peronismo 08.09.2025 | 15h42
Reprodução/Record News
A província de Buenos Aires, a mais populosa da Argentina e responsável por cerca de 40% do eleitorado nacional, deu no domingo (7) a maior derrota de Javier Milei desde que ele assumiu a presidência em 2023. O peronismo, força política historicamente dominante na região, obteve 47,28% dos votos, contra 33,71% da aliança formada por A Liberdade Avança e o PRO, de Mauricio Macri. Com 99% das urnas apuradas, a diferença foi de quase 14 pontos percentuais.
A votação renova cadeiras no Senado e na Câmara da província, mas também funciona como um termômetro para as eleições legislativas nacionais marcadas para 26 de outubro.
Foi a primeira vez desde a redemocratização que a província realizou eleições de meio de mandato em separado das nacionais, decisão tomada pelo governador Axel Kicillof. O peronista saiu fortalecido e se consolidou como liderança da oposição.
O revés de Milei foi acompanhado de perto por todo o país. Ele havia projetado um cenário de empate técnico e, até dois meses atrás, falava em vitória na província. No entanto, a realidade foi diferente. “Sem dúvida no plano político hoje tivemos uma derrota clara e se alguém quiser reconstruir o que deve ser feito é aceitar os resultados, tivemos um revés eleitoral”, admitiu o presidente.
A derrota foi explicada por uma combinação de fatores. No campo político, o peronismo lançou candidatos de peso ligados à gestão provincial. No primeiro distrito da Grande Buenos Aires, por exemplo, a lista ao Senado foi encabeçada por Gabriel Katopodis, ministro da Infraestrutura e Serviços Públicos de Kicillof, que conquistou cinco cadeiras.
Já no terceiro distrito, a vice-governadora Verónica Magario garantiu dez vagas. Mesmo em áreas onde os peronistas tradicionalmente enfrentam dificuldades, como o interior da província, conseguiram superar o governo.
O resultado no chamado Conurbano Bonaerense, região que reúne municípios ao redor da capital argentina, foi decisivo. Distritos historicamente peronistas como La Matanza e Lomas de Zamora deram margem suficiente para consolidar a vitória. Em contrapartida, os mileístas só venceram em áreas específicas, como Tandil, Pinamar e Bahía Blanca.
No campo econômico, Milei chegou à votação com dados menos favoráveis do que esperava. Apesar da queda da inflação acumulada em comparação com 2024, a economia mostrava sinais de estagnação e retração, além de intervenções recentes no câmbio para segurar a desvalorização do peso. Esse cenário reduziu o impacto positivo que o governo esperava explorar durante a campanha.
A imagem do presidente também foi atingida por denúncias que envolvem sua irmã e principal aliada política, Karina Milei. Áudios de um ex-funcionário indicaram possível esquema de corrupção na compra de medicamentos destinados a pessoas com deficiência. O caso ganhou repercussão poucos dias antes da votação.
Do lado peronista, o discurso foi de fortalecimento e de crítica direta ao governo. Kicillof comemorou o resultado com um tom de enfrentamento. “Os números explicaram a Milei que ele não pode mais governar com ódio, com insultos. Que as pessoas com deficiência não podem ser abandonadas”, afirmou o governador durante a celebração em La Plata.
Cristina Kirchner, em prisão domiciliar e impedida de disputar cargos, também se pronunciou. “Decidiram dar um basta a um presidente que parece não entender que precisa governar para todos. Espero que este pronunciamento popular o ajude a entender que ele não pode exercer seu cargo da maneira como faz”, disse a ex-presidente.
Com o resultado, os peronistas aumentaram a presença no Senado provincial, passando de 21 para 24 cadeiras, e mantiveram a posição de primeira minoria na Câmara, com 39 assentos. A coalizão governista, por sua vez, avançou de 12 para 15 cadeiras no Senado e de 24 para 31 na Câmara, mas não conseguiu reduzir a distância em relação ao principal adversário.
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