deu em a gazeta 24.11.2025 | 10h06

mariana.lenz@gazetadigital.com.br
Chico Ferreira
Controverso, o ex-chefe de Polícia de Getúlio Vargas e senador por Mato Grosso, Filinto Müller deixou marcas profundas nas páginas da história local e nacional, em admiradores, opositores e segue despertando opiniões divergentes. Lembrado por sua atuação no desenvolvimento regional, mas também sua ligação com um período sombrio da repressão política no país, o nome de Filinto volta aos debates em um momento onde o país discute homenagens, honrarias, nomes de logradouros e monumentos a personalidades que tiveram o passado ligado a períodos ditatoriais.
Afilhado político e Filintista declarado, deputado estadual Júlio Campos (União) o define como ‘um dos grandes líderes de Mato Grosso’, defende seu legado e crê ser possível separar o ‘Filinto policial’ do ‘Filinto político’. Para o parlamentar, o país vivia um estado de exceção, um cenário de guerra entre comunistas e o governo, o que justificaria as ações tomadas por Filinto. No entanto, avalia que ele tão somente obedecia ordens impostas.
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‘Ele foi nomeado por Getúlio Vargas como Chefe de Polícia, hoje equivalente à Polícia Federal. Teve muita controvérsia sobre sua atuação porque muitos movimentos revolucionários queriam derrubar Vargas. A Intentona Comunista, tentou e ele foi muito duro, mas tinha que ser. Era pessoa de confiança de Vargas, teve essa controvérsia que ele era rigoroso com os adversários, mas tinha que ser’, argumenta.
Seu nome vem à tona no episódio da deportação da comunista, judia e companheira de Luís Carlos Prestes, à época grávida, Olga Benário, morta em campo de concentração nazista após o governo brasileiro autorizar sua volta a Alemanha. A militante foi presa pela polícia de Müller. Campos crê que Filinto foi ‘injustiçado pela história’.
‘Ela foi entregue por decisão do Supremo Tribunal Federal e ato de Getúlio na Segunda Guerra Mundial. Filinto ficou como ‘o homem que mandou matar a Olga’. Não foi, ele apenas cumpriu o papel constitucional. Ele era um subordinado’, defende.
Júlio se apoia a outra linha de estudos, explorada após a publicação do livro ‘A Verdade Por Trás da Mentira’, de 2023, que reconta a história de Filinto por outras pesquisas e entrevistas com familiares. A tese central é de que, o magnata das comunicações no Brasil, Assis Chateaubriand, o ‘Chatô’, teria promovido uma campanha de difamação contra o militar no livro ‘Falta Alguém em Nuremberg’, do jornalista David Nasser.
‘Assis tinha uma amante argentina de 16 anos, e ela não queria ficar com ele, e aí quando se separou dele, ele queria que Filinto deportasse a menina. O Filinto, por pressão da esposa, que também era argentina, não fez isso. Chatô zangou e mandou David Nasser esculhambar, falar mal dele’, diz.
Com nome gravado em centenas de ruas Brasil afora e até numa ala do Senado, Júlio é contrário à retirada do nome de Filinto de locais públicos.
‘Ele foi o grande crucificado da época, porque cumpriu ordens do presidente. Hoje adoram Getúlio e o Filinto ficou como ‘o ruim’. Ninguém ousa tirar o nome de Getúlio de nada. Ele era o chefe, o ditador, ele comandava o país. [...] Para nós o Filinto político é até hoje reconhecido e muito querido. O período que ele viveu no Rio é outra fase da vida dele, todo mundo tem seu pecado, seu erro, ele cumpria ordens. Hoje é uma democracia plena, mas na época era uma ditadura’, acrescenta.
Campos prefere que Müller seja lembrado mais por seus feitos enquanto parlamentar, como a criação do PSD, o apoio a estudantes que iam estudar no Rio e retornavam formados a Mato Grosso, articulação para obras de infraestrutura regional e crê que a população avaliza seu legado, do contrário não teria sido eleito por 4 mandatos.
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