prejuízos generalizados 16.06.2025 | 19h05

mariana.lenz@gazetadigital.com.br
Mariana da Silva
Passado mais de um ano e meio desde a primeira interdição do Portão do Inferno por conta do risco de desabamentos de rochas, houve pouco avanço nas obras de retaludamento do local, reclamam moradores e vereadores de Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá). Para exigir explicações da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), parlamentares chapadenses e cidadãos estiveram no local nesta segunda-feira (16) em protesto.
Com faixas e camisetas brancas com os dizeres “Obra parada e sem transparência, povo penalizado”, os 11 vereadores da cidade foram ao local exigir respostas sobre o andamento da obra. Era também esperado que representantes da Sinfra e deputados estivessem no local, contudo, não compareceram.
A reclamação principal dos políticos, mas também de moradores que estiveram presentes, é de que não têm sido vistas movimentações e avanços significativos no espaço onde deveria ocorrer o retaludamento do paredão. O trecho ficou meses interditado até que fosse definida a alternativa adotada para conter os deslizamentos. Enquanto isso, caminhoneiros, comerciantes, lojistas e pessoas que têm empreendimentos na região relatam prejuízos com a restrição de tráfego pesado, que impacta nos preços e custo de vida na cidade turística.
Ao
, o presidente da Câmara, vereador Zé Otávio (PL), explica que cidadãos têm batido a porta da Casa de Leis com queixas diversas sobre como têm sido afetados em especial pela restrição de tráfego. “Estamos sendo prejudicados principalmente na questão de mantimentos, tem que pagar mais caro para fazer a volta pela Serra de São Vicente e a rota alternativa mais perto é a 246, que liga ao distrito de Água Fria, mas os caminhões pesados não podem passar por lá. É permitido só até 36 toneladas”, relata.
O parlamentar cita que a falta de comunicação e de transparência tem sido uma das principais falhas da Sinfra. “O turista fica com receio de vir porque não sabe se passa. Antes não passava, principalmente no período chuvoso. Terminou o período chuvoso e agora que é época seca, o momento em que a obra deveria estar a todo vapor, mas não é isso que a gente tá vendo aqui”, declara.
Segundo ele, o prefeito Osmar Froner (União), que não esteve no local, tenta marcar reuniões com representantes da Sinfra e a Câmara de Vereadores encaminhou ofício solicitando mais clareza, mas ainda sem retorno.
A vereadora Cida Lessa (PDS) informa que os parlamentares cobram audiência pública junto aos deputados estaduais para que a população seja ouvida. Mas ainda não há data.
Segundo alguns parlamentares, as articulações estão sendo feitas com os deputados Beto Dois a Um (PSB), Wilson Santos (PSD), Valdir Barranco (PT), Eduardo Botelho (União).
Vereadora Angela Brito ressalta que, além de Chapada, também são afetados os municípios de Planalto da Serra (256 km de Cuiabá), Campo Verde (131 km de Cuiabá), Nova Brasilândia (215 km de Cuiabá), Paranatinga (373 km de Cuiabá), pois necessitam que os mantimentos e outros itens circulam pela MT-251.
“Nós estamos ficando isoladas. Chapada está perdendo o brilho. Ninguém quer vir mais para Chapada. Os investidores não querem investir, porque não sabem como vai estar a situação, se vai passar, se vai finalizar essas obras ou não. O asfalto da Água Fria, por onde passariam os caminhoneiros, não pode passar mais. Eles são penalizados também. Estamos a mercê aqui na nossa cidade. Precisamos do governador, do secretário da Sinfra, Marcelo, o presidente do Tribunal de Contas. [...] Hoje estão trabalhando aqui porque eles ficaram sabendo que nós vereadores viríamos fazer uma fiscalização”, justifica.
Em relato emocionado e embargado pela angústia, a moradora Aniluce da Paixão narra que os cidadãos chapadenses têm passado dificuldades com as restrições de trânsito pela MT-251, mas as rodovias alternativas também estão com restrições.
“Fecharam duas rodovias que abastecem o município de Chapada dos Guimarães e ligam a Capital. Estamos com uma rodovia do Rio da Água Fria que liga o Manso também interditada para os caminhões. Nós não estamos podendo abastecer a nossa cidade com caminhão. Nós estamos precisando de calcário que sai da região do Manso, da Serra Morena, não está podendo entrar pela estrada da Água Fria e não está podendo passar pelo Portão do Inferno. Precisa dar a volta até Campo Verde. Isso é justo para a população? [...] Hoje a agricultura e pecuária de Chapada não tem calcário, não é só urbano e turismo, é rural também. Isso não é administração, é falta de planejamento e gestão deixar o município chegar no ponto que chegou. Nós passamos aqui sempre e está parado, hoje que vocês estão aqui tem gente [na obra]”, desabafa.
No último fim de semana, a reportagem do
passou pelo local e constatou o trecho sem qualquer movimentação de homens e maquinários. Já na segunda o cenário estava diferente. Havia em torno de 10 trabalhadores uniformizados, carros estacionados, fita zebrada e cones. Ao fundo, um trator ligado, contudo, estático. Os funcionários não sabiam responder que tipo de serviço executavam no momento.
Responsável pela parte operacional das obras, o geólogo e representante da Lotufo Engenharia, Henrique Ramos, não detalhou sobre o andamento e cronograma das obras realizadas no local, somente informou que um estudo era feito naquele momento.
“Para respostas oficiais, vocês devem consultar a Sinfra. Todos que estão trabalhando aqui hoje não tomam decisões a frente do projeto, a gente só faz o que vem de lá da Sinfra. Hoje eu não tenho essas informações que vocês querem. Somente entrando em contato com a Sinfra", orientou ao ser questionado.
A reportagem do
entrou em contato com a Sinfra e questionou sobre o andamento das obras, em qual fase de execução está, sobre o trânsito de veículos, cronograma e queixas da população sobre as rotas alternativas. A pasta retornou por meio de nota, confira a íntegra.
“A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) informa que está finalizando os estudos técnicos complementares para o reinício das obras no trecho do Portão do Inferno”.
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