DEU EM A GAZETA 29.09.2025 | 06h54
pablo@gazetadigital.com.br
JOãO VIEIRA
Presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), Max Russi (PSB), considerado político promissor de Mato Grosso, afirma que sua meta é fortalecer o seu grupo político em 2026, e que a atuação eleitoral está focada em eleger até 6 deputados estaduais, pelo Podemos, sua futura sigla a partir de março do ano que vem.
Max também cobra o governador Mauro Mendes (União) para que conclua as obras do BRT, que, segundo ele, envergonha toda a sociedade. Outra preocupação do parlamentar é com a situação do Portão do Inferno, em Chapada dos Guimarães. Em entrevista exclusiva ao jornal A Gazeta, Russi afirmou que pretende realizar concurso público no Legislativo.
Veja os principais trechos.
A Gazeta - Deputado, o senhor está completando 8 meses à frente da Assembleia Legislativa (ALMT). Qual é a avaliação nesses primeiros meses de gestão?
Max Russi - Eu acho que falar em mudança é meio relativo porque eu fazia parte da gestão [passada]. Então, a Assembleia Legislativa, basicamente, é tocada pelo presidente e pelo primeiro-secretário, que é o ordenador das despesas, é quem faz a administração das contas e o presidente cuida das pautas institucionais e que vão para votação. Então, se teve uma grande mudança brusca, eu diria que não. Agora eu tenho procurado manter o gabinete aberto e levado as pautas importantes de Mato Grosso para dentro da Assembleia. Estamos trabalhando e procurando solução, fizemos isso na questão da moratória da soja, onde a Assembleia Legislativa e aí todos os seus deputados se posicionaram de forma muito firme, fomos para Brasília, tivemos êxito, não completo ainda, mas tivemos um avanço. A mesma coisa no ICMS da energia solar da população, que estava cobrando o retroativo, a gente conseguiu uma decisão judicial através de uma ação proposta pela nossa procuradoria. Trabalhamos forte a questão para o novo Hospital Central e da oportunidade do Albert Einstein trabalhar com um hospital em Cuiabá. O Free Shop em Cáceres, enfim, várias pautas importantes do estado de Mato Grosso passaram pela Assembleia e a gente tem procurado deixar a Casa bem acessível para que a população possa nos procurar e ter uma resposta por parte dos deputados.
A Gazeta - E do ponto de vista orçamentário, já que nos últimos anos a Assembleia tem devolvido recursos do duodécimo para o governo do Estado. Já há nesses primeiros meses uma economicidade, a Assembleia vai devolver recursos para o governo neste ano?
Max - A Assembleia tem optado agora em não pegar todo o orçamento que é de direito. Então, se você for pegar o orçamento da Assembleia de direito, chega próximo de R$ 1,5 bilhão. Então, estamos abrindo mão disso, pegando só aquilo que realmente tem usado na estrutura para manter os seus funcionários, os deputados, fazer as audiências públicas, ir nos municípios, fazer as visitas, fazer o trabalho, que é em torno de R$ 800 milhões. E vai ser essa condição que nós vamos fazer em 2025, abrindo mão já no orçamento para que o governo possa durante o ano alocar esses recursos em outras áreas.
A Gazeta - E em relação aos servidores da Assembleia? Sempre existem demandas que vão desde a RGA, como também a reivindicação de melhorar estrutura e planos de carreiras. Será possível atender às demandas dos servidores do Legislativo?
Max - Tenho escutado bastante os servidores e analisando as pautas deles, e a gente vai trabalhar alguns avanços. E temos algumas ideias, como o desejo de realizar um concurso público também. Existe a necessidade dentro da Assembleia Legislativa. São algumas pautas que ainda a gente está trabalhando, fazendo a discussão com a categoria, escutando as demandas para que a gente possa fazer os encaminhamentos que venham a atender os nossos servidores. Na totalidade nem sempre é possível, mas que possamos avançar nessa pauta que para mim é uma pauta importante do servidor público.
A Gazeta - Tem prazo para o concurso?
Max - Existe uma necessidade de algumas funções e alguns cargos que já existem. E,com a aposentadoria de muitos servidores, a ideia é trabalhar a proposição de um concurso público para que a gente possa suprir essas e demandas de servidores que estão aposentando. Já está em fase de estudo, mas já pedimos para colocar isso na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentária] deste ano para que a gente possa ter a possibilidade. Eu acho que ano que vem é um ano de eleição, é um ano mais difícil, mas a gente quer dar encaminhamento, e, se puder ser antes ou depois das eleições, vamos estar realizando o concurso público.
A Gazeta - O senhor nos últimos meses tem demonstrado uma preocupação muito grande com a obra do BRT. Como a Assembleia pode fazer de maneira efetiva para que essa seja concluída em um cronograma real?
Max - Essa é uma obra que me preocupa bastante e é uma obra que nos envergonha até certo ponto. Por que me envergonha? Porque é uma obra que já tem mais de 10 anos para ser concluída. Era para a Copa de 2014. Gastou-se mais de R$ 1 bilhão no modal do VLT e esse dinheiro foi para o ralo. Dinheiro meu, seu, de quem tá nos lendo. Então por que se pagou o seu financiamento e não se teve entrega da obra? É triste isso. Ai mudou-se o modal para a BRT, a gente viu uma empresa que veio aqui, fez a proposta de um RDC, que ela ia fazer o projeto e tudo, e no final não realizou. E fizemos novamente, foi dada uma nova oportunidade e eu inclusive falei para dividirmos em lotes para pegar várias empresas, e foi feito, e a gente não vê a obra avançando e as empresas não cumprindo o seu cronograma, não cumprindo o prazo. Então, enquanto Assembleia Legislativa, nós só temos que cobrar do governo e nós estamos cobrando que execute a empresa, que aplique multas, que mude de empresa se possível, e que penalize. Porque se o governo não fizer nada, eu mesmo vou dizer que o governo tá sendo conivente e complacente com essas empresas. O governo não está cumprindo com a sua obrigação. Porque se a gente não tem como obrigar uma empresa a fazer uma obra, e isso acontece bastante, as empresas ganham licitação, às vezes não têm capacidade de fazer, às vezes abaixam muito o preço e ficam com as obras paradas. Agora a gente não pode deixar de multar essas empresas pelo dano causado à população. E o transporte é algo que aflige todo mundo. Enfim, acho que o governador tem duas obras próximas que precisam ser resolvidas. É o BRT concluído, e é o Portão do Inferno, que também tem causado transtorno, prejuízo à Chapada dos Guimarães.
A Gazeta - Então a Assembleia só pode mesmo cobrar o governador. E se não avançar essas obras a população também só poderá ficar na base da reclamação?
Max - E nós temos que dar razão para a população. Eu como cidadão, eu concordo com esse sentimento da população. Agora, A assembleia deu o voto de confiança, apoiou, e quer que a obra seja entregue. Nós precisamos investir em mobilidade para a nossa capital. Agora, a Assembleia Legislativa fica amarrada. Vai lá buscar o financiamento a Assembleia aprova, muda-se o modal, a Assembleia aprova, ou seja, a Assembleia está sendo parceira. E será que podemos aprovar alguma lei para punir todos os envolvidos? Nós já temos legislação, já temos instrumentos. O Estado precisa agir. O Estado precisa atuar. É isso que nós estamos cobrando. E qual é o instrumento que o parlamento tem que fazer? É isso que nós estamos trabalhando. É de cobrança. Nós estamos cobrando através da mídia. Eu cobrei pessoalmente, conversando com o governador. Falei dessa preocupação pessoalmente para ele. Então, a gente fica um tanto quanto amarrado nesse ponto. O que eu posso dizer? Se não for executado no prazo, se passar muito do prazo e se a Sinfra [Secretaria de Estado de Infraestrutura] não tomar providência, eles vão ser omissos, negligentes.
A Gazeta - Ano que vem é de eleição. E o senhor demonstra uma força política nos últimos anos. Conseguiu fazer o PSB eleger 4 deputados estaduais. No ano passado elegeu vários prefeitos e vereadores. Em 2026, o senhor tem pretensões para disputar uma majoritária?
Max - Existem possibilidades. E quem está na política tem que estar preparado para disputar qualquer eleição. Mas o projeto do deputado Max hoje? É de deputado estadual. É o trabalho que tenho feito. Hoje, nesse momento, eu nem estou pensando na eleição, basicamente. Eu estou pensando em ser um bom presidente da Assembleia. Qualquer construção que eu queira fazer passa por eu conduzir bem o parlamento estadual. E quando eu assumo as missões, eu procuro me dedicar ao máximo para entregar o resultado. E agora como presidente eu não quero ser diferente, eu quero passar pela presidência, porque nós todos estamos de passagem, principalmente na política, para deixar um bom legado, uma boa marca. Consequentemente fazendo o meu mandato como presidente da Assembleia dá condição, capilaridade para que eu possa pleitear outros cargos, sonhar com outros cargos. Dizer que eu não sonho com outros projetos, claro que eu sonho. Eu acho que quem está na política, não pode fazer a política somente para uma carreira, vou ser vereador por 10 vezes e vou ficar ali. Não, você tem que pensar que você pode no Executivo entregar mais, fazer mais, você tem um projeto, se você entra na política para fazer a diferença na vida das pessoas, então quanto maior o cargo que você tiver, mais força e mais condição você tem para fazer.
A Gazeta - O governador Mauro Mendes (União) afirmou nesta semana que se o Jayme Campos (União) quiser, ele poderá fazer dobradinha na disputa ao Senado e com o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) ao governo. Qual sua opinião dessa possível chapa?
Max - Eu acho que essa é a vontade do Mauro. Não quer dizer que seja a vontade de todos que estão apoiando o Mauro. Entendeu? Acho que o Jayme é um bom candidato, não sei se o Jayme quer isso mesmo. Eu já vi o Jayme falando que quer disputar o governo. Então, falta os candidatos definirem. Talvez, o Mauro já fez a chapa ideal dele. Não sei se ele falou quem vai ser o vice, mas dizem que o vice pode ser o Fábio Garcia. O Cidinho, o primeiro suplente do Mauro. Talvez na condução do Mauro, essa seja a melhor chapa. Não sei se é de todo grupo, porque nem todo mundo vai bater palma para a construção sem ser conversado. Todo mundo vai querer participar. Cada um com a sua força. O Jayme tem falado muito disso. Não deixa eu de fora que eu vou brigar. E onde vai colocar a Margareth Buzetti (PP) na composição? Eu vi que a Margareth foi para o PP, dentro da Federação, é uma senadora também com mandato. Ela vai ter a oportunidade de colocar seu nome ou vai ser deputada federal? São várias indagações ainda. Agora o Mauro tem todo o direito de defender a chapa. O governo é bem avaliado, o governo está forte.
A Gazeta - Então o Max Russi quer ser ouvido?
Max - O Max está muito tranquilo, quer fazer uma boa chapa de deputado estadual e uma boa chapa de federal. Estou apenas dando a minha opinião, olhando de fora. A minha opinião pessoal. Eu vou cuidar da minha casa, digamos assim. Se acharem importante em algum momento, a gente participar de alguma discussão, eu vou estar à disposição. A força política minha foi mostrada nas últimas eleições e tenho certeza que no ano que vem novamente a gente vai ter uma boa performance, porque a chapa de deputado estadual do Podemos é uma das melhores.
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