denúncia contra magistrados 29.12.2024 | 17h45
redacao@gazetadigital.com.br
João Vieira/Montagem
Seria mais uma sexta-feira normal de trabalho para o advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso, Renato Gomes Nery. Mas tudo mudou logo pela manhã, quando chegou para trabalhar em seu escritório de advocacia na avenida Fernando Correa.
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No dia 5 de julho de 2024, Nery foi morto a tiros na calçada do escritório, por um motociclista que esperava pela chegada do advogado. Foi socorrido com vida ao Hospital Jardim Cuiabá, mas morreu na madrugada do dia 6 de julho.
Câmeras de segurança mostram que autor do crime passou pela avenida Couto Magalhães, em várzea Grande, cerca de 14 minutos após cometer o crime na Capital. Com um programa de fotogrametria, foi possível calcular a estatura do assassino, porém 5 meses após o crime, o assassino não foi encontrado.
Durante as investigações, foi descoberto que 18 dias antes de ser baleado na cabeça, Renato Nery havia acionado a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra um advogado. Ele denunciava irregularidades nas ações referentes a uma disputa judicial de terra com interferência de desembargadores.
O documento protocolado e direcionado à presidente da Ordem, Gisela Cardoso, não ganhou atenção da diretoria, e só voltou à tona após o atentado, quando o documento foi entregue ao delegado responsável pelas investigações.
Na peça, Renato Nery acusava o advogado Antônio João de Carvalho Júnior de agir ilegalmente na disputa judicial por uma terra em Novo São Joaquim (465,2 km ao leste de Cuiabá) em conluio com filhos de desembargadores e magistrados para vencer a causa.
Para ele, Antônio João seria proprietário de um “escritório do crime” por conta da influência que tem perante o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Já no dia 30 de julho, um sargento aposentado da Polícia Militar foi alvo de operação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por suspeita de envolvimento na morte do advogado. Porém, a hipótese logo foi descartada, após o ex-policial comprovar que estava em Guarantã do Norte, onde reside, na data do crime.
No dia 1° de agosto, o desembargador Sebastião de Moraes Filho e o colega João Ferreira Filho foram afastados dos cargos, no âmbito da reclamação do assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro de 2023. A investigação descobriu que Renato Nery fez um pedido de afastamento de Sebastião, apontando falta grave do magistrado em diversos processos que, quando era impedido de julgar casos, manipulava a convocação de magistrados.
No documento, Renato fala em "deslavada conduta, de cara-de-pau do magistrado ao provocar a competência e se agarrar com unhas e dentes em processos". No caso, o comportamento do desembargador Sebastião de Moraes Filho não se ajusta aos deveres do magistrado, pois, a lei taxativamente veda intervenção do juiz em favor da parte.
E a situação se agrava quando o ato ilícito é praticado por meios escusos e reiteradamente, como na hipótese em evidência: em conclusões estapafúrdias, fora do conceito jurídico, antagônicas, uma verdadeira aberração jurídica.
No dia 28 de novembro, os advogados, Antônio João Carvalho Junior, Gaylussac Dantas de Araujo, Agnaldo Bezerra Bonfim e o casal de empresários, Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, foram identificados como os alvos da Operação Office Crime, que investiga a morte de Renato Nery.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão realizados no escritório JB Advocacia e nos condomínios de luxo Florais Cuiabá, Florais dos Lagos, Terra Selvagem e Golf Club foram apreendidos ouros em barra, munições, notebooks e documentos.
Os fatos apurados pela Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) apontam a disputa de terra como a motivação para o homicídio de Renato Nery. O inquérito policial apura os crimes de homicídio qualificado e organização criminosa contra o advogado.
Fato é que mesmo com operações da polícia e a busca pelo autor do crime, após 5 meses da morte do advogado ninguém foi preso e a família cobra por respostas. Familiares que inclusive instalaram diversos banners pela cidade, pedindo por justiça e para que o caso fosse solucionado.
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