Políticas afirmativas 16.11.2025 | 10h30

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Reprodução/ Redes Sociais
“A desigualdade social no nosso Brasil é demarcada pela raça”, diz a jornalista, professora e pesquisadora Julianne Caju. Constituído por um regime escravocrata, ainda hoje, o tecido social brasileiro é impregnado pelo racismo. Estudiosos e ativistas enxergam na educação uma forma de confrontar esse panorama.
Assim como em muitas famílias brasileiras, Caju foi a primeira, entre seus parentes, a se tornar mestre em uma universidade. Bisneta de uma pessoa que foi escravizada, ela contextualiza que seus antepassados não tiveram essa oportunidade.
“Se o país nasce fazendo essa segregação, em que o negro não podia praticamente nada, a não ser trabalhar como escravizado, e aí o não negro é que teve direito a tudo. Isso explica essa tamanha desigualdade demarcada pela raça. Mas não é só a raça, a gente precisa trazer as interseccionalidades, que são a classe, o gênero e por aí vão tantas outras questões que vão contribuir para tantos problemas sociais”, diz a educadora.
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Em um cenário atual, no entanto, a participação de negros e pardos no ensino superior vem aumentando. Conforme o Censo de 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11,7% da população negra, com 25 anos ou mais, completaram o ensino superior. O número representa um aumento de 5,8 vezes no decorrer de 22 anos.
Apesar da maior participação, pessoas não negras ainda são maioria com os estudos concluídos. Em 2000, a populção branca com 25 anos ou mais, e com ensino superior finalizado, era de 9,9%. Em 2022, o número subiu para 25,8%, registrando o dobro quando comparado a pardos (12,3%) e pretos (11,7%) no mesmo ano. A população amarela obetve o maior número com 44,1% entre essa faixa etária.
A pesquisadora que estuda as relações e a educação das questões étnico-raciais e que integra o Programa de Estudos de Cultura Contemporânea (PPGECCO) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) ainda pontua que é preciso pensar para além das políticas de ingresso nas faculdades.
“As cotas raciais não são esmolas. As cotas são reparações. Reparação histórica diante de tudo que foi retirado da população negra. As cotas raciais, por si só, não resolvem. É preciso pensar na permanência desses estudantes, quando eles entram na universidade. É preciso, sim, que haja essas políticas afirmativas. Mas é preciso também avançar na permanência”, explica Caju.
Além das desigualdades na educação, também se pontua que, mesmo que bem qualificadas, a formação não é garantia de que a pessoa conseguirá um cargo compatível com a sua formação.
“Depois, é preciso avançar nas políticas afirmativas para o acesso desses graduados, que entraram por meio das cotas, no mercado de trabalho. As empresas precisam pensar em ações que possam promover a inclusão da população que sempre foi colocada à margem da sociedade”, finaliza.
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