DEU EM A GAZETA 18.10.2021 | 07h17

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Fernando Frazão/ABr/Arquivo
Entre janeiro e setembro deste ano, 70 mulheres foram assassinadas em Mato Grosso. Em 36 crimes foram constatados feminicídios (51%). No mesmo período do ano passado, foram 71 mortes, das quais 45 foram feminicídios (63%), que são atos relacionados à condição da vítima de ser mulher. Mas o número pode ser ainda maior, com a conclusão das investigações em muitos casos. Em Cuiabá, em menos de 10 dias, duas mulheres vítimas do crime deixaram 6 crianças órfãs.
A comerciária Fernanda Regina Souza de Lana, 34, vestia o uniforme do supermercado em que atuava quando foi assassinada com golpes na cabeça e teve o corpo escondido debaixo da cama na manhã de sexta-feira (15). Os três filhos com idades de 4, 11 e 13 anos saíram pouco antes, para a casa de uma tia, onde passariam o dia até que ela voltasse do trabalho.
Fernanda, segundo familiares informaram ao delegado Anderson Veiga, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), já possuía inclusive medidas protetivas contra o companheiro e principal suspeito do crime. Mas, há 30 dias, decidiu dar mais uma chance e retomar o relacionamento com ele, pois o casal possuía um filho de 4 anos. Na noite anterior, os três filhos que residiam na casa teriam presenciado mais uma briga do casal. Saíram cedo e, logo depois, Fernanda foi morta com uso de objeto contundente, que a feriu mortalmente na cabeça. O suspeito Luís Carlos Moreira não foi localizado. Veiga, que acompanhou a perícia no local do crime, disse que há elementos que apontam para o feminicídio praticado pelo companheiro da vítima.
O corpo foi descoberto por volta das 10h, depois que um chaveiro abriu a porta da residência, no bairro João Bosco Pinheiro, a pedido da família. Os filhos deixaram a casa por volta das 6h30, enquanto ela se preparava para o trabalho. Mas às 9h, familiares receberam telefonema de colegas de trabalho dela perguntando se havia acontecido alguma coisa, pois ela não havia chegado ao serviço e não atendia o celular. Fernanda não costumava atrasar ou faltar.
Vítimas confiam no agressor
Em grande parte dos feminicídios os crimes acontecem após a vítima dar mais uma chance ao agressor e retomar um relacionamento já marcado pela violência. A delegada Jannira Laranjeira, que atua no Plantão Especializado de Defesa da Mulher da Capital, lembra que em casos de feminicídio que já atuou a vítima confia no agressor, no pai dos filhos, o provedor do lar. Quando ela faz isso ela coloca em risco não só sua vida como das crianças.
Isto porque a cada novo momento de raiva, recaída, desconfiança ou insegurança deste companheiro, ele vai repetir todas as ofensas verbais, agressões físicas, humilhações, pressões, violência psicológica de forma a abalar tanto a mulher como seus filhos. “É lamentável mais uma vez dois casos que ocorreram, tendo em vista que as duas vítimas provavelmente tinham histórico de violência doméstica”.
A delegada lembra que muitas das mulheres não se desvinculam dos agressores por medo. Em depoimento na delegacia alegam que o Estado não vai conseguir trazer a segurança para elas. Foi o caso da auxiliar de enfermagem Josilaine Maria Gomes dos Reis, 32, que teve a porta da casa arrombada pelo ex-marido que na madrugada de 6 de outubro a matou a golpes de faca. A vítima dormia em casa, com os três filhos menores, quando foi atacada na cama pelo assassino que não aceitava o fim do relacionamento.
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alberto - 18/10/2021
Certo! infelizmente, mas porque na reportagem não tem quantos homens morreram também? isso é Heterofobia???
1 comentários