zoofilia nas redes 23.08.2025 | 12h03
fred.moraes@gazetadigital.com.br
MPMT
Esta semana, a delegada Jorzilethe Magalhães, da Delegacia de Crianças e Adolescentes, trouxe à tona denúncias preocupantes sobre esquema de abusos sexuais praticados na internet e fora dela em Cuiabá. Há relatos de desafios na madrugada e até de zoofilia. O depoimento ocorreu na Câmara de Vereadores, essa semana.
Na quarta-feira (20), o Legislativo municipal realizou a audiência pública para debater a violência sexual contra mulheres e crianças. A sessão foi presidida pela vereadora Maysa Leão (Republicanos), e discutir formas de ampliar o amparo do poder público às vítimas, fortalecendo a rede de enfrentamento e garantindo a criação de políticas públicas permanentes.
Na tribuna, a delegada narrou que, há cerca de 5 anos em atuação na delegacia, tem visto diariamente denúncias de vítimas menores de idade que são submetidas a crimes sexuais por predadores no campo virtual, durante jogos online.
“Existem adolescentes torturadas pela internet para praticarem zoofilia. Fazem eventos dentro da internet, que começam na madrugada, com 3 a 4 mil espectadores, e, na base da ameaça, realizam as atrocidades. Essas adolescentes são obrigadas a manter relações com cachorros, se masturbam na frente deles, isso chega ser o mínimo que acontece nas redes”, revelou a delegada.
A policial pontuou que a facilidade de acesso dos menores a celulares e internet potencializou os registros de boletins de ocorrência referentes a crimes de estupro.
“Hoje, temos uma arma na mão, o celular, que entregamos a crianças, adolescentes e até bebês. Existem pedófilos nas redes sociais que amam receber fotos de bebê para se satisfazer, porque dá prazer. Existem meninas torturadas. Falo isso porque estou na delegacia de adolescentes, que tecem relatos muito pior", destacou.
Jozirlethe Magalhães clamou para que responsáveis fiquem mais vigilantes quanto a vivência dos filhos nos campos virtuais, principalmente em jogos online, que podem parecer inofensivos, mas, do outro lado da tela, barbáries acontecem.
“Muitas vezes, nós nem estamos percebendo que temos dentro da nossa casa. Achamos que estão jogando online e não sabem que ali são cooptados para esses tipos de abusos. Está ficando fora de controle. O número de estupros cometidos por adolescentes é maior do que tráfico de drogas na Capital, isso só com dados da minha delegacia”, comparou a profissional da segurança pública.
A vereadora Maysa Leão destacou a urgência do tema, especialmente no Agosto Lilás, mês de conscientização sobre a violência contra a mulher. Ela reforçou que a pauta deve ser tratada de forma contínua, com implementação de medidas efetivas.
“Muito antes da repercussão de vídeos e debates que viralizam nas redes sociais, já existem especialistas e profissionais que lidam diariamente com a dor dessas vítimas, como a juíza Vanessa Cavalieri, que há anos denuncia a realidade de crianças violentadas. O mais grave é perceber que essa violência nasce dentro de casa, onde deveria haver proteção. Em Cuiabá, por exemplo, não há atendimento psicológico individual para menores de 18 anos vítimas de violência. Encaminhá-las ao CAPS é um equívoco, já que a unidade oferece terapia em grupo para outros fins. A quebra do ciclo da violência só virá com conscientização e políticas públicas concretas. A hora de mudar é agora”, clamou a parlamentar.
Representantes da sociedade civil também reforçaram a gravidade do tema. A diretora da ONG Lírios, Muriel Torres, lembrou que Mato Grosso está entre os estados com os piores índices de violência contra mulheres e meninas. Atualmente, a instituição atende cerca de 180 vítimas.
Já a coordenadora da entidade, Maria Fernanda Figueiredo, destacou que mais de 80% das mulheres vítimas de violência doméstica sofreram abusos na infância e cobrou ações do poder público.
“Há 7 anos pedimos que a Prefeitura de Cuiabá implemente programa de prevenção nas escolas municipais, mas nunca tivemos resposta. O município tem uma dívida impagável com as meninas e mulheres”, acusou.
A secretária da Mulher de Cuiabá, tenente-coronel Hadassah Suzannah, ressaltou que a gestão municipal tem buscado ampliar o atendimento às vítimas.
“Nosso objetivo é estar presente nos bairros e periferias, oferecendo acolhimento psicológico e social, além de conscientizar sobre os direitos das mulheres. A parceria com o Legislativo é fundamental, e por isso parabenizamos a vereadora Maysa Leão pela iniciativa”, informou.
O encontro reuniu representantes do Ministério Público do Estado (MPMT), da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), da BPW Cuiabá e Várzea Grande, além de advogados, psicólogos e membros da sociedade civil organizada. Como encaminhamento, propostas e demandas levantadas durante a audiência serão encaminhadas aos poderes Executivo e Legislativo, visando à construção de políticas públicas permanentes.
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