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Cuiabá, Quinta-feira 18/09/2025

Judiciário - A | + A

'ÓDIO ÀS MULHERES' 18.09.2025 | 15h19

Réu é condenado a 31 anos de prisão por esfaquear a noiva até a morte

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Alair Ribeiro/TJMT

Alair Ribeiro/TJMT

Wendel dos Santos Silva foi condenado a 31 anos e 6 meses de reclusão em regime fechado pelos crimes de feminicídio com motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e cometido em frente a descendentes. Ele matou a facadas a noiva, Lediane Ferro da Silva, 43, em 15 de abril de 2024. Ele ainda terá de pagar indenização por danos morais no valor de R$ 150 mil e não poderá recorrer em liberdade.

 

A sessão do tribunal do júri começou na manhã desta quinta-feira (18) às 8h e encerrou nas primeiras horas desta tarde. Durante a leitura da sentença, o juiz João Zibordi Lara destacou que as circunstâncias do delito extrapolam as comuns, já que foi praticado à luz do dia, na presença da filha dele e do enteado. Após o crime ele ainda correu atrás do filho de Lediane, em “pavoroso cenário delitivo”, disse o magistrado.

 

“O réu apresenta destacado traço de misoginia, revelando desprezo pela condição feminina em comportamento que vai além do elemento normativo que qualifica o delito como feminicídio, evidencia característica de personalidade voltada ao ódio e inferiorização da mulher e ao sistema de proteção à mulher”, mencionou.

 

O juiz citou ainda a postagem feita por Wendel em sua rede social após matar a noiva: “essa maldita lei que defende as mulheres para ficar humilhando homens, as vagabundas traem e o homem tem que ficar calado, lei desgraçada. Essa vagabunda que eu fazia tudo por ela, lei dos infernos”. Após o crime ele também enviou mensagens para uma amiga da vítima a xingando “oi vagabunda tá satisfeita agora? Você tem que caçar um macho pra você e deixar as casadas viver a vida delas”.

 

O julgamento

De camiseta branca, cabeça baixa e bíblia sagrada nas mãos, o réu, chegou ao Fórum da Comarca de Peixoto de Azevedo após deixar o Centro de Detenção Provisória da mesma cidade, onde estava preso preventivamente. Já nos primeiros momentos de seu interrogatório, Wendel começou a chorar e conta que quando conheceu Lediane ele passava por dificuldades devido a uma doença do pai e dificuldades financeiras.

Alair Ribeiro/TJMT

júri popular Wendel dos Santos Silva Lediane Ferro da Silva

 

Ele narrou que devido a Lediane ter melhores condições financeiras, ele não podia “dar palpites dentro da casa”, nem perguntar sobre a vida dela, com quem saia e que ela pagava boa parte das contas. Em sua versão, o réu narrou que chegaram a ficar um ano separados, chegando cada um a ter outro relacionamento. Depois de um ano, reataram.

 

Em sua versão ele argumenta que era humilhado constantemente pela companheira. Contudo, admitiu que a própria Lediane teria pedido ele em casamento no dia do aniversário dele. Ela havia comprado as alianças no cartão de crédito dela e que sempre que tinha que pagar a fatura, pedia ajuda dele. Em conversas sobre término, ele citava que caso terminassem queria que jogassem fora as alianças ou as destruíssem, mas Lediane o contrariou e disse queria ficar com a dela.

Este foi o motivo da briga, que precedeu o feminicídio. Wendel conta que perguntou se ela usaria a aliança com outra pessoa e ela teria respondido que cada um poderia usar com quem quisesse porque foi ela quem pagou, momento em que ele pegou a faca.

Alair Ribeiro/TJMT

júri popular Wendel dos Santos Silva Lediane Ferro da Silva

 

Questionado pela promotora Andreia Monte Alegre Bezerra de Menezes, Wendel admitiu que tinha outros processos relativos à violência doméstica de outras mulheres com quem se relacionou. A promotora questiona sobre uma publicação em rede social que Wendel teria feito após ter fugido por matar Lediane, onde criticou a Lei Maria da Penha e registrou xingamentos. Ele confirmou que fez a postagem e que mandou mensagens para a amiga dela, Ana Paula.


Ao ser questionado sobre por que ficou com Lediane por 5 anos se ela somente o humilhava, até matá-la a facadas, o réu ficou em silêncio.


Em seguida, a promotora mostrou o vídeo feito pela câmera de segurança da residência da família, que captou as imagens do crime. Ela destacou o sofrimento do filho da vítima em viver sem a mãe e ressaltou ser “fáci falar mal da vítima”, que não estava mais para se defender. Ela pergunta "cadê aquele homem que postou na rede social criticando a Lei Maria da Penha e xingando a vítima, após matá-la?" e asseverou que aquela que chorou no júri é o mesmo que cometeu o crime e fez a postagem.

Alair Ribeiro/TJMT

júri popular Wendel dos Santos Silva Lediane Ferro da Silva

 

Oitiva de testemunhas

Durante sua oitiva como testemunha, o filho da vítima, Gustavo Michel da Silva Ferreira, narrou em meio ao choro que a mãe era ameaçada pelo réu e o padrasto ameaçou de morte. No dia dos fatos, ele citou que se vestia para o trabalho quando ouviu gritos e, ao ir para a cozinha, viu Wendel agredindo sua mãe. Na imagem, ele chega a fazer um movimento para ir até a mãe, mas o padrasto corre atrás dele com a faca. Questionado pela promotora sobre como está sua vida atualmente, o rapaz disse que não sabe o que fazer da vida sem a mãe. Atualmente, ele vive com a avó, na cidade de Sinop.

Alair Ribeiro/TJMT

júri popular Wendel dos Santos Silva Lediane Ferro da Silva

 

A amiga da vítima, Ana Paula Carvalho Silva, também ouvida, narrou que Wendel era muito ciumento e que, após o crime, Wendel mandou mensagens para ela lhe xingando, o que a motivou inclusive a fazer boletim de ocorrência sobre o fato.

 

A filha do réu, Ketlin Jacqueline Cozer Silva, disse que no dia do crime foi até a casa de Lediane a pedido da vítima, que queria conversar com Wendel e terminar o relacionamento. O pai então teria pedido a aliança de Lediane, que se negou a entregar. Ele teria questionado se ela não queria entregar a aliança para usar com outro. Lediane teria respondido: "Da mesma forma que você pode usar com outra". Depois disso, o pai desferiu facadas contra Lediane e ela correu do local.

 

O investigador da Polícia Civil, Marco Túlio Pessoa, relatou que no dia dos fatos ele estava no expediente e foi ao local do crime em apoio ao policial plantonista que chegou primeiro. Ele contou que cena que presenciou foi "impactante" e lembra dos familiares e populares consternados com a tragédia.

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