Empresário diz que prefeitura fez compra excessiva de remédios que venceram

Proprietário da Norge Pharma, o empresário Dirceu Luís Pedroso Júnior avaliou que a compra excessiva de medicamentos resultou no vencimento de vários remédios que deveriam ser distribuídos as redes de unidade básicas da capital. O gestor foi terceiro a prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Medicamentos, da Câmara de Vereadores, na tarde de sexta-feira (28).

Dirceu foi ouvido de forma remota sob a alegação de fazer parte do grupo de risco. "Eu acho que foi uma compra excessiva do que seria utilizado, mas isso a investigação vai apurar os fatos. Nenhum desses medicamentos que venceram deram entrada na nossa gestão, eu não tenho como evitar um vencimento do produto que já estava lá quando eu entrei. Alguns itens venceram durante a gestão da Norge Pharm, mas muitos itens já estavam lá", disse.

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Na tentativa de blindar a imagem da Norge Pharm, Dirceu disse que emitiu vários alertas à Secretaria Municipal de Saúde para comunicar o vencimento de remédios que estavam perto do prazo de validade. Durante a fiscalização, vereadores da oposição encontraram medicamentos vencidos há vários meses.

"Fizemos a emissão de relatórios, consumo médio e temos todas as informações que ficam disponíveis para os credenciados da Secretaria Municipal de Saúde. Nós alertamos quanto ao vencimento e temos como comprovar esse alerta porque está documentado.Muitas deles o consumo caiu por conta da pandemia", enfatizou.

Dirceu é responsável pela empresa contratada para fazer a gestão, operação e logística no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC). O contrato de R$ 9,7 milhões foi celebrado em janeiro de 2020 após um procedimento licitatório.

"O contrato inicial previa que fosse contratado todos os atendentes de farmácia que operariam dentro dos hospitais, dentro do próprio CDMIC. Na necessidade de redução, fizemos alterações contratuais para reduzir o valor do contrato. Com isso, também reduzimos o número de servidores para atender as necessidades do município", narrou.

Polêmica
Ao responder aos questionamentos dos parlamentares, Dirceu também reclamou da falta de repasses por parte da Prefeitura de Cuiabá e dos desgastes que a CPI tem gerado a empresa. De acordo com o empresário, o município não faz pagamentos para a empresa há 4 meses.

"Temos custo operacional, risco financeiro, principalmente quando se trabalha no setor público, dificilmente você consegue receber em dia. Você corre risco, assim como eu estou correndo agora. Essa situação que está acontecendo com pré-julgamentos eu posso amanhecer com a suspensão do recebimento de contrato. Se isso acontecer, eu com recebimento em atraso, começo a procurar emprego", ponderou.

Polígrafo
Durante a sabatina, os vereadores da oposição afirmaram que os questionamentos não ficaram claros. O primeiro embate ocorreu quando a vereadora Edna Sampio (PT) fez perguntou sobre as responsabilidades prevista no contrato.
"Eu não estou satisfeito, a testemunha apresentou informações inconsistentes em relação ao que prevê o contrato da Norge Pharm com a Secretaria de Saúde", disse.

Irritado, o vereador Dilemário Alencar duvidou das respostas dadas pelo empresário e pediu um polígrafo, aparelho que funciona como um detector de mentiras. "Na minha avaliação está mais do que comprovado que venceu na gestão da NorgePharm. O senhor recebeu mais de R$ 11 milhões e vários medicamentos venceram na gestão da empresa. Mesmo assim o senhor diz que não tem nada haver com isso? Está faltando com a verdade, vou pedir que traga um polígrafo", disse.