afastado desde abril 04.09.2025 | 14h02
fred.moraes@gazetadigital.com.br
João Vieira/GD
Durante seu retorno à Câmara de Cuiabá, o vereador Sargento Joelson (PSB) classificou como “armação forjada” a denúncia que levou ao seu afastamento por 4 meses, com o presidente da Casa, Chico 2000 (PL). Segundo ele, o autor da acusação, João Jorge, então funcionário da empresa HB20 Construções, responsável pela obra do Contorno Leste, teria manipulado informações com o objetivo de se proteger em outro processo.
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O vereador ainda relatou que a denúncia partiu de uma tentativa do ex-funcionário de se eximir de responsabilidade, já que o mesmo havia sido desligado da HB20 pouco antes de acionar o Ministério Público e a Polícia Civil.
“Foi uma situação complicada. Uma surpresa. Hoje, 4 meses depois, a gente já entende bem o que aconteceu. Infelizmente, a pessoa que fez a denúncia, para tentar se salvar num outro processo, abriu um novo processo contra nós. O João Jorge forjou, eu tinha mais de 500 conversas com ele, mas separou apenas 8 prints específicos. Ele foi mandado embora 20 dias antes de fazer a denúncia contra nós. E a própria empresa abriu um inquérito contra ele, apurando um suposto desvio de R$ 4 milhões”, disse.
Apesar de considerar a denúncia injusta, Joelson afirmou que o período fora do cargo trouxe reflexões pessoais e aproximação com a família e a fé.
“Eu tenho honra de dizer que hoje eu sou pai de jogador de futebol. Meus filhos, de 12 e 10 anos, eu acompanhei muito nesses quatro meses. Aliás, por isso eu falei ali dentro que estou perdoando de coração o denunciante, porque ele me mostrou um lado da minha vida que eu não estava vivendo. Eu me aproximei muito mais de Deus nesse momento, a parte espiritual. Tenho uns 120, 125 dias de pureza nesse sentido, porque era o que nos restava”, declarou.
O parlamentar contou ainda que sua estratégia inicial era aguardar os 180 dias de investigação, sem recorrer para antecipar o retorno. No entanto, decidiu ingressar com recurso após mudanças na condução do inquérito. Joelson destacou que, desde a abertura do inquérito, não chegou a ser ouvido pela polícia e que sua volta ao cargo só ocorreu após o pedido de prorrogação do prazo de investigação pela delegada responsável.
“Não demoramos tanto tempo afastados. Temos que entender o que aconteceu. O inquérito foi instaurado para 180 dias, para apurar se era verdade ou não. A minha ideia inicial era aguardar esse prazo, eu não ia mover uma palha para voltar antes dos 180 dias. O primeiro recurso que eu entrei demorou 32 dias para ser julgado. Eu só fui convencido a entrar porque o inquérito tomou outros caminhos. A delegada pediu mais prazo para continuar investigando. Eu cobrei para ser ouvido, mas diziam que não era hora”, concluiu.
Investigação
Como mostrou o , os vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson retornaram à Câmara Municipal de Cuiabá, na manhã desta quinta-feira (4). Os dois parlamentares conseguiram na Justiça o direito de retornarem aos cargos no último fim de semana. Inicialmente, somente Sargento Joelson havia conquistado um habeas corpus determinando seu retorno pela Quarta Câmara Criminal de Cuiabá. Como Joelson e Chico foram afastados pelo mesmo motivo, o desembargador Juvenal Pereira da Silva, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) estendeu a decisão ao ex-presidente do Legislativo municipal.
Conforme decisão, a defesa alegou excesso de prazo da medida cautelar, bem como falta de contemporaneidade da denúncia feita por Abilio Brunini, na época deputado federal e hoje prefeito de Cuiabá.
Em sua avaliação, o magistrado ponderou que remover do cargo um político eleito pelo povo, sem demonstração de “perigo concreto” excede a razoabilidade. Contudo, pondera que a medida não ameniza as acusações contra ambos vereadores, investigados por corrupção.
Chico 2000 e Sargento Joelson foram afastados do cargo após serem alvos de uma operação da Polícia Civil que investiga crimes de corrupção no parlamento municipal envolvendo propinas para a aprovação de matérias legislativas que possibilitavam pagamentos atrasados pelo município a uma empresa responsável pela construção do Contorno Leste, no ano de 2023.
O inquérito policial feito pela Polícia Civil, qual o teve acesso, mostrou que em uma troca de conversas entre o vereador Sargento Joelson e um homem identificado como J.J., apontado como o responsável por fazer os pagamentos da propina pela empresa HB Construções, mostrou que em um áudio, o parlamentar confirmou que o também vereador Chico 2000, então presidente da Câmara de Cuiabá, estava ciente do esquema criminoso. Na gravação, Joelson cita indiretamente de um acordo sob ciência de Chico, apontando que o vereador tinha conhecimento da prática.
O inquérito, elaborado após a análise de conversas anexadas pela denúncia a Delegacia Especializada à Combate a Corrupção, a DECCOR, da Polícia Civil, junto de prints de conversas entre Joelson e o intermediador, revela como eram feitas as transferências das propinas, pagas semanalmente entre valores de R$ 25 a R$ 50 mil.
No referido áudio, Joelson inicia cumprimentando o homem e na sequência diz que um outro funcionário da HB, teria lhe procurado para pressionar sobre a demora para autorizar os pagamentos retroativos por parte da Prefeitura de Cuiabá e retomar as obras do Contorno Leste. O vereador afirma não ter gostado que terceiros entrassem no ‘acordo’ e cita que Chico 2000 não gostaria de saber dessa intromissão.
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