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01.02.2004 | 03h00

João Araújo, o dono do som

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Ele fundou a maior usina de trilhas sonoras do País e já se vão quase quatro décadas. Nada entra na trilha de uma novela sem o aval de João Araújo, o "homem do carro de som" da Rede Globo, presidente da gravadora Som Livre.

Araújo chegou à Globo em 1969 com a experiência de ter sido homem-forte nas antigas Odeon e Phonogram. Inicialmente, "recolheu" no mercado artistas recém dispensados por outras gravadoras, como Luiz Melodia e Macalé (que vinham da Phogram), Novos Baianos (saídos da RGE e Continental), Alceu Valença (dispensado pela Continental) e outros mais improváveis, como Gerson Conrad (ex-Secos e Molhados, que não fora aproveitado pela Phonogram após o fim do grupo).

De lá para cá, Araújo continuou ditando o que os noveleiros de plantão assobiam de noite, depois que sobem os créditos. Essa onipotência sonora teve bons momentos, como a trilha de O Bem Amado, composta por Toquinho e Vinícius, que trouxe pérolas como "Meu Pai Oxalá", música do personagem Zelão das Asas (Milton Gonçalves). Mas Araújo também deu seus vários bolas-fora, como contratar novatos sem jeito para a coisa, como Lulo Scroback, de quem lançou Modernidade (após o sucesso com Cazas de Cazuza).

João Araújo foi visionário, quando lançou pela Som Livre em 1983, o disco O Grande Circo Místico, com a valsa "Beatriz", cantada por Milton Nascimento, além de Tim Maia, Zizi Possi e Jane Duboc. Também tentou emplacar os subprodutos genéticos do reality show Fama, e foi pouco feliz (um dos discos chegou a vender 100 mil cópias).

- A Som Livre tem essa capacidade de ressuscitar artistas em baixa num determinado momento no Brasil, como foi o caso recente de Rod Stewart...

- É, ele estava fora de circuito há muito tempo. Teve casos assim: a Sony, a Universal e outras gravadoras lançavam um artista classe A e o disco não vendia mais do que 7 mil, 10 mil cópias. Tempos depois, a gente punha uma música na trilha da novela e, três meses depois, o disco vendia 250 mil cópias. Mas eu não tenho artistas. A Xuxa é a única artista contratada da Som Livre. Apenas alugo fonogramas de terceiros. São músicas pinçadas de trabalhos já lançados.

- E esse trabalho de pinçar artistas, quem faz?

- Eu tenho produtores. Eu mesmo fiz esse trabalho durante 15 anos, mas depois descansei. Quem aprova sou eu, mas o trabalho de selecionar é feito pelos produtores. Não posso mais ficar 12 horas por dia ouvindo música, tenho outros afazeres importantes.

- A Som Livre também arrisca, às vezes, lançando gente como Lulo, Ana Carolina e mesmo Adriana Calcanhoto em trilhas.

- Claro, há uma dose de risco. A margem é grande, às vezes o retorno é prejuízo. Uma de nossas maiores ousadias, recentemente, foi a trilha sonora da novela Mulheres Apaixonadas. Pela primeira vez na vida, lançamos uma trilha dupla, nacional e internacional. Ficamos muitos dias torcendo para saber o que ia dar. O pessoal de vendas ficou meio receoso, mas no final vendemos 1 milhão e 400 mil discos.

- É possível ainda hoje essas vendagens de mais de um milhão de discos?

- Hoje em dia isso acabou, não tem mais. A pirataria representa agora 50% do mercado. O ano passado foi um ano excepcional, se não tivesse a pirataria teria sido o maior ano de todos os tempos. Tentamos encontrar meios alternativos. Fomos a primeira gravadora a ter uma loja virtual na internet, a Somlivre.com. Na rede, a inadimplência, a devolução, esses itens todos te dão algum prejuízo, mas a gente vende bem, com cartão de crédito e depósito bancário. No início, houve uma desconfiança do sistema, mas agora está deslanchando. Nos primeiros anos, só 20% das vendas era no cartão de crédito. Agora, chegam a 62%.

- Agora tem um dado curioso: o sr. é o pai do cantor Cazuza, e muitas novelas tiveram músicas dele na trilha. O sr. mesmo as escolhia?

- Não só músicas nas trilhas, mas também um tema, Brasil, na novela Vale Tudo. Eu não o escolhi, me considerava impedido para isso. Fui contra contratá-lo. Quem forçou a barra para a Som Livre fazer isso foram dois produtores que tínhamos aqui, o Ezequiel Neves e o Guto Graça Melo. Eles apostaram tudo no Cazuza. (J.M./AE)

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