Cabo diz que juíza e promotor 'montaram história' para grampear Silval

Alan Cosme/Hipernotícias Cabo da PM diz que juíza e promotor 'montaram história' para grampear Silval

Em depoimento prestado nas investigações sobre o esquema de grampos telefônicos ilegais que era operado em Mato Grosso, o cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior, acusou a juíza da 7ª Vara Criminal, Selma Rosane Santos Arruda, e o promotor de Justiça Marco Aurélio de Castro, chefe do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), de criarem uma “estória cobertura” para possibilitar a interceptação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva.

A denúncia foi feita pelo policial durante interrogatório prestado aos delegados Flávio Henrique Stringueta e Ana Cristina Feldner, na última segunda-feira (16), antes da comunicação formal sobre a decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell Marques, que determinou o envio de todos os inquéritos e procedimentos sobre os grampos à Corte Superior.

João Vieira Selma é acusada de criar história para grampear alvos

O documento com as acusações do cabo Gerson foi encaminhado ao desembargador do Tribunal de Justiça, Orlando Perri, então relator do inquérito relativo aos grampos e responsável por encaminhar toda a documentação ao Superior Tribunal de Justiça nesta terça-feira (17).

Conforme Gerson, que está preso desde abril e já é réu numa ação penal e investigado em outro inquérito, o promotor determinou que ele criasse uma estória cobertura para dar início a uma interceptação de pessoas suspeitas de tramar a morte da juíza Selma, entre elas Silval Barbosa e José Riva.

Ainda segundo Gerson, a própria magistrada lhe passou as informações sobre o atentado. No entanto, para “poupá-la” de ser indicada como fonte da informação, teria havido a montagem da história.

"Segundo o interrogado Gerson Correa, a Drª Selma Arruda foi quem lhe passou as informações sobre essa trama, as quais lhe foram levadas por uma assessora de outra vara desta Comarca, cujos suspeitos eram o ex-governador Silval Barbosa e o ex-deputado estadual José Riva; para poupá-la de ser implicada como a fonte da informação, houve a montagem dessa estória cobertura com o conhecimento dela", diz trecho do depoimento.

Otmar de Oliveira Promotor Marco Aurélio Castro

O cabo Gerson está preso desde maio, acusado de ser o responsável por fazer relatórios falsos de grampos militares utilizados por meio da modalidade “barriga de aluguel” e que teria vitimado centenas de pessoas, entre jornalistas, políticos e um desembargador aposentado.

Outro lado – O Gaeco informou, por meio de nota à imprensa, que não conhece o teor do depoimento prestado pelo cabo Gerson, porém repudia qualquer tentativa de envolvimento de promotores de Justiça que integram ou integraram o grupo no “escândalo dos grampos”.

Ressaltou ter “estranhado” o fato de o cabo ter prestado depoimento mesmo após o STJ ter requisitado a investigação. Além disso, destacou que, devido ao caso estar sendo investigado no STJ, o Gaeco se limita a afirmar que o procedimento adotado quanto à proteção da integridade física e da vida da magistrada Selma Arruda “fora cumprido com total respeito à lei”.