Publicidade

Cuiabá, Sexta-feira 12/09/2025

Jair Donato - A | + A

22.09.2015 | 00h00

Por que as pessoas não mudam?

Facebook Print google plus

O sofrimento do indivíduo deriva muito das escolhas que ele faz. Nem sempre são escolhas no sentido de movimentar-se, fazer algo novo ou diferente. É quando o sujeito opta por ficar na mesmice dos ciclos viciosos. Ele reclama, fala,repete, sofre, e nada faz para mudar. O ato de não optar já é uma escolha. E não fazer nada é talvez a pior escolha, pois desencadeia sempre em estagnação.
O ser humano possui uma tendência de ligar a mudança sempre a algo prazeroso, o que nem sempre é veraz. É quando ele se recusa a empenhar-se ou se esforçar em prol daquilo que às vezes é doído, mas é o que causa transformação. Desejar a mudança, mas recusar-se a sair da zona de conforto, mesmo que ela implique em sofrimento, é fantasia. Há quem perde relacionamentos significativos e novas oportunidades pelo fato de continuar agindo do jeito que sempre agiu.
Afinal, por que as pessoas não mudam? É simples. Por que elas não querem. Mesmo que o ato de querer seja um processo que não se passa unicamente pelo estado consciente, não deixa de ser evento cuja responsabilidade é do próprio sujeito. Não é coerente culpar a outrem pelo fato de alguém não mudar a si próprio.
Dentre os vários tipos de comportamentos há os que se destacam. Um deles está na expressão de quem se posiciona como vítima do destino, lamuria e culpa os demais ou mesmo as situações extrínsecas pela mesmice em que vive ou pela mediocridade que se estabelece. Há também o pseudo entusiasta, que se abarrota de conhecimento, entretanto se sabota o tempo inteiro. Investe sempre na pessoa e na situação que o leva ao fracasso e rejeita o que possa lhe fazer crescer. É o indivíduo que se apresenta como disposto à mudança, mas continua inflexível por dentro. É um falso sabedor, pois teoriza tudo e pouco faz.O excesso de conhecimento adquirido só o atrapalha porque tudo fica no âmbito da informação e não gera interpretação que provoque mudanças.É quando a intelectualidade isolada se resulta em entrave, da mesma forma que a ignorância e o apego.
Conta-se que um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém, ele tinha o faro aguçado, sentiu o cheiro de comida e foi até um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso percebeu que o local estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou uma enorme panela de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Mas, enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da tina. Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra si mesmo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o próprio corpo e mais alto ainda rugia. Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. Ele tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela. E o imenso corpo que possuía mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.
Analogamente, é assim que age o indivíduo quando se atém a um comportamento ou hábito nocivo a si mesmo, e insiste nisso. Pode ser um relacionamento tóxico, hábitos que se resultam em fracasso e uma infinidade de situações do gênero. Afinal, o que você mantém preso a si e não mudou até hoje? Isso pode ser uma pulsão de morte, algo nocivo que o impede de ser bem-sucedido.Morre lentamente aquele que segura uma tina de vícios que ferem a ele mesmo.O que impede você de soltar sua tina?
Há situações tão sabotadoras que o indivíduo chega a afirmar que as reconhece, promete agir de outro modo, mas brota um impulso tamanho a ponto dele continuar repetindo os mesmos movimentos do passado, sem nada fazer por si,seja por orgulho, presunção ou vaidade. Enfim, mudança é movimento de gente grande. Toda transformação é um evento que gera deformação.
Por fim, se destacam de maneira autêntica aqueles que se sobrepujam às situações difíceis pelo fato de se tornarem causas para a mudança a partir dos eventos que lhes ocorrem. A principal característica desse tipo de comportamento está em assumir responsabilidades e agir de outros modos. São os que ouvem mais, se sensibilizam de fato, recebem e internalizam os feedbacks que a vida oferece a eles. Quem age assim muda, estabelece foco e se move a qualquer custo. É quem se liberta daquilo que o impede de crescer. É o que se desacorrenta e não se prende ao que queima o próprio ser. Mudar é uma escolha.

Jair Donato é jornalista em Cuiabá, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: jair@domnato.com.br

Voltar Imprimir

Publicidade

Comentários

Enquete

Está em pauta no STF o pagamento de até 6 meses de pensão pelo INSS a vítimas de violência doméstica afastadas do trabalho. Você concorda com a medida?

Parcial

Publicidade

Edição digital

Sexta-feira, 12/09/2025

imagem
imagem
imagem
imagem
imagem
imagem
btn-4

Indicadores

Milho Disponível R$ 66,90 0,75%

Algodão R$ 164,95 1,41%

Boi à vista R$ 285,25 0,14%

Soja Disponível R$ 153,20 1,06%

Publicidade

Classi fácil
btn-loja-virtual

Publicidade

Mais lidas

O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.

Copyright© 2022 - Gazeta Digital - Todos os direitos reservados Logo Trinix Internet

É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.