DIA DAS BRUXAS 31.10.2020 | 08h25

jessica@gazetadigital.com.br
Divulgação
Eles são temas de filmes, livros, estudos e diversos produtos da cultura pop. Habitam o imaginário coletivo como pessoas que moram em porões cercados de teias de aranhas, vidros com ingredientes exóticos e secretos, passeiam pela noite com seus chapéus pontudos e trajes pretos. Mas, longe de todas as lendas, os bruxos são pessoas comuns, que circulam por aí sem vassoura e verruga no nariz, que passam sem serem percebidos muitas vezes.
Neste dia 31 de outubro é celebrado o Dia das Bruxas. Para lembrar a data e saber um pouco mais sobre esse dom que também pode ser encarado como profissão, o
entrevistou Mauricio Melo, bruxo há 23 anos. Ele é de Cuiabá, mas atualmente vive em Curitiba (PR).
Para começar a entender um pouco mais sobre esse mundo de magia e sensibilidade é preciso saber o que é um bruxo. Na descrição de Maurício, o bruxo é uma pessoa capaz de mudar a realidade por meio das artes mágicas.
“Ele transita entre o visível e o invisível. É íntimo de divindades e espíritos. Partilha da força da natureza e compreende a sabedoria contida em seus ciclos e elementos”, define.
Maurício conta que desde muito cedo cultiva interesse por coisas além do que as pessoas vêm, pela magia. Sua família sempre teve uma intuição muito aguçada e acreditava em várias superstições que, de certo modo, não deixava de ser bruxaria.
“Sempre me senti atraído por tudo que envolvesse magia. Me descobri realmente bruxo aos 15 anos e, hoje, com 38, estou há 23 anos nesse caminho”, lembra.
Nesse meio tempo, enquanto se dedicava os estudos de magia, Mauricio começou 4 cursos universitários, mas não terminou nenhum. Nada o completava como a magia o deixava contente.
“Então, com 23 anos, mesmo a contra gosto de minha família, passei a ter a bruxaria também como profissão. Foi a melhor escolha da minha vida. Trabalho com o que amo. Tenho prazer em auxiliar nas mais diferentes histórias e muitos clientes acabam se tornando amigos”, conta o bruxo.
De acordo com Mauricio, a bruxaria sempre foi considerada um ofício. Os praticantes recebiam pelo serviço que realizavam que, naquela época, era os mais variados possíveis. Um bruxo era solicitado para ajudar em partos até abeçoar semeadura da plantação para garantir boa colheita.
“A visão de que um bruxo não pode cobrar por seus serviços é moderna e tem como base as fés espíritas, que pregam caridade como lema. Portanto, os praticantes das artes mágicas e divinatórias que se sustentam de tais práticas, as têm como profissão, sim”, justifica.
Com mais de uma década atuando profissionalmente coma bruxaria, Maurício conta que cada pessoa tem uma maneira de trabalhar. Contudo, o objetivo do serviço prestado é fornecer a melhor solução para aquilo que a pessoa que o procura precisa.
“Para tanto, nos valemos de encantamentos, talismãs, banhos, pós e preparados, assim como comungamos com seres além do mundo visível, em busca de força para promover as mudanças necessárias”, explica.
Em seu espaço, os trabalhos mais solicitados são disparados os relacionados ao amor. Seja união, separação, harmonização, livrar-se de amante, esconder caso extraconjugal, aumentar o desejo, fazer com que a pessoa amada só tenha desejo pelo cliente. Logo em seguida estão os desejos por prosperidade e vingança. Também há pedidos inusitados.
"Se não bastasse um rapaz, anos atrás, ter me procurado para transformá-lo em lobisomem, esses dias outro me procurou querendo virar tritão (Deus na mitologia grega). Tem também os que me procuram querendo fazer amarração amorosa para famosos como Johnny Depp e Robert Pattinson. É onde a magia se difere da fantasia e tenho que explicar que não há como promover a união de pessoas que não possuam o mínimo de contato. Preciso de uma fagulha para causar um incêndio", relata.
No entendimento de Maurício, feitiços, trabalhos, simpatias, banhos, mandinga, ritual, superstição, encantamento e magia em nada diferem da bruxaria.
“Simpatias são feitiços que, mesmo dentro de sua simplicidade, possuem grande poder por serem alimentados por uma poderosa egrégora. E o que isso significa? Uma egrégora é uma força psicoespiritual, que surge da união de energias mentais e emocionais de duas ou mais pessoas a respeito de algo em comum. E os banhos e infusões são parte do próprio cotidiano de diversas culturas. E é bastante comum o uso das propriedades mágicas e medicinais das plantas dentro e fora da bruxaria”, esclarece.
No passado, os bruxos foram perseguidos e executados por causa de seus dons. Hoje ainda há o preconceito, mas em menor escala se comparado com pessoas que participam de cultos de matriz africana. A discrição com que trabalham é um dos pontos que inibe a rejeição.
“Sendo praticante solitário ou membro de um grupo, os ritos são geralmente realizados em residências e esses espaços privados não são sinalizados. Essa falta de indicação é medida para que pessoas de fora nem imaginem o que se passa ali. Infelizmente, em pleno século 21, ainda temos uma sociedade preconceituosa movida pelo ódio e ignorância”, avalia.
De onde vem o Dia das Bruxas?
O bruxo explica que a data teve origem no festival de Samhain. A data é celebrada em 31 de outubro no hemisfério norte e marca a passagem do ano velho para o ano novo nas religiões antigas. Na noite, o véu entre o nosso mundo e o mundo dos mortos se torna mais tênue, sendo o tempo ideal para nos comunicarmos com os que já partiram.
“Não é à toa que a Igreja Católica, na tentativa de converter os pagãos, instituiu feriados próximos aos dias sagrados para os praticantes das antigas fés. Essa foi uma na tentativa de ressignificá-los. Nesse caso, temos o dia de Finados que ocorre em 2 de novembro”, explica.
O bruxo divulga seu trabalho nas redes sociais The Rich Craft e Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria
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