24.09.2025 | 15h11
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O Setembro Amarelo nasceu com um propósito claro: prevenir o suicídio e salvar vidas. Mas quando falamos de saúde mental, é fundamental compreender que o suicídio é apenas o ponto final de um longo e doloroso processo de adoecimento emocional. Focar apenas na consequência, deixando de olhar para os sinais que surgem ao longo desse percurso, significa tratar os sintomas sem abordar a causa. Se queremos que o Setembro Amarelo seja realmente eficaz, precisamos ampliar essa discussão e direcionar esforços para a saúde mental como um todo.
O adoecimento emocional não acontece da noite para o dia. Antes que alguém chegue a um estado de exaustão emocional severa, existem inúmeras etapas de sofrimento que poderiam ser prevenidas ou mitigadas com abordagens adequadas e tempestivas. Ansiedade, depressão, esgotamento, isolamento e outras condições psicológicas são sinais claros de que algo não está bem. Trabalhar na promoção da saúde mental e no acolhimento desses problemas desde o início não só reduziria as taxas de suicídio, mas também promoveria uma sociedade mais saudável e conectada emocionalmente.
Isso começa com educação emocional desde cedo. É urgente falar sobre saúde mental nas escolas, ensinar crianças e adolescentes a lidar com as emoções, com as frustrações e a reconhecer sinais de que algo não está certo – não só neles mesmos, mas também em seus colegas. Professores precisam ser capacitados para criar ambientes seguros, onde o diálogo seja bem-vindo e onde nenhuma dor passe despercebida. Em casa, famílias também devem ser conscientizadas sobre a importância do acolhimento e da empatia, fortalecendo vínculos e reduzindo o estigma sobre o sofrimento emocional.
Nas organizações, a saúde mental precisa deixar de ser tratada como um "clichê corporativo" e passar a ser uma prioridade genuína. Aquele laço amarelo preso ao uniforme não basta se os funcionários seguem em ambientes tóxicos, exaustivos e indiferentes à saúde emocional. Empresas precisam revisar práticas que promovem esgotamento, oferecer assistência psicológica, adotar políticas de flexibilização e promover diálogos francos sobre bem-estar emocional.
Outro ponto fundamental é o fortalecimento das políticas públicas de saúde mental. Mais investimento em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), acesso ampliado a tratamentos psicológicos e psiquiátricos pelo SUS e programas comunitários que levem suporte direto às populações mais vulneráveis são indispensáveis. A centralidade do Setembro Amarelo deve estar em ações concretas e contínuas, e não apenas em uma mobilização pontual no calendário.
Mas não basta apenas criar estruturas. É necessário treinar, capacitar e humanizar quem atua no campo da saúde mental. Psicólogos, médicos, educadores e até líderes comunitários precisam compreender que saúde emocional exige um olhar amplo e atento. Acolher alguém em sofrimento não é só ouvir é saber agir de maneira empática, conectada e, muitas vezes, técnica.
Por fim, a campanha precisa mudar seu foco. Suicídio é o “fim da linha”. A verdadeira prevenção começa muito antes, lá no início, quando a dor ainda é pequena, mas já dá sinais de existir. Precisamos usar o Setembro Amarelo não só para falar de suicídio, mas também para promover diálogos sobre saúde mental ao longo de todo o ano. Ansiedade, estresse, depressão, burnout, tudo isso precisa ser levado em conta. Afinal, fortalecer as pessoas emocionalmente e reduzir os fatores de risco ao longo de suas vidas é a prevenção mais poderosa que existe.
O Brasil precisa de uma transformação cultural no modo como enxerga a saúde emocional. Quando a frase “você não está sozinho” deixar de ser apenas um lema de campanha e se tornar uma prática diária, então estaremos no caminho certo. Não é só sobre evitar mortes, mas sobre valorizar a vida. Uma vida que não seja apenas sobrevivência, mas autêntica, digna e cheia de possibilidades.
O potencial do Setembro Amarelo é enorme. Se unirmos esforços para trazer reflexão e ações reais, poderemos criar um movimento que toque vidas profundamente e de maneira duradoura. Não se trata de um mês, mas da construção de uma nova consciência sobre saúde mental que transforme em amor, esperança e vida.
Alan Barros é escritor, comunicador e Palestrante de Saúde Mental, Ativista do Setembro Amarelo, Embaixador Nacional do Janeiro Branco.
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