sozinha a responsabilidade que o destino lhe impôs, tornando-se o amparo que Cristhofer não encontrou em mais ninguém.
"Ele é meu, minha alegria, meu motivo de seguir, mesmo com tantos desafios", afirma ela, ao se recordar do momento em que, ao lado do filho, que já faleceu e é pai de Cristhofer, decidiu assumir por completo a criação do bebê. "A mãe dele não liga para ele, não quis ele, deixou ele sozinho, sem roupa, abandonado em uma vala", relembra, ainda com dor. Hoje, Rosenil afirma que é o neto quem lhe dá forças para continuar lutando, apesar das inúmeras necessidades que ele tem e das dificuldades que ela enfrenta para garantir todo o suporte de que ele precisa.
Na pequena casa de 3 cômodos que conseguiu erguer com a ajuda da família, no Terra Prometida, vivem apenas os dois. O espaço é simples, marcado por improvisos, mas também pelo esforço diário. No momento em que a reportagem de A Gazeta chegou na casa, Rosenil estava trocando o neto e colocando a última fralda que tinha naquele dia. Cristhofer quase não se comunica verbalmente, mas transborda uma felicidade com a avó/mãe, num vínculo que dispensa palavras. "Ele entende tudo e eu entendo ele. É nosso jeito", conta sorrindo e ajeitando o menino com uma naturalidade que só quem vive o cuidado integral conhece.
O isolamento também pesa. Sem marido, sem o filho que lhe ajudava e sem rede de apoio consistente, ela vive praticamente dedicada aos cuidados de Cristhofer. Ainda assim, não reclama. "O que eu queria era só mais facilidade para cuidar dele. Ele merece conforto, merece uma vida melhor".
As tarefas se repetem sem descanso: alimentar, dar banho, trocar, posicionar, medicar, estimular, vigiar. Nunca há pausa e não existe quem possa substituí-la.
Necessidades
Com tanto amor e dedicação, não sobra tempo para que possa trabalhar e garantir uma renda melhor para a família, que sobrevive apenas com o auxílio de Cristhofer, que está há mais de meses suspenso, e de doações. "Eles cortaram o auxílio porque marcaram uma data para ele passar pela perícia, mas como ele tinha quebrado meu celular, eu não vi a mensagem", explica.
Agora, ela corre contra o tempo e as burocracias para conseguir restabelecer o auxílio quanto antes. Com R$ 1.500, ela relata que a conta nunca fecha. "São fraldas, medicamentos, alimentação e no fim a gente sempre precisa de ajuda".
Cristhofer toma três medicamentos: Puran 75mg, Neuleptil e Depakene. A aposentadoria é pequena e não cobre todas as despesas. Muitas vezes, ela precisa escolher entre comprar fraldas ou comprar comida.
O adolescente ainda precisa de fisioterapia, consultas constantes e acompanhamento multiprofissional, mas Rosenil não consegue manter tudo em dia. "Faço o que dou conta. O que não dou, peço a Deus para não desandar".
No dia da reportagem, Rosenil abre a geladeira e revela o cenário que tenta enfrentar todos os dias: prateleiras vazias, quase nada além do essencial para sobreviver. Na panela que deveria ter comida, apenas gelo. Naquela manhã, o café havia sido só algumas bolachinhas divididas entre ela e Cristhofer, acompanhadas de água. "É o que tinha", comenta, sem drama, mas com a resignação de quem já se acostumou a fazer o pouco durar mais do que deveria.
O almoço já estava pronto quando a equipe chegou: arroz, feijão e um resto de polenta que havia sobrado do dia anterior. É o que ela conseguiu garantir com as doações que recebeu. "Já tem um tempinho que não comemos carne e ele gosta muito".
Segundo ela, Cristhofer pede carne o dia inteiro, mas têm dias em que não há nada para comer, quem dirá carne. Nesses dias, muitas vezes, o socorro vem da irmã, que trabalha, mas também vive muitas dificuldades. "Quando não tem mesmo, ela divide o que tem e o que já é pouco, mas me socorre".
Sonho
Nesse Natal seu maior sonho é poder garantir ao filho alimentação adequada, farta e a carne que ele tanto gosta. "O que eu mais desejo é poder dar a ele tudo que ele quer comer, leite, frutas, pão, carne, verduras, enfim, garantir uma boa alimentação".
Além disso, ela lembra também que precisa de fraldas e medicação, essenciais para o bem-estar do adolescente. "Não consigo comprar fralda suficiente, é caro, e as que compro muitas vezes não seguram muito bem o xixi".
Na casa simples, outro sonho de Rosenil é o de poder cercar o local, assim Cristhofer poderá ter mais liberdade. "Não posso deixar ele sair porque ele foge. Então, preciso cercar aqui primeiro, daí coloco um portão e ele pode ficar mais à vontade".
Para ajudar
Quem quiser ajudar Rosenil e Cristhofer pode entrar em contato com ela pelo telefone (65) 99339-5319. "Toda ajuda é bem vinda", afirma ela.
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