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PROIBIÇÃO DE MARMITAS 20.01.2025 | 11h40

'Alimentação é um direito e a rua tem voz', defende Fórum de População de Rua de Cuiabá

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Chico Ferreira

Chico Ferreira

Proibição da distribuição de marmitas em vias públicas e a limitação de espaço para alimentação da população de rua, proposta pelo prefeito Abilio Brunini, se tornou uma preocupação das entidades do Fórum de População de Rua de Cuiabá, que se reuniu nesta segunda-feira (20) para discutir o tema e buscar diálogo com a gestão municipal.

 

“Nada de nós, sem nós. A população de rua não está sozinha, ela tem defesa. A alimentação é um direito. O movimento não foi ouvido, estamos representando essas pessoas e queremos o diálogo. A rua tem voz, tem direitos e queremos falar”, disse Rúbia Cristina, representante do Movimento Nacional de Pessoas em Situação de Rua.

 

Dos 40 anos, Rúbia passou 23 na rua. A grande parte desse período no Beco do Candeeiro. Hoje, ela deixou a estatística de mais de mil pessoas que se encontram pelas ruas da cidade e se tornou uma voz ativa na defesa dos direitos da população. As falas do prefeito chegaram até ela com preocupação.

 

Na última semana, Abilio afirmou que vai proibir a distribuição de marmitas nas ruas da cidade por questões de saúde pública e também em respeito às normas da vigilância sanitária. A ideia do gestor é que a alimentação seja dada em pontos de apoio, fora das ruas, citando a criação de um centro de atendimento, que além da alimentação, também vai garantir serviço social e de saúde na avenida das Torres.

 

“Como uma pessoa vai sair da Rodoviária de Cuiabá e vai para a avenida das Torres, como uma pessoa sai de Várzea Grande e vai para lá? Temos muitos idosos em situação de rua. A alimentação atende também até pessoas com moradias, mas que estão afundadas em dívidas, que não têm dinheiro para comer. Essa doação é essencial, mata a fome”, lembrou.

 

Yuri Ramires

Fórum População de rua

 

 

Políticas públicas para quem?

Segundo Rúbia, a maior dificuldade hoje é lidar com as políticas públicas que não atendem a necessidade da população. “Eles fazem as políticas pensando que estão ajudando, mas não estão. Não nos ouvem. Políticas são criadas em conjunto, com o movimento que tá na rua, com quem está na luta”. 

 

A assistente social Glória Maria ressaltou a importância do diálogo na construção de uma política de assistência. “Existem tantas entidades envolvidas com a causa, acredito que o prefeito pode dialogar e descobrir como é uma política de atenção. Não é dar passagem para voltar para a cidade natal, o problema é mais profundo”, disse.

 

Para ela, a principal preocupação do fórum é com a alimentação. “Ela não serve só para a população de rua. Temos trabalhadores ambulantes que consomem as doações. Temos pessoas desempregadas, então, proibir a distribuição das marmitas é uma falta de pensar em uma ação de maneira mais ampla”.

 

Glória ressalta ainda que o poder público tem costume de olhar para as pessoas na rua como questão de segurança pública, quando, na verdade, a ótica deve ser de sujeitos que precisam de atendimento à saúde, educação, moradia e ações que possam melhorar a condição de vida delas.

 

“Falta estrutura para enfrentar a dependência química, não temos uma redução de danos. Onde estão esses trabalhos. A rua é diversa, temos todo o tipo de gente. As doações não são facilitadores para quem elas continuem aqui”, finalizou.

 

Vozes da rua

Há 23 anos, quando tinha 40 anos, Sérgio Luiz Leite passou a viver na rua. Hoje, com 63, contou que já andou pelos 23 estados brasileiros até chegar em Cuiabá. Ele é natural de Curitiba, no Paraná, onde era servidor público estadual.

 

Chico Ferreira

Sérgio Luiz Leite - situação de rua

 

 

Ele se afundou no álcool após um divórcio, perdeu tudo na época, inclusive o apoio familiar. Encontrou na rua o seu caminho. Muito consciente, está preocupado com a adoção das medidas de assistência da gestão de Abilio.

 

“O prefeito tem tanta coisa para fazer [...] pagar passagem para o morador voltar, antes, ele tem que conversar. Tem gente que não tem para onde voltar, se manda de volta, a família não aceita”, lembra ele, que dorme ‘em qualquer canto’ da cidade.

 

Benedito Antônio, 56, é morador do albergue municipal, está há 2 anos limpo e lutando contra o vício. Ele passou mais de 20 anos pelas ruas do Centro de Cuiabá e está preocupado com a situação dos colegas.

 

“A gente já não tem nada, aí o prefeito vem cortar isso? Vamos fazer o quê? A comida é um direito, assim como a moradia”, disse ele, que chegou a trabalhar com topografia antes de parar nas ruas. Segundo ele, grande parte das pessoas em situação de rua tem profissão, mas falta uma oportunidade.

 

“Tem gente que perdeu tudo, não tem mais oportunidade. Depressão leva ao álcool e as drogas. Ninguém quer viver essa vida de porco, dormindo em papelão. Falta oportunidade, impulso”, finalizou.

 

Outro lado

Reportagem do entrou em contato com a Prefeitura de Cuiabá, que não vai se manifestar sob o argumento de que não foi procurada pelo Fórum para debater a situação. 

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Comentários

Contray - 20/01/2025

Estas liderança de extrema direita nunca sofreu na vida e nem passou fome foi criado as custas das custas das instituições São modos operantes da extrema direita

Nugda - 20/01/2025

As pessoas tem que entender que o prefeito nao vai tirar o direito de comer dos moradores de rua,e sim quer estruturar lugares fixos para essas pessoas terem dignidade de um lugar mais higiênico para comer.Essas medidas é para segurança na saúde dos moradores .

2 comentários

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