corrida contra o tempo 09.07.2025 | 14h35
allan@gazetadigital.com.br
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Pacientes e profissionais da saúde manifestaram profunda preocupação com o impacto social e assistencial do fechamento da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, durante audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (9), na Câmara de Vereadores. Os relatos emocionados apontam para o risco de falta de atendimento, principalmente na área oncológica e de cirurgias pediátricas, caso o hospital seja, de fato, desativado pelo governo estadual.
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O otorrinolaringologista Francisco Pereira, com décadas de atuação na unidade, fez um apelo pela permanência da Santa Casa aberta. Ele também contestou números apresentados sobre a dívida da unidade.
“Eu sempre me emociono quando falo da Santa Casa. Ela foi minha vida. Morei 36 anos dentro da unidade, passava 14 horas por dia lá. Quando o representante do Ministério Público disse que a dívida era de R$ 76 milhões, isso não é verdade. A dívida real chega a quase R$ 400 milhões. Só a Caixa Econômica está executando a Sociedade Beneficente por R$ 106 milhões”, declarou.
Ele destacou que o fechamento comprometerá diretamente serviços únicos em Cuiabá e que o governo estadual não vai conseguir atender a demanda de pacientes, mesmo que remanejados para outras unidades.
Isso porque atualmente, o Hospital Estadual Santa Casa oferta serviços de média e alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com pronto atendimento pediátrico, ambulatório e internação nas especialidades de: cardiologia, cirurgia geral, cirurgia pediátrica, cirurgia vascular, clínica geral, fisioterapia, fonoaudiologia, hemoterapia, infectologia, mastologia, nefrologia, neurocirurgia, neurologia, nutrição, oncologia cirúrgica, oncologia clínica e cancerologia, oncologia pediátrica, otorrinolaringologia, pediatria, pneumologia e tisiologia, psicologia, psiquiatria, radiologia, radioterapia, urologia, medicina intensiva adulto, pediátrica e neonatal, e medicina intensiva cardiológica.
“A cidade nunca teve um serviço de cirurgia pediátrica como tem hoje. A criança chega no pronto-atendimento, é avaliada, passa por cirurgia se necessário e tem UTI disponível, tudo no mesmo local. Esse ciclo completo será encerrado. Estão tentando transferir os pacientes para outras unidades, mas elas não têm estrutura para absorver essa demanda. Querem trocar seis por meia dúzia”, criticou.
Francisco ainda denunciou a discrepância entre os dados oficiais e a realidade nas unidades de saúde. “Existe um aumento de pacientes que não aparece nas estatísticas do governador, do secretário de Saúde ou do promotor. Os dados chegam para eles, mas os pacientes chegam para nós”, continuou.
Pacientes temem ficar sem atendimento
Viviane Gonçalves Cardoso, paciente oncológica, emocionou os presentes ao relatar sua situação. “Tenho câncer de mama com metástase nos ossos. Não deixem a Santa Casa fechar. Nós precisamos do tratamento, da terapia. Tem crianças, jovens, adultos... vamos lutar por isso”, pediu.
MP promete acionar o Estado
A audiência pública ocorre dois dias após o governador Mauro Mendes (União Brasil) reiterar que a Santa Casa será definitivamente fechada assim que o Hospital Central for inaugurado, previsto para setembro deste ano. Segundo o governador, o prédio da Santa Casa não pertence ao Estado, o que inviabiliza a manutenção da unidade. O edifício deve ser leiloado para pagamento de dívidas trabalhistas que ultrapassam R$ 50 milhões, sendo R$ 43,7 milhões ainda em aberto e judicializados em cerca de 470 processos.
A promessa é de que os serviços atualmente ofertados na Santa Casa sejam redistribuídos entre outras unidades de saúde. No entanto, diante dos relatos apresentados na audiência, pacientes e profissionais temem que o fechamento da unidade resulte em uma quebra na continuidade e qualidade da assistência prestada.
O promotor do Ministério Público de Mato Grosso, Justiça Milton Mattos, reforçou que vai entrar com uma ação contra o Estado para garantir que a unidade fique aberta, caso o Executivo não consiga comprovar que nenhum paciente ficará desassistido.
“Não vou permitir que a Santa Casa seja fechada sem a garantia de que todos os serviços que existem ali sejam de fato migrados para outras unidades. O que mais me preocupa é a questão oncológica. O Hospital de Câncer não tem condições de absorver essa demanda. Se não houver uma definição muito clara sobre para onde esses serviços vão, eu vou judicializar contra o Estado”, afirmou.
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