ATUAÇÃO DE DESTAQUE 07.04.2025 | 07h03
maria.klara@gazetadigital.com.br
Maria Klara Duque
Comemorado no dia 7 de abril, o Dia Nacional do Médico Legista tem como objetivo valorizar e reconhecer o papel fundamental desses profissionais na elucidação de crimes e na contribuição com a Justiça. Responsáveis por exames em vítimas vivas ou falecidas, os médicos legistas fornecem análises médicas essenciais que ajudam a esclarecer a dinâmica de situações criminosas.
Com mais de 10 anos de atuação na área, a médica legista e ginecologista Verônica Brandão é plantonista no Instituto Médico Legal (IML) e atende principalmente casos de violência envolvendo mulheres e crianças. Para ela, a atuação vai muito além da técnica. “Não é porque eu estou aqui, desde 2014, que a gente é puramente técnico. Claro, tem que ter o rigor científico, a parte técnica, mas eu estou lidando com pessoas”, enfatiza.
Verônica acredita que um dos maiores desafios para quem trabalha com vítimas de violência é dar visibilidade àquilo que muitas vezes não é reconhecido como agressão. “Porque muitas vezes vêm aqui, ela fala assim: ‘Doutora, mas foi só esse arranhão’. Não é só o arranhão. Porque elas pensam que a violência é quando deixa uma marca feia, grosseira no corpo. A partir do momento em que a gente materializa, que seja um arranhão, e essa vítima tenha consciência de que aquilo é violento. Existem outras formas também, como a violência moral. Às vezes estão difamando, prejudicando a autoestima.”
Apesar da rotina intensa e do desafio de se desconectar após longos plantões, ela reforça o compromisso com a missão de acolher e tratar com humanidade. “Plantonista de 24 horas, procuro ter momentos de recuperação, da energia, da força, da vontade de estar aqui e fazer a diferença.”
A médica também fala sobre os equívocos em torno da profissão. “As pessoas acham que médico legista só mexe com o morto. Não é isso. Eu venho para cá feliz de poder trabalhar aqui e de buscar amenizar a dor dessas vítimas com um bom atendimento, com um atendimento humanizado, porque ele dá para ser humanizado. Não é porque a médica legista está acostumada a mexer com o morto que não é algo acolhedor.”
Verônica se emociona ao lembrar histórias que marcaram sua trajetória, como o relato de uma mãe vítima de abuso na infância. “Quando uma vítima disse: ‘Doutora, o mesmo abusador que abusou da minha filha, abusou de mim na infância, e eu não tive coragem de denunciar, porque ele era o provedor da minha família. Agora com a minha filha, eu tô me sentindo culpada’, isso me marcou, me arrepia de lembrar.”
Para a médica, ainda há desconhecimento sobre a função do médico legista, até mesmo dentro da própria área médica. “A população não sabe o que é o médico legista. Às vezes, até o próprio médico generalista pensa que o legista só mexe com o morto. Mas nós também atuamos em audiências de custódia, por exemplo. Precisamos divulgar qual é o nosso papel. Somos médicos que colocam nosso conhecimento técnico e científico a serviço do sistema de segurança pública.”
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