ilha da banana 20.09.2025 | 10h00
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Chico Ferreira
Lixo espalhado, construções abandonadas, tapumes derrubados e restos de queimadas revelam o cenário de abandono encontrado no Largo do Rosário, ou Ilha da Banana, localizada em frente à Igreja do Rosário, na região central de Cuiabá. O espaço era ocupado por famílias que foram desapropriadas em 2012 para que uma estação do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) fosse instalada.
Com o cancelamento da construção, o espaço deve ser transformado em uma espécie de praça e enquanto isso não ocorre a falta de cuidados fica cada vez mais visível. No momento, duas famílias ainda esperam receber indenização, resistem à desapropriação e permanecem no local.
Reportagem do esteve no local e constatou que a situação é de descuido e abandono. Há lixo espalhado pela vegetação que só cresce, além de uma parte que está queimada.
A Ilha da Banana já foi ponto de extração de ouro antes de se tornar moradia para famílias de Cuiabá. Com a desapropriação, 12 famílias foram retiradas do local. Em dezembro, uma delas teve a indenização fixada R$ 363 mil em uma decisão após mais de 10 anos de luta judicial.
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Hoje, existe o projeto para que o espaço seja transformado em uma praça, um centro de convivência. De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra), a parte da avenida que passa em frente à Igreja do Rosário será fechada para o trânsito de veículos, que passarão do outro lado da Avenida, na lateral do morro da luz.
“Vai ter a construção do Largo do Rosário. Está no projeto do Bus Rapid Transit (BRT), vai ser licitado junto com a parte das obras na Fernando Corrêa. O projeto é para que as duas pistas fiquem juntas ao Morro da Luz, e o trecho entre a Igreja e as pistas vire uma espécie de praça”, explicou a Sinfra.
O prazo previsto para conclusão do projeto não foi informado, mas existe a perspectiva de que as obras comecem a ser executadas no início de 2026. Enquanto isso não ocorre o espaço deve seguir em situação de abandono, uma vez que, ao ser questionada pelo , a assessoria de comunicação não mostrou planos de limpeza, manutenção ou cuidados com a ilha.
Mais de uma década de incerteza
Desde que ocorreu a desapropriação, a maior parte das famílias se mudou e apenas duas moram hoje na região. Uma delas, em frente à igreja não estava em casa no momento em que a reportagem visitou a ilha, enquanto a outra é formada por José Carlos, 78, e sua irmã. A propriedade em que vivem é da família desde 1968, quando vieram de Chapada dos Guimarães.
A construção dos irmãos atravessa o Largo, com uma frente para a Igreja do Rosário e a outra para o Morro da Luz. Antes, ele alugava os imóveis ao redor, porém, com as demolições e futuro incerto sobre a situação, além do local ser considerado perigoso há alguns anos, seus inquilinos foram embora.
José Carlos contou que na época da desapropriação, recebeu o comunicado por um papel colocado sob sua porta. O valor da indenização oferecido pelo Governo não foi satisfatório e a família entrou na Justiça. Depois das demolições e alterações de projeto, o idos ainda não recebeu indenizações ou mais informações sobre o andamento de seu processo.
Enquanto isso, ele permanece no local, onde tem uma pequena venda, com bebidas e salgadinhos. Ele relatou que tem outros lugares para se mudar, porém, não sai do local por medo de invasões e de perder o seu prédio.
"Nós éramos 5 que ficamos para trás e entramos na Justiça. Teve 3 pessoas que mudaram e invadiram. Eu mesmo já deveria ter me mudado, eu tenho outra casa só que se eu sair, vão invadir", relatou.
Durante o dia, José Carlos passeia aos arredores de sua residência, porém, a noire, o centro se esvazia e se torna um local perigoso, com usuários de drogas e pessoas em situação de rua que ficam e transitam nas proximidades. “Eu não ando de noite aqui. Ninguém anda. As pessoas só passam, usam táxi ou carro, ou de outras formas. É perigoso”, explicou.
O contrato do transporte VLT foi rescindido em 2017 e a estrutura passou a ser demolida em 2020. Enquanto uma solução definitiva não é tomada, a Sinfra também não apresenta planos para limpeza e manutenção da “ilha”. Até que a construção da praça possa ser iniciada e um acordo realizado com os moradores, o cenário incerto permanece na vida de cada um deles.
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