‘Desespero bate quando a comida está acabando', afirma mãe de 7 filhos com marido doente

"Vivemos pela misericórdia dos outros". Desabafo é do casal Eliene Aparecida Sodré da Silva, 36, e Gilson da Silva Pereira,46, que mora no Vista da Chapada, região do Pedra 90, em Cuiabá.

Com o recurso do auxílio-doença, benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no valor de um salário mínimo, e do Bolsa Família, no valor de R$ 1 mil, o casal tenta suprir as necessidades da família composta por 9 pessoas, sendo 7 crianças e adolescentes, entre os filhos de Eliene e Gilson.

A Gazeta visitou a casa do casal nesta segunda-feira (18). Os filhos Ione, 16, Juarez 14, Angela 13, Luis, 11, Fabiano 7, Emily, 6, e Lorena, 2, estavam na residência e já haviam se alimentado. A família havia recebido doações. Foi a nossa sorte. Se não tivéssemos ganhado, não teríamos o que comer hoje.

Segundo Eliene, a rotina é de muita dificuldade e sofrimento. "Sempre tenho que pedir ajuda das pessoas para alimentar meus filhos. O que recebemos não é suficiente para manter a nossa família, toda a vizinhança já sabe da nossa realidade. Alguns ajudam".

Para tentar melhorar a renda, o casal começou a trabalhar com reciclagem. "Juntamos papelão, latinhas e garrafas pet para vender, mas não conseguimos dar continuidade".

Eliene explica que Gilson tem sérios problemas de saúde e, constantemente, é internado. "Tivemos que parar com a reciclagem, ele não aguentou. Eu precisei parar também para cuidar dele e das crianças que dependem dos meus cuidados".

Última hospitalização de Gilson foi no mês de novembro. "Apenas 30% do meu pulmão funciona. São os remédios que me mantém, porém, o médico disse que não tem mais cura. Também sofro com as sequelas das doenças de tuberculose e hanseníase", disse.

Batalha

Gilson revela que desde 2015 tenta conseguir a aposentadoria definitiva. "Sinto muita falta de ar e fraqueza nas pernas, não consigo realizar esforço físico e nem ficar muito tempo em pé. Esse ano terei que passar por nova perícia, sempre tem que renovar".

Diante das dificuldades, Gilson relata que nem sempre consegue comprar os medicamentos. "Tenho que optar pela comida ou pelos remédios. É difícil, principalmente porque não estou seguindo o tratamento corretamente, essa situação afeta ainda mais minha saúde", contou.

Outro fator que agrava a saúde de Gilson é a constante poeira. Ele mora em uma rua não pavimentada. Entre os medicamentos que necessita tomar estão Alenia, indicado para a melhora e controle da falta de ar, e a bombinha Regrair, suspensão aerossol usada para o controle e prevenção de contrações dos brônquios durante as crises de asma, bronquite crônica e enfisema, além de vitaminas.

Dificuldades

Segundo Eliene, o desespero começa quando percebe que a comida já está acabando. "Quando recebemos os benefícios, pagamos as contas de luz e água e compramos duas cestas básicas, às vezes dá para o mês inteiro, mas não é suficiente para suprir a necessidade alimentar das crianças. Elas gostam muito de leite, bolachas e essas coisas não temos, só comem quando ganham. Também não dá de ficar comprando carne".

Eliene ressalta que a família está enquadrada na subclasse baixa renda, porém a conta de energia elétrica é em torno de R$ 500. "Já solicitei vistoria e até agora não foi resolvido. Entre água e luz, gastamos metade da nossa renda. É desesperador, porque não sobra para comprar comida suficiente e nem as medicações de Gilson".

Sonho de Natal

Eliene e Gilson pedem colchões novos para a família, principalmente para Gilson, que tem problemas de saúde. Nossos colchões são antigos e devem proliferar bactérias e ácaros em seu interior. Acreditamos que o colchão pode desencadear crises alérgicas e agravar os problemas respiratórios já existentes.

O casal também pede alimentos e leite, além dos remédios para o tratamento de saúde de Gilson (Vitaminas, Alenia e Regrair).

Os filhos adolescentes pedem roupas. Ione e Ângela usam tamanho pequeno e Juarez usa tamanho médio. Já Luis e Fabiano gostariam de ganhar bola e carrinho. Emily e Lorena querem bonecas.

Serviço

A família mora na rua B, casa 18, quadra 104, bairro Vista da Chapada, região do Pedra 90. Contato é pelos telefones (65) 99327-2752 (ligação), (65) 9 9222-2977 (Whatsapp). Pix da família é: 02597960188.

Leia mais sobre Cidades na edição do Jornal A Gazeta