SÃO COSME E DAMIÃO 27.09.2025 | 15h00
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Chico Ferreira
Há uma semana da grande celebração, a assistente social Carmen de Moura, 85, faz seu anual itinerário. Andando pelas ruas do Porto, passando de loja em loja, a aposentada compra os doces e quitutes para montar a sacolinha de São Cosme e Damião. Com mais de 15 anos participando da festividade, a aposentada segue perpetuando a tradição para a celebração da data, comemorada neste sábado (27).
A religiosa aderiu à tradição após uma promessa, que depois de realizada, entregou as lembranças para 7 crianças carentes, que eram seus vizinhos. Com um tempo, o número de crianças foi aumentando e o desejo de ajudar o próximo a fez continuar com às confecções.
Durante o processo de montagem, ela cuidadosamente reparte balas, jujubas, paçoca, chicletes, chocolate e pirulitos diversos. Nos últimos anos, no entanto, ela sentiu necessidade de adicionar bolachas, salgadinhos, sucos e entre outros para que as crianças possam ter também uma merenda para levar à escola. Ao , ela conta o que a motivou continuar com a tradição.
“Eu achei que fiquei na necessidade de ajudar às crianças que foram beneficiadas anteriormente. Porque eles foram agraciados, ficaram já esperando chegar essa data de Cosme e Damião, 27 de setembro, para pegar o saquinho que eles já estavam acostumados a todo ano. Eles guardam para levar diretamente para a escola como lanche”, explica à católica.
No total, 30 sacolinhas foram entregues, neste ano, para os moradores mais jovens do bairro Jardim Passaredo, na região Sul de Cuiabá.
Apesar da grande importância religiosa, o número de adeptos à tradição no estado vem diminuindo com o tempo. Carmen relata que a desconfiança com os doces, fez com que os religiosos achassem menos crianças para receber os saquinhos.
“Muita gente não faz mais. Tem uma amiga minha que fazia, inclusive na casa dela, nessa data, ficava como se fosse uma procissão, as crianças em fila já para receber. Só que agora, ultimamente, ela tentou fazer, mas não conseguiu distribuir porque não tinha procura. Então tem muitos pais, muitas vezes, que não deixam nem a criança receber”, finaliza.
Santidades e orixás
Os santos gêmeos, em que a data é dedicada, costumavam a cuidar dos doentes, sem aceitar qualquer tipo de remuneração. As santidades ficaram conhecidas como “anárgiros”, que significa “sem prata” em grego.
A relação entre Cosme e Damião e a distribuição de doces não tem uma explicação certa. No entanto, a associação entre as santidades com crianças pode ser explicada pela adoção feita por religiões de matrizes africanas.
Como forma de manter suas crenças e tradições, os escravizados passaram a vincular a dupla aos gêmeos Ibejis, orixás crianças.
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