ajuda dos eua 19.10.2025 | 08h00
Reprodução/X/@GeopolPt
A Ucrânia intensificou, desde agosto, uma série de ataques com drones contra o setor energético da Rússia. O objetivo, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters, é atingir refinarias, depósitos e oleodutos que sustentam a economia de guerra de Moscou.
De acordo com dados do centro independente britânico OSC (Open Source Centre), a Ucrânia realizou 58 ataques a instalações energéticas russas entre agosto e meados de outubro.
Leia também - Terroristas do Hamas retomam execuções públicas e replicam táticas do Talibã
Antes disso, haviam sido apenas três nos meses de junho e julho somados. Os drones percorreram até 2.000 km dentro do território russo, alcançando refinarias, estações de bombeamento e terminais de exportação.
Autoridades ucranianas afirmam à Reuters que o principal objetivo da campanha é provocar falta de gasolina e diesel na Rússia, o que dificultaria a logística militar de Moscou. Os efeitos, segundo a agência, já aparecem: os preços domésticos da gasolina subiram cerca de 10% e há relatos de filas em postos.
Segundo cálculos da Reuters, os ataques reduziram 21% da capacidade de refino russa no fim de agosto – cerca de 1,4 milhão de barris por dia. A Rússia, em resposta, intensificou bombardeios a usinas e estações de energia na Ucrânia, causando apagões em várias regiões.
Como são feitos os ataques
Impedida de usar armas ocidentais em território russo, Kiev passou a investir no desenvolvimento de drones próprios de longo alcance. Entre os modelos mais usados, estão o Liutyi e o FP-1, capazes de voar mais de 1.000 km.
As operações geralmente envolvem 20 a 30 drones armados com explosivos, segundo uma fonte ucraniana. Em algumas ofensivas, o número chega a 300 aeronaves. Parte dos drones atua como isca, desviando a atenção das defesas aéreas russas.
Os drones utilizam navegação visual, com câmeras que comparam o terreno com mapas pré-carregados, o que os torna menos vulneráveis a interferências eletrônicas. Também podem operar com antenas de navegação por satélite resistentes a bloqueios.
Imagens de satélite verificadas pela Reuters mostram que a Rússia instalou estruturas de proteção e redes antidrones em refinarias estratégicas, como a Gazprom Neftekhim Salavat, a 1.400 km da fronteira ucraniana.
Impacto econômico
Mais da metade dos ataques identificados pelo OSC teve como alvo refinarias localizadas na parte europeia da Rússia, de Krasnodar (Mar Negro) até regiões próximas a Moscou e São Petersburgo. Algumas, como as usinas de Syzran, Saratov e Afipsky, foram atingidas várias vezes.
A Ucrânia também atacou estações de bombeamento do oleoduto Druzhba, responsável por levar petróleo russo até a Hungria e a Eslováquia, e terminais marítimos no Mar Negro e no Mar Báltico.
Como resultado, o governo russo impôs restrições às exportações de diesel e gasolina. As interrupções obrigaram o país a aumentar o envio de petróleo bruto e reduzir a exportação de derivados refinados.
O especialista ucraniano Mykhailo Gonchar, do centro Strategy 21, disse à Reuters que os ataques podem complicar as operações da estatal Transneft, que administra os oleodutos russos, e também forçar Moscou a gastar grandes valores com reparos.
Principal fonte de receita
O setor de petróleo e gás representa entre um terço e metade da arrecadação federal da Rússia. Segundo o Ministério das Finanças russo, essa participação caiu para 25,4% em agosto de 2025, um dos menores níveis desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
Dados da Agência Internacional de Energia indicam que a receita da Rússia com exportações de petróleo e derivados atingiu patamares mínimos em cinco anos, agravando a desaceleração econômica.
Apesar da queda, o governo russo afirma que a economia segue estável e que o crescimento projetado é semelhante ao de países da UE (União Europeia).
Na prática, os ataques e a escassez de combustível pressionaram os preços – a gasolina subiu 9,5% e o diesel, mais de 3% desde fevereiro, segundo a Reuters. Em regiões como a Crimeia, sob ocupação russa, há relatos de racionamento de combustíveis.
Ajuda dos EUA
A postura de Washington também influencia a ofensiva. Segundo a Reuters, autoridades norte-americanas no governo de Joe Biden haviam pedido que Kiev evitasse atacar a infraestrutura petrolífera russa para não aumentar a tensão.
Sob o governo Donald Trump, essa restrição não foi reiterada. Fontes norte-americanas disseram ao jornal britânico Financial Times que os EUA compartilham informações de inteligência com a Ucrânia para ajudar na seleção de alvos energéticos.
Trump, no entanto, tem mantido uma posição instável: já interrompeu o envio de armas e criticou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, mas recentemente passou a defender publicamente a vitória de Kiev e considerar o fornecimento de mísseis Tomahawk.
Publicidade
Publicidade
Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
Publicidade
Publicidade
O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.