investigação 20.06.2025 | 16h12
Fellipe Sampaio/STF
O nome do auditor-fiscal Marco Aurélio da Silva Canal, exonerado da Receita Federal na semana passada, reaparece com força em investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre o uso indevido da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para fins políticos.
Canal, que ganhou notoriedade por acessar ilegalmente dados fiscais do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e por envolvimento em um esquema de extorsão vinculado à Lava Jato, teria sido protegido diretamente por Alexandre Ramagem, ex-diretor da agência e atual deputado federal.
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A demissão foi formalizada por portaria do Ministério da Fazenda, assinada pelo ministro Fernando Haddad. O texto cita que Canal se valeu do cargo público para obter benefícios pessoais, o que motivou sua exclusão e o afastamento do serviço público federal por oito anos.
Segundo a PF, Ramagem tentou desacreditar a Operação Armadeira II, deflagrada em 2020, que teve Canal entre os alvos. A operação tinha o propósito de desarticular possível organização criminosa que tinha por finalidade suposta prática de concussão, corrupção e lavagem de dinheiro.
Em mensagens enviadas a um grupo de policiais federais chamado “Intelig”, Ramagem tratou a operação como “ação de marketing” de servidores do núcleo investigativo ESCOR07 (Escritório da Corregedoria da Receita Federal no Rio de Janeiro).
Dois dias após a ofensiva, Ramagem, com o policial federal Marcelo Bormevet e o militar Giancarlo Rodrigues, determinou que subordinados realizassem buscas clandestinas sobre auditores ligados à apuração de desvios no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Essas investigações, ilegais, atingiram auditores como Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homem da Silva e José Pereira de Barros Neto. A coleta de informações foi feita no sistema Cintepol da PF por um agente identificado como Carlos Magno, a mando de Ramagem.
Reunião de Bolsonaro no Planalto
O relatório da PF também detalha uma reunião realizada em 25 de agosto de 2020, no Palácio do Planalto, com a presença de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, Ramagem e as advogadas de Flávio Bolsonaro.
Na conversa — gravada em áudio — as defensoras denunciaram a existência de uma “organização criminosa” na Receita Federal, acusada de perseguir adversários políticos. O então presidente reagiu mencionando um informante, cuja identidade estaria ligada ao auditor Antônio Sebastião Marsiglia.
O nome citado seria Carlos Alberto Pereira Leonel Marsiglia, irmão do auditor e suposto repassador de informações.
“Quem passa as informações para mim é um coronel do Exército. Devia ter trocado pelo serviço secreto russo”, disse Bolsonaro durante a reunião. Em seguida, Augusto Heleno mencionou: “Magela, Magela”, tentando lembrar o nome do contato.
Nos dispositivos eletrônicos apreendidos de Ramagem, a PF encontrou a petição referida pelas advogadas na reunião e um arquivo com anotações intitulado “Bom dia Presidente.docx”.
Críticas à operação da PF
O documento continha comentários contrários às investigações da Operação Armadeira e menções diretas a Marco Aurélio Canal, em tom de defesa.
O relatório aponta que os ataques à Receita Federal tinham como foco neutralizar ações fiscais que ameaçavam o entorno da família presidencial.
Canal, nesse contexto, aparece como elo entre estruturas da Receita e uma rede de espionagem montada para interferir em investigações. O auditor já respondia a acusações por envolvimento em uma trama que utilizava dados fiscais para extorquir pessoas e empresas em conluio com setores da Lava Jato.
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