Amigos lançam livro de ficção sobre racismo e intolerância religiosa

O jornalista mato-grossense Gustavo Nascimento, em parceria com seu amigo e escritor Eberson Terra, lançou na última semana um livro de ficção, que traz à tona uma reflexão sobre uma sociedade racista e intolerante. "O nome dela é Luana" conta em 165 páginas a história de uma mãe que luta contra o sistema para recuperar a guarda da filha. 

Em entrevista ao , Gustavo contou que o livro surgiu de um incômodo em que o amigo Eberson sentiu ao ver uma matéria jornalística relatando um caso de intolerância religiosa. No episódio, a mãe perdeu a guarda da filha após a avó - que é evangélica- denunciar que ela participou de um ritual do candomblé.

"O Eberson, que já é escritor, me procurou para falar sobre a ideia, ele é um homem branco, mas há alguns anos temos conversado muito sobre racismo e privilégios e outras questões de raça e classe e foi dessa indignação que nasceu a vontade de escrever um livro que pudesse incomodar, porque o racismo, bem, as pessoas não querem falar dele, ele causa asco e por isso, a maioria opta apenas por fingir que ele não existe. Sabendo disso, decidimos que tínhamos uma história para ser contada", explicou.

O objetivo do enredo é abordar amplamente vieses religiosos e particulares que influenciam decisões na máquina pública. À reportagem, Eberson pontuou que a história dará foco ao tema sensível em forma de alerta, incômodos e principalmente de urgência.

"Escrever essa história foi a nossa forma, dentro dos nossos privilégios, de dar foco para um tema sensível que acomete muita gente, principalmente as mais pobres, de não terem oportunidade de expressar todos os tipos de preconceitos e injustiças que sofrem. Por abordarmos temas tão fortes e caros para a sociedade, tivemos o maior cuidado e respeito possíveis em retratar cada cena contida dentro de cada um dos 30 capítulos", pontuou.

O livro tem como personagem principal Maria, uma mulher candomblecista abandonada que está na tentativa de recuperar a guarda da filha Luana após uma denúncia de maus tratos. Durante o processo, ela conta com a ajuda da delegada Mirela para combater a burocracia, a corrupção e o racismo impregnados nas instituições brasileiras. Jurema e Tainá também compõe a história. 

“O nome dela é Luana” nasceu para ser um grito de basta impresso. Por vezes, choramos, odiamos, nos divertimos, nos desesperamos, tivemos raiva ao escrever esse livro. É essa a mistura de sentimentos que queremos que você sinta ao lê-lo agora". 

O livro está disponível na Amazon e já ocupa o rankings de venda do site.