Chapada gasta R$ 4 mi em mudas para 'embelezar' cidade e população se revolta

O prefeito de Chapada dos Guimarães (65 km de Cuiabá), Osmar Froner (União), decidiu gastar R$ 4,4 milhões na compra de plantas ornamentais, incluindo espécies exóticas e mudas de alto valor unitário. O contrato foi firmado com a empresa Viveiro Bogorni LTDA, através de um pregão a pedido da Secretaria Municipal de Agricultura e Assuntos Fundiários do município. Veja documento no link.

A compra provocou forte reação da população, que questiona não apenas o gasto milionário, mas a troca de árvores adaptadas ao clima local por espécies que, segundo eles, dificilmente sobreviverão.

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Em vídeos e mensagens compartilhadas nas redes, moradores relatam indignação com a derrubada e o transplante dos ipês.

“Estão retirando os ipês da rotatória”, cita um morador. “Caraca, R$ 4 milhões em planta? Vão plantar espécies exóticas pra morrerem na próxima seca. Oliveiras de 40 anos… As plantas retiradas, os ipês, que vão replantar em outro lugar, não sobreviverão. Um absurdo”, desabafou outro deles.

Entre os valores que mais chamam a atenção estão os referentes às espécies exóticas previstas no registro de preços. O item mais caro é a oliveira, orçada em R$ 14.400,00 cada, totalizando R$ 115.200,00 por apenas 8 unidades.

Também surpreende o valor das mudas de árvore-samambaia (Filicium decipiens), cotadas a R$ 1.270,00 por unidade, acumulando mais de R$ 218 mil para 172 mudas. Outro ponto criticado é a inclusão de palmeiras e plantas pouco comuns no bioma local, como as palmeiras Washingtonia, que custam R$ 1.090,00 a unidade, e as palmeiras tamareiras a R$ 1.450,00 cada, somando juntas quase um milhão de reais em espécies adaptadas a climas muito diferentes do de Chapada.

Além delas, a lista inclui outras espécies com valores considerados elevados, como a jabuticabeira sabará adulta de 23 anos, vendida a R$ 5.450,00 cada, e árvores ornamentais importadas, como a sete-copa africana, com exemplares de 3 metros cotados a R$ 1.650,00 a unidade. Mesmo plantas nativas comuns, como ipês de 3 metros, aparecem com valores entre R$ 650 e R$ 730 por unidade, enquanto espécies como resedá, oiti e pata-de-vaca ultrapassam os R$ 120 mil no total de suas quantidades.

Para os moradores, os preços registrados não apenas ultrapassam o bom senso, como reforçam a percepção de que o projeto privilegia ornamentação importada e de manutenção difícil, em detrimento de árvores nativas já consagradas pela resistência ao clima da região.

“Tiraram plantas que já estavam florindo, que eram nativas, para plantar um monte de palmeiras e plantas exóticas. Tem muda de 14.400 a unidade. Muda de samambaia de 1.270 reais!”, criticou outro morador.

Outro lado

A Prefeitura de Chapada dos Guimarães, por meio da Secretaria Municipal de Governo, vem a público esclarecer informações divulgadas nas redes sociais sobre o plantio de árvores ornamentais e frutíferas em diversos pontos da cidade.

Nos últimos dias, o município deu início a um amplo projeto de paisagismo e arborização urbana, com o objetivo de embelezar a entrada e os canteiros públicos, aproveitando o início do período chuvoso, ideal para o desenvolvimento das mudas.

Sobre a retirada de uma muda de Ipê branco no canteiro central da cidade, a Prefeitura esclarece que o exemplar não foi cortado, mas replantado em outro local, no mesmo canteiro, devido ao redesenho do paisagismo, que prevê o uso de outras espécies no espaço, como jabuticabas, oliveiras e primaveras.

Ao todo, 341 árvores estão sendo plantadas, entre espécies ornamentais e frutíferas, que vão transformar a paisagem urbana e reforçar o cuidado da Prefeitura com o meio ambiente e a qualidade de vida dos moradores.

O plantio contempla várias áreas estratégicas, com diferentes espécies: Rotatória da Água Fria: 33 mudas de tamareiras; Contorno do Pelé: 21 rabo-de-raposa, 16 tamareiras, 15 Washingtonias e 2 oliveiras; extensão da avenida de entrada da cidade: 146 palmeiras Fênix e 94 primaveras; contorno de chegada da avenida: 6 jabuticabas Sabará adultas e 8 oliveiras.

O secretário de Governo de Chapada, Gilberto Mello, reforça ainda que o plantio das palmeiras, no canteiro central, não apagará a beleza e encantamento das dezenas de Ipês que foram plantados há quase duas décadas, quando foi prefeito.

“Esse Ipê que foi replantando em outro local do canteiro, eu que plantei, quando fui prefeito em 2007. Assim como os demais Ipês que estão nos canteiros laterais e que logo estarão florindo. Isso já tem quase 20 anos, e temos que plantar mais. É um pedido que sempre recebemos de nossos moradores e visitantes”, disse.

Cabe esclarecer ainda que não foram gastos quase R$ 5 milhões, como erroneamente divulgado em grupos de whatsapp. O trabalho faz parte do Registro de Preços nº 001/2025, firmado com o Viveiro Bogorni Ltda, resultado de processo licitatório realizado em março deste ano, com valor global máximo de até R$ 278.977,50.

É importante destacar que o registro de preços é um procedimento normal na administração pública e não significa gasto imediato desse valor.

Nesse modelo de contratação, a Prefeitura fica autorizada a adquirir produtos ou serviços conforme a necessidade, ao longo do período de vigência da ata. O pagamento ocorre somente pelo que for efetivamente utilizado, e o valor total representa apenas o limite máximo de contratações possíveis.

Na modalidade de licitação por registro de preços, você só compra o que usa. Não é um contrato de R$ 5 milhões, e sim um valor máximo autorizado. Além disso, a mesma ata pode ser utilizada por outros órgãos públicos, caso haja interesse e compatibilidade do objeto, o que é prática comum e legal.

A Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães reforça ainda que o embelezamento paisagístico é pedido da própria população local. Além de fazer parte de um plano maior de valorização urbana e recuperação ambiental, sendo executado com responsabilidade técnica, financeira e ecológica.

Desta forma, o Município reafirma seu compromisso com o uso correto dos recursos públicos e o desenvolvimento de Chapada dos Guimarães, que em breve estará ainda mais florida, verde e acolhedora.