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17.01.2007 | 03h00

População come peixe de esgoto

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Durante 40 anos, a pescaria no rio Cuiabá foi o ganha-pão do goiano Natalino Gomes Ribeiro, 73. Apesar da idade, ele conta que só abandonou o barco há três anos. Hoje, o pescador aposentado mantém uma banca na Feira do Porto. "Todo lugar era bom pra pescar. Hoje não dá pra viver do peixe", calcula ao recordar os bons tempos de pescaria e admitir que vende espécies criadas em cativeiro, a exemplo da maioria dos comerciantes.

O motivo do sumiço dos peixes não parece claro para Natalino. Ele responsabiliza a própria natureza e ainda o rigor na fiscalização. Mais ainda, tem tempos de Piracema (período de reprodução dos peixes). "Tem jacaré demais e eles só comem peixe. A fiscalização também não deixa pescar mais de 100 quilos", reclama. "Falam de poluição, mas nunca vi peixe morto aqui", rebate. Não fosse pela cor turva da água, para Natalino, estaria tudo normal. Apesar de o peixe ter sido sua única fonte de renda por toda a vida, a visão que ele mantém retrata bem a falta de educação ambiental. Ele vê com naturalidade que os peixes sobrevivam indefesos e sufocados pela poluição. "Essa água não pode beber. Se beber adoece", ensina o ex-pescador.

Os bioindicadores da qualidade da água nos rios de Cuiabá estão longe de animadoras. Segundo o professor-doutor de Ecologia e Recursos Naturais, João Batista Lima, "não há nada que degrade mais o meio ambiente que a falta de educação ambiental". "As pessoas pescam próximos dos locais de lançamento de esgoto e nem se importam se têm fezes boiando", ilustra.

O professor alerta que por causa da elevada concentração de coliformes fecais nos rios da Capital, o uso é impróprio para banhos, irrigação e consumo. Já sobre o consumo de peixe, Lima faz uma análise indigesta e repugnante. "O peixe come esgoto, mas o intestino dele também é um filtro".

Segundo ele, nas análises foram encontradas até 15 mil coliformes, entre eles de fezes humanas, em 100 mililitros (meio copo de água). "Os riscos de consumo são elevados e os efeitos de poluição para o rio são mais severos", avisa. Se a população é mal educada do ponto de vista ambiental, o poder público também não tem feito bem a lição de casa. "É preciso investir mais em coleta e tratamento. Faltam políticas de educação sanitária e ambiental", frisa o ecologista. Quanto aos pontos de maior poluição, Lima citou todo perímetro urbano, mas destacou a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Tijucal, onde o volume de coliformes chega a 60 mil por 100 ml, em período de seca, quando o volume de água é menor. (JC)

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