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cuiabanos pelo mundo 11.05.2024 | 10h35

Dividido entre Brasil e Alemanha, jovem cuiabano sonha em se formar engenheiro

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Mariana da Silva - Especial para o GD

redacao@gazetadigital.com.br

Montagem Gazeta Digital

Montagem Gazeta Digital

Cuiabano de nascimento e alemão de criação, o jovem Rafael Francisco Saldanha Folz, 19, possui dupla cidadania herdada dos pais, um engenheiro alemão e professora brasileira. Durante boa parte da vida, ele esteve com “um pé” em cada país, buscando adaptar-se às mudanças de rotina entre os países tão distintos. Porém, com foco em se formar engenheiro, hoje ele vive definitivamente no exterior.

 

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Mas não foi somente nestes dois países que o rapaz já viveu. Com apenas 3 meses de vida, os pais de Rafael deixaram Mato Grosso para morar na Alemanha e, assim, ele passou a infância em curtas estadias em lugares como Catar, Holanda e Reino Unido. As mudanças constantes ocorriam devido aos deslocamentos de emprego do pai, que atuou em grandes empresas.

 

“Era bem comum a gente ficar em um país alguns anos, ficar na Alemanha um pouco e depois ir para outro. Nesse tempo tive oportunidade de visitar 22 países espalhados pelo mundo, vários na Europa, todos próximos um do outro. Então era só dirigir 5 horas de carro e estar em outro país, com outra cultura, outra língua, é bem legal. Essas experiências internacionais ajudam bastante quando muda de país e aprende a se readaptar em outro lugar”, recorda.

 

Acompanhar de perto a rotina do pai também o motivou a retornar ao país europeu, onde pretende estudar engenharia e espera se estabelecer no ramo devido às boas oportunidades que existentes para a área.

 

“Sempre me encantei com carros, com construção, sobre como eram feitas as coisas que a gente usa diariamente. Meu pai também me influenciou, ele é engenheiro civil então eu sempre tive um contato, ele sempre mostrava fotos das obras que ele estava trabalhando e me levava para ver como que estava indo, sempre achei interessante e tive essa paixão de saber como funciona tudo”, afirma.

 

Lembranças do Brasil
Entre idas e vindas, as memórias que Rafael tem de Cuiabá são das férias durante a infância e de alguns anos que morou no país. Com a separação dos pais, a mãe retornou com ele ao Brasil e na capital mato-grossense estudou do 8º ano do ensino fundamental, em 2017, até o ensino médio.

 

A família materna é cuiabana e ele morou por um período com os avós no Santa Rosa. Depois, Rafael e mãe se mudaram para o Bosque da Saúde. O avô Saldanha, ficou conhecido como jogador profissional de futebol por volta dos anos 70 e até foi atleta do Operário. Já a avó Catarina é natural de Poconé, mas se estabeleceu na capital. As 4 tias de Rafael são motivo de saudade e também de orgulho do rapaz.

 

Embora tenha nascido no Brasil, enfrentou algumas dificuldades ao se adaptar à nova rotina e também em relação ao idioma, pois a conversação em português ocorria somente com a mãe em casa na Europa e com familiares e amigos durante as férias no Brasil.

 

“Eu cheguei ao Brasil falando já a língua, mas eu não tinha noção nenhuma de gramática dessas questões mais de escrita. Foi uma dificuldade no começo, mas hoje em dia eu superei, graças a Deus. [...] Eu mantive meu alemão que falo desde pequeno por essa questão de sempre falar com meu pai em alemão dentro de casa quando a gente morava na Alemanha quando eu era mais novo”, afirma.

 

Em Cuiabá, gostava muito de comer peixe frito no Regionalíssimo e no São Gonçalo Beira Rio. A culinária local é inclusive uma das coisas que sente falta do Brasil. A distância também deixou saudade da família e também dos amigos que fez e tenta conversar até hoje para manter contato com vários deles.

 

“A questão da distância dificulta um pouco aquela relação como era antes, mas a gente ainda mantém bastante contato e é sempre muito bom quando chego ao Brasil e dá para a gente se ver de novo, fazer as festas, se encontrar, sair, fazer tudo junto de novo no tempo em que eu estou aí”, conta.

 

Vida e rotina na Alemanha

O retorno para o país europeu teve como principal propósito a formação em engenharia, já que o país tem tradição de formar profissionais renomados e possui um bom mercado de atuação. Rafael sempre esteve decidido da carreira profissional que queria seguir.

 

Acervo pessoal

cuiabanos mundo rafael alemanha

 

“Eu só vi pontos positivos para vir para cá. Não me preocupei muito sobre a mudança, porque eu já estava acostumado desde pequeno. Mas lógico, eu chorei em despedida dos meus amigos e da minha mãe, porque eu sabia que eu não ia vê-los por um tempo”, recorda.

 

Logo que chegou, foi morar com o pai, mas por questões de logística e transporte mudou-se para uma cidade maior, Mannheim, que fica ao lado de onde o pai vive, em Ludwigshafen.

 

“É uma situação bem parecida com Cuiabá e Várzea Grande, separadas por uma ponte praticamente. É a mesma coisa. Mas essa mudança foi difícil no começo. Até hoje tem certas dificuldades porque a Alemanha não é um país muito fácil de se adaptar e tem muitas burocracias em questões que você nem imagina, mas superando essa dificuldade no começo, fica bem mais tranquilo e bem mais legal de morar aqui”, conta.

 

Mannheim é a cidade de origem da Mercedes-Benz. A tecnologia faz da cidade um polo industrial, com muitas empresas e fábricas, que movimentam a localidade, que tem em torno de 300 mil habitantes. Parte da região foi arrasada durante a Segunda Guerra Mundial, e parte da cidade foi reconstruída. Além disso, boa parte da população é composta por imigrantes.

 

Para melhorar o idioma, Rafael tem feito curso de alemão, pois assim como o português, mesmo falando tem dificuldades com a gramática. A partir de setembro pretende começar um curso preparatório de engenharia para adentrar no lado mais técnico da atuação e aprender sobre os programas que se usa para elaborar o design da produção, além da matemática por trás.

 

Choques culturais e adaptação
Nem tudo são flores. Rafael ainda se perde na cidade por não a conhecer ainda tão bem e embora tenha familiaridade com o local em si, a adaptação é complexa. Mesmo falando o idioma e tendo um pouco de noção da cultura, descreve que as vivências no país são extremamente ao contrário do Brasil. Os hábitos e comportamentos variam e ainda são motivo de choque cultural.

 

Acervo pessoal

cuiabanos mundo rafael alemanha

 

“No Brasil a gente está acostumado em chegar, abraçar as pessoas, falar como se a gente já conhecesse a pessoa há não sei quantos anos e ter essa interação social bem aberta e livre. Aqui já não é tão assim, as pessoas já são um pouco mais fechadas, mais reservadas, mas com paciência e com o tempo as pessoas vão se abrindo, só que tem esse tempo aí se conhecer”, diz.

 

Quando o assunto é o clima, ele descreve que as casas são construídas para aguentar o inverno que atinge baixas temperaturas, mas no verão também pode chegar a 35ºC graus, em dois extremos. Ao mesmo tempo em que passa um período do ano o tempo todo com um ventilador ao lado, por outro lado, o céu cinza faz escurecer às 16h e já parece ser madrugada. O jeito é usar 3 camadas de casacos e moletom, para suportar o frio quando está na rua.

 

Quando o tempo está bom, aproveita para praticar alguns de seus hobbies preferidos, principalmente jogar futebol semanalmente. Participa dos treinos 3 vezes por semana e aos domingos joga com um time.

 

Acervo pessoal

cuiabanos mundo rafael alemanha

 

“Eles levam bem a sério aqui na Alemanha essa questão do futebol amador, algo que eu gosto bastante. Também quando o tempo está mais agradável, eu gosto de andar de bicicleta porque tem bastante vias de bicicleta que dá pra visitar lugares dentro da cidade, perto do rio, que passa dois rios aqui perto de onde eu moro, o rio Rhein e o Neckar. Então dá pra andar de bicicleta perto dos dois e ter umas vistas bonitas aqui da cidade”, afirma.

 

E como todo bom alemão, Rafael não poderia deixar de ir à famosa Oktoberfest com os amigos, em Munique. A ida durou cerca de 7 horas de viagem de trem, um pouco cansativo, mas valeu a pena, segundo ele.

 

“A Oktoberfest em si é uma doideira, parece carnaval, tem brinquedos, tem as tendas que são as mais famosas, ficamos na tenda da Paul Lanner, que é bem famosa por ser patrocínio do Bar de Munique, então em algum final de semana os jogadores do Bar de Munique vão lá e ficam lá. Gostamos mais da tenda da Hacker Shop, que é mais animada, a gente também encontrou bastante brasileiros perdidos por aí, então deu pra curtir bastante”, relembra.

 

Saudades e planos para o futuro

“O que eu mais sinto falta do Brasil é a minha família, são meus amigos, não tem como falar de outro jeito, são extremamente importantes pra mim. Sou muito apegado a eles, não ter esse contato diário todo dia é muito difícil. Eu também sinto falta do meu apartamento, do meu quarto, da minha cachorrinha todo dia, eu queria sentimento de lar, assim, que tem aqui, mas não é a mesma coisa’, desabafa.

 

Se pretende ou não retornar ao Brasil, Rafael acredita que vai continuar ao menos nos próximos anos na Alemanha.

“A engenharia é muito mais reconhecida aqui na Alemanha, então, por essas questões, imagino que eu ficarei aqui por um bom tempo, ou não, caso apareça uma oportunidade muito boa para retornar ao Brasil, que é algo também que eu às vezes penso, mas essa questão pra mim não é agora, mas talvez um dia eu volto sim”, afirma. 

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Comentários

Roberta Saldanha - 11/05/2024

Meu filho lindo, saudade e orgulho enormes! Te amo muito!

1 comentários

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