Publicidade

Cuiabá, Quinta-feira 11/09/2025

Judiciário - A | + A

MORTE DURANTE TREINAMENTO 23.09.2021 | 14h42

'Gostava da fama de carrasca', diz defesa de família de Rodrigo durante julgamento; acompanhe aqui

Facebook Print google plus

Otmar de Oliveira

Otmar de Oliveira

Acompanhe aqui o julgamento

 

Atualizada às 18h38 - Na sustentação da defesa, o advogado Huendel Rolim pontuou que a tenente Izadora Ledur é uma mulher forte e enérgica. Entretanto, não se pode confundir energia e rigor como dolo, ou acusação para castigar.


Durante treinamento, Izadora foi uma das melhores alunas. Inclusive, se destacou na mesma prova em que Rodrigo Claro acabou falecendo. Ela priorizava a sua carreira. “Ela tinha força de vontade em salvar vidas. Como teve que demonstrar a que veio, foi uma das primeiras da turma. Essa inicialmente é a Ledur, uma mulher forte, enérgica, mas que sempre colocou a instrução acima até mesmo dos seus sonhos. Até porque seus sonhos estavam sempre vinculados à carreira”, apresenta.


Rolim explica que os depoimentos das testemunhas foram tirados de contexto. Ele cita a dificuldade de Rodrigo ao nadar. Inclusive, afirma que ele não predominava o nado crawl, que deveria ser aplicado na prova da Lagoa Trevisan.


“Foi muito foi utilizado o depoimento do Mailson, talvez o melhor nadador do pelotão. Já o Rodrigo Claro nadava muito mal, não conseguia nem fazer os 25 metros, tinha bastante dificuldade na água e falava que por ser filho de bombeiro, ele tinha que melhorar, senão ia prejudicar ele”, disse.


Ciente de sua dificuldade, a defesa afirma que Ledur nada mais fez a não ser incentivar Rodrigo, até de forma incisiva e rigorosa, para que ele não colocasse ele mesmo e outra pessoa em perigo durante uma situação de afogamento, por exemplo.


“Ledur sempre buscou incentivar de forma enérgica seus alunos. Existem relatos dentro dos autos de pessoas com dificuldades, que buscavam nos fins de semana melhorar suas deficiências, porque se estivessem em situação de risco, podiam levar não só ele a óbito, mas a pessoa também. Então quando Ledur disse que ele precisava melhorar, não há como imputar dolo ou castigo. É querer mal instruir a pessoa a melhorar?”, defende.


Sobre as informações do edital para se tornar bombeiro, Rolim pontua que as informações não detalhadas, como as provas de natação. Apesar de realizar exames de saúde e atividades físicas, essas provas não são contundentes. Ele cita inclusive sobre o exame do perito, que conferiu um vaso dilatado no corpo de Rodrigo.


Ainda de acordo com Rolim, mesmo que atuasse de forma enérgica, Ledur ainda pediu para que fosse entregue uma boia a Rodrigo, além de permitir que ele trocasse de canga (dupla na prova) e fosse auxiliado por outros colegas.


“Esses cursos precisam ser melhor monitorados, esses exames iniciais são frágeis. Falar que exame de sangue preenche requisito pra você ser um soldado? Agora, foi dito que ele não tinha uma doença pré-existente, que isso seria criação da defesa. A defesa nunca disse isso. Quem disse foi o perito e ele disse que esse vaso poderia se romper uma semana antes, dormindo”. 

 

Atualizada às 16h04 - O advogado da família de Rodrigo Claro, Julio Cesar Lopes, apontou que a tenente Izadora Ledur gostava da fama de "carrasca". "Gostava de se exibir como carrasca, perversa e conseguiu. Essa fama a precede porque as provas constantes nos áudios, ela conseguiu fazer com que uma aluna pedisse desligamento [do treinamento], que Maurício pedisse desligamento, após sessões de afogamento, desmaio e quase morte.  O próprio Maurício não morreu porque optou pela vida, em detrimento de terminar o curso de bombeiro", disse. 

 

Ele cita que a defesa de Ledur pode apresentar diversas alegações, contudo, o que consta nos autos do processo evidencia a tortura que o então aluno sofreu. "Vai alegar que os caldos, pra não dizer afogamento, é pra ensinar o aluno a se virar naquela situação. Vai alegar que a vítima possuia plano de saúde. Porém, excelências, todas essas alegações são destoantes dos documentos e provas que constam nos autos".

 

Em seguida, exibiu os depoimentos das testemunhas durante o treinamento. Um dos colegas de Rodrigo, Mailson, afirmou que o jovem era tranquilo e não tinha dificuldade de aprendizado, além de possuir um bom porte físico. "Ele ajudava a gente nas dificulades das matérias que a gente tinha. Ele tinha facilidade, uma hora antes ele ficava na sala pra revisar as matéria pras provas. O Claro tinha porte bom, ele é bem alto, porte atlético bom", relembra.

 

As testemunhas também apontam que pelo fato de Rodrigo ter apresentado um atestado médico no dia de seu treinamento, ela passou a persegui-lo. Por conta das constantes maratonas que faziam, Rodrigo teve um problema de joelho. 

 

"Ele pegou atestado, não sei o motivo, aparentemente era problema no joelho. Nesse dia a gente foi até mais cedo, 3h da manhã pra fazer corrida de meia maratona. Nisso, ele apresentou o atestado e ela o deixou uidando dos veículos", conta.

 

O colega afirma que ela "pegava no pé de Rodrigo", ainda dizendo que o atestado era "frouxura". "Por conta das corridas, ela falava que era 'frouxura', que isso não era coisa de militar, que ele tinha que conseguir". 

 

Atualizada às 14h54 - O promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta apresentou relatos de diversas testemunhas do treinamento, que confirmaram que Rodrigo Claro apresentou fortes dores de cabeça e vômitos após receber os "caldos" na Lagoa Trevisan. Segundo afirmou, o jovem foi vítima de um castigo pessoal. 

 

Antes de participar do treinamento, Rodrigo teria apresentado atestado médico, o que pode ter levado uma "ira" da tenente. Além disso, as testemunhas também apontaram que Rodrigo tinha dificuldades na água. 

 

"Castigo pessoal, afirmo pelo fato de não ter apresentado ótimo desempenho aquático. Castigo pessoal, por Rodrigo Claro ter apresentado atestado médico antes do fato", disse.  

 

"Houve a submissão do aluno ao intenso sofrimento físico e mental, que redundou na sua precoce morte. Esse caso é tão grave que se tornou objeto de estudos por acadêmicos da Universidade Federal da Paraíba, analisando a tortura na modalidade castigo, imposta a vítima. Vítima que a todo tempo durante seu intenso sofrimento físico e mental, clamava para sair do curso".

 

O julgamento

A Justiça Militar inicia nesta tarde de quinta-feira (23) o julgamento da tenente Izadora Ledur, acusada de torturar até a morte o soldado do Corpo de Bombeiros, Rodrigo Claro, durante treinamento de salvamento aquático na Lagoa Trevisan, em 2016.


Cinco anos após a morte de Rodrigo, o julgamento teve inicio nessa tarde. Não há previsão de encerramento.


O conselho é presidido pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada de Justiça de Militar de Cuiabá, e composto pelo tenente-coronel Neurivaldo Antônio de Souza e os majores Paulo César Vieira de Melo Júnior, Ludmila de Souza Eickhoff e Edison Carvalho.

 

Leia também - 'Espero que agora Rodrigo descanse em paz', afirma mãe de soldado morto após treinamento


A defesa de Ledur, feita pelo advogado Huendel Rolim, apresentou requerimento para que ela fosse dispensada. O pedido foi aceito pelo conselho.


Em seguida, o promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta iniciou a acusação. Durante sua sustentação oral, que pode durar até três horas, ele apresentou falas de testemunhas, apontando que a tenente sabia que ele tinha dificuldade na água e que provavelmente queria “pegá-lo”.


O Ministério Público pede a condenação da tenente pelo crime de tortura.


Por sua vez, a defesa de Ledur quer a absolvição. “não se verifica dos autos a caracterização da conduta delitiva, tampouco o nexo casual entre os treinamentos e a causa mortis do aluno-soldado”, defendem.

 

O caso
Rodrigo Claro morreu em 15 de novembro de 2016, 5 dias após ser internado em hospital particular de Cuiabá.

 

Ele participava de treinamento de salvamento aquático na Lagoa Trevisan, curso do qual a oficial era instrutora. Conhecida por sua conduta enérgica e até agressiva, a tenente teria perseguido o soldado, sabendo da dificuldade que ele apresentava durante o treinamento.

 

No curso, o jovem passou mal após sofrer vários “caldos” e foi impedido pela tenente de deixar a aula, mesmo relatando o mal estar. Já sem forças para continuar, ele saiu do treinamento e foi buscar socorro médico.

 

Da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Verdão, ele foi encaminhado para o Hospital Jardim Cuiabá, onde faleceu.

Voltar Imprimir

Publicidade

Comentários

Everton gomes dos reis - 23/09/2021

Essa tenente ledur tem que ser exonerada cade o misterio puplico que nao faz nada se fosse pobre tava preso ela tem pai coronel e irmao oficial do bombeiro corja de bandidos.

Marcio Aurélio Constantino - 23/09/2021

Esse tipo de treinamento é típico de treinamento MILITAR. O Policial e o Bombeiro não são MILITARES. Eles tem que ser treinados para SERVIR A sociedade, combater o crime e assegurar a paz. Chega de MILITARISMO no meio POLICIAL. Isso é resquício da ditadura MILITAR. Temos que evoluir e parar com esses treinos MACABROS.

Neto Queiroz - 23/09/2021

Foi trágico o que ocorreu, mas, no meu entendimento, foi um acidente. Um bombeiro militar é obrigado, no exercício de suas funções, a salvar pessoas em situação de afogamento, dentre outras missões a cumprir. Quem quer ser bombeiro militar tem que passar por um treinamento exaustivo, para que possa estar capacitado ao cumprimento de sua missão. Lembrando que, quem não se sentir fisicamente capaz de cumprir o treinamento, pode simplesmente desistir do treinamento.

3 comentários

1 de 1

Enquete

Está em pauta no STF o pagamento de até 6 meses de pensão pelo INSS a vítimas de violência doméstica afastadas do trabalho. Você concorda com a medida?

Parcial

Publicidade

Edição digital

Quinta-feira, 11/09/2025

imagem
imagem
imagem
imagem
imagem
imagem
btn-4

Indicadores

Milho Disponível R$ 66,90 0,75%

Algodão R$ 164,95 1,41%

Boi à vista R$ 285,25 0,14%

Soja Disponível R$ 153,20 1,06%

Publicidade

Classi fácil
btn-loja-virtual

Publicidade

Mais lidas

O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.

Copyright© 2022 - Gazeta Digital - Todos os direitos reservados Logo Trinix Internet

É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.