'A YES É YES, O RESTO É...' 07.09.2025 | 13h15
mariana.lenz@gazetadigital.com.br
Mel Rodrigues
Se no começo dos anos 80 o dance music agitava as madrugadas das boates e discotecas da Europa e Estados Unidos, foi no começo dos anos 90 que a música eletrônica explodiu no Brasil. Em Cuiabá, um dos locais que por muitos anos abrigou este e diversos ritmos, gêneros e públicos foi a saudosa boate Yes Bananas, que marcou toda uma geração de apaixonados pela música em Cuiabá.
Ao , Ricardo Martinelli, o Dj Ricardinho, um dos antigos sócios e também funcionário do espaço, relembra com carinho dos bons tempos da 'Yes' enquanto folheia uma das 7 pastas que possui com centenas de fotos e ingressos da época que, cuidadosamente guardou, e resistiram a ação do tempo. Quase intactos, os arquivos parecem que foram impressos um dia antes da entrevista.
O DJ conta que tudo começou a partir de um ponto de encontro, no CPA 1, e que rapidamente se transformou em um fenômeno cultural. A movimentação era tanta que decidiu procurar um espaço maior. Com um equipamento de som e o sonho de abrir uma casa noturna, convenceu o tio Cleber Motta, o irmão Pietro Martinelli e o amigo também DJ Roberto Kanashiro a transformar um imóvel do tio na Yes Bananas.
O nome veio de uma inspiração do tio Kleber, que havia morado em Porto Velho e conhecia uma boate de mesmo nome por lá. Inicialmente, Ricardo queria batizar a casa de "Banana Power", mas o nome sugerido por Kleber acabou prevalecendo. Ricardo então criou o slogan que ficou na memória de muitos: “A Yes é Yes, o resto é banana”.
“A gente abria a casa sexta, sábado e domingo. Sexta-feira era promoção, sábado a festa da casa e aos domingos matinê pra gurizada. Em 5 de junho de 1991 foi a inauguração e de lá nós ficamos quase 12 anos em atividade. Foi a primeira casa que teve show de drag queen, de GoGo Boys, a tocar Mamonas Assassinas quando ninguém conhecia naquela época, a trazer um DJ internacional. Recebia celebridades como Nany People, Isabelita dos Patins, Luiza Ambiel, da banheira do Gugu, a Feiticeira, e tinha muitas atrações. Foi uma das casas noturnas que durou mais tempo em Cuiabá”, recorda.
Com um perfil eclético, a Yes acolhia todos os públicos, estilos e tribos. A fila de espera para entrar na boate se estendia ao longo da quadra, tamanho o sucesso de frequentadores.
“Dava uma média de mais de 1 mil pessoas por noite, cabia muita gente. Como lotava resolvemos abrir outro espaço na parte de baixo, uma área livre onde fizemos um palco para show, para trazer bandas, então ficaram dois ambientes. Tinha banda de pagode, de lambadão, dupla sertaneja tocando em um espaço e no outro dance music, rock nacional, música lenta”, cita.
Em uma época em que pouco se falava sobre diversidade e inclusão, a boate já promovia a igualdade na prática. Concursos de drag queens e performistas eram bem recebidos e o público “GLS” (gays, lésbicas e simpatizantes) lotavam o local. Presenças como a do colunista social Jeje de Oyá era quase rotina, tamanha badalação do local, escrevendo sobre a festa em suas páginas de jornal. Mas o ponto forte mesmo eram as divertidas festas temáticas.
“Tinha noite de Halloween, tinha a festa do caju, que era uma festa que reunia o grupo GLS para dançar. Tinha a Noite do Ridículo, Noite do Saco Cheio, Noite da Independência, Noite dos Times, relembrando El Templo”, narra enquanto mostra diferentes folders das festas.
Com tantos eventos de nomes criativos ao longo de mais de uma década, Ricardo atribui o sucesso de frequentadores a dois fatores. Um deles o negócio de família, já que trabalhava junto de seu tio, irmãos, primos, entre sócios, administradores, dj, bilheteria etc. Além disso, a própria questão musical, tida como o diferencial da Yes Bananas.
“A gente prezava muito na questão de música. Viajava de 15 em 15 dias para São Paulo trazer mercadoria. Naquela época não tinha internet, se você quisesse um lançamento tinha que comprar vinil para poder tocar na boate. Tanto é que Mamonas Assassinas, nós fomos o primeiro a tocar, nós fomos o primeiro a tocar Tiririca que ninguém conhecia, mas na época fez o maior sucesso, a gente tocou em primeira mão o Latino aqui em Cuiabá”, diz.
O fim de uma era
O início dos anos 2000 marcou o começo do fim. Com o crescimento das festas de rua, em colégios e distribuidoras, o movimento da boate começou a cair. Após 11 anos de história, os sócios decidiram encerrar as atividades e vender o prédio. Mesmo com o fechamento, a Yes Bananas permanece viva na memória de quem viveu naquela época.
Ao ser questionado sobre a lembrança mais marcante, Ricardo responde sem hesitar: “As músicas que a gente trouxe para Cuiabá, eu mexia com venda de disco, então nos anos 90 trouxe muitas novidades para cá. Também a minha esposa que eu conheci lá na Boate, hoje já tem quase 30 anos com ela. Foi uma época muito boa, muito gostosa. Eu costumo dizer que nós somos edição ilimitada, quem viveu nessa época do rock nacional, da música lenta, do dance, não volta mais".
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