CHAMOU DE 'BOSTA' 20.08.2025 | 07h31
redacao@gazetadigital.com.br
João Vieira
A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Faculdade de Direito da UFMT repudiaram, em nota, as falas do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), que classificaram o ensino da instituição como “uma bosta”. Segundo a nota, a declaração desqualifica, de maneira genérica e ofensiva, o trabalho de milhares de docentes, técnicos e estudantes, além de desrespeitar a sociedade.
A nota destaca que a UFMT é responsável pela formação de gerações de profissionais, pesquisadores e líderes atuantes no desenvolvimento do Estado e do país. “O reconhecimento da qualidade da formação acadêmica é atestado nacional e internacionalmente [...] A UFMT é referência regional e nacional em ensino, pesquisa e extensão”, diz trecho da nota publicada no Instagram da instituição.
Já a Faculdade de Direito classificou as declarações como “ofensivas, inverídicas, irresponsáveis e desrespeitosas” com a comunidade acadêmica. “A UFMT é patrimônio do povo mato-grossense e brasileiro, reconhecida nacional e internacionalmente pela qualidade de seu ensino e pesquisa, e pela dedicação de seus servidores técnicos, estudantes e docentes, que enfrentam diariamente as adversidades impostas pelo subfinanciamento das universidades públicas”, diz o texto - leia na íntegra no fim da matéria.
Para a faculdade, a fala do prefeito é uma tentativa de desqualificar a universidade pública, revelando o desconhecimento da relevância e também um ataque direto à educação pública, gratuita e de qualidade. “Exigimos respeito às universidades e a valorização da ciência, da educação e da autonomia universitária, pilares fundamentais para a democracia e para o futuro de Mato Grosso e do Brasil”.
Educação vai mal no Brasil
Desde a última semana, Abilio vem fazendo críticas a qualidade do ensino ofertado nas escolas municipais e estaduais. “A nossa educação no nível estado e município está de péssima qualidade. E muita das vezes alguém vai falar: ‘mas, nós estamos em oitavo lugar no nível Brasil’. Você vê como o Brasil tá ruim também”, declarou.
Mais adiante, em sua argumentação, ele criticou o governador Mauro Mendes (União), de quem é aliado, por enaltecer o oitavo lugar entre os estados brasileiros.
“Não tem do que se vangloriar [...]. Isso mostra que a política Paulo Freire não funcionou. Então precisamos repensar qual é a política adequada. Nós temos que voltar ao básico”, avaliou.
Subindo o nível da escolaridade e de críticas, ele criticou a falta de condições para o estudante acessar a rede pública e tenha que pagar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Alega alunos que de escola pública acabam se inscrevendo em faculdades particulares e algumas de Ensino à Distância (EAD) onde o ensino ofertado não é adequado para formar bons profissionais.
Em contrapartida, estudantes com mais dinheiro conseguem passar no seletivo para instituições públicas. “O que a gente vê hoje é as crianças de escola pública tendo que pagar parcelamento de Fies em escolas privadas e muitas vezes por EAD e baixa qualidade. E enquanto aqueles que estudam em escolas privadas, que fazem cursinhos pré-vestibulares e tudo mais, eles entram nas faculdades públicas e eles vão lá ter acesso a uma outra educação diferenciada. Mesmo que a escola pública, a faculdade pública no nosso estado, por exemplo, seja uma bosta, como a UFMT tem sido”, disparou.
Para mudar este cenário, o prefeito afirmou que Cuiabá e o Estado estão numa parceria a fim de buscar estratégias para melhora a qualidade do ensino ofertado na rede pública.
O prefeito Abilio é formado em arquitetura pela Universidade de Cuiabá (Unic). A vice, Vânia Rosa cursou Segurança Pública pela UFMT. O governador Mauro Mendes (União) formou-se engenheiro na federal de Mato Grosso.
Nota da Faculdade de Direito da UFMT:
"NOTA DE REPÚDIO
A Faculdade de Direito da UFMT manifesta seu mais veemente repúdio às declarações do Prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini, proferidas em entrevista coletiva na Câmara de Vereadores nesta terça-feira, 19 de agosto de 2025.
Tais falas são ofensivas, inverídicas, irresponsáveis e desrespeitosas com a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), instituição que, há mais de cinco décadas, desempenha papel central na formação de profissionais, na produção científica, na extensão comunitária e no fortalecimento do desenvolvimento social, econômico e cultural de nosso Estado.
Além disso, diferentemente do que foi reportado no vídeo, a UFMT possui políticas de cotas em 50% das vagas ofertadas, além de políticas de assistência estudantil, que garantem a inclusão e a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade social e econômica, promovendo justiça social e ampliando o acesso de jovens, em especial negros, indígenas e oriundos da rede pública de ensino, ao ensino superior gratuito e de qualidade.
A UFMT é patrimônio do povo mato-grossense e brasileiro, reconhecida nacional e internacionalmente pela qualidade de seu ensino e pesquisa, e pela dedicação de seus servidores técnicos, estudantes e docentes, que enfrentam diariamente as adversidades impostas pelo subfinanciamento das universidades públicas.
A UFMT possui um corpo docente de alta qualificação acadêmica, formado majoritariamente por mestres e doutores, com sólida trajetória científica e compromisso social. Essa excelência se reflete na qualidade do ensino, na relevância da produção de pesquisas e na atuação extensionista, que leva conhecimento e serviços diretamente à comunidade.
A tentativa de desqualificação de uma universidade pública revela não apenas desconhecimento da sua relevância, mas também um ataque direto à educação pública, gratuita e de qualidade, princípio constitucional que garante inclusão social e igualdade de oportunidades.
Vale ressaltar que a Faculdade de Direito da UFMT, em diversas ocasiões, figura entre as melhores faculdades públicas do país em rankings de avaliação do ensino superior, o que demonstra a excelência de sua formação acadêmica.
A Faculdade de Direito reafirma sua solidariedade a toda comunidade universitária e conclama a sociedade a se posicionar em defesa da UFMT e das instituições públicas de ensino superior.
Exigimos respeito às universidades e a valorização da ciência, da educação e da autonomia universitária, pilares fundamentais para a democracia e para o futuro de Mato Grosso e do Brasil.
Em defesa da UFMT. Em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade".
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Marcos - 20/08/2025
Cuiaba merece o prefeito que tem um bolsomerda Fato
Wilson - 20/08/2025
Tá explicado, o prefeitinho medíocre é formado pela UNIC e não conseguiu passar em nenhum vestibular na UFMT! (na época ainda não tinha ENEM)...deveria ter a hombridade de dizer quantas vezes foi reprovado! A UFMT, servidores, discentes e docentes, exigem e merecem respeito!!
Wilson - 20/08/2025
Esse prefeito bosta deveria respeitar a Instituição que mais tem contribuído para a educação e ensino de MT! nas provas da OAB, nos revalida de Medicina têm alguma outra Universidade que aprova pelo menos 20% do que a UFMT aprova? senhor prefeito das redes, tu é um energúmeno!
Paulo - 20/08/2025
Sem nenhuma postura de gestor competente, vergonha vergonha
NANDA - 20/08/2025
A fala do prefeito se derruba sozinha: a UFMT é desejada até pelos mais privilegiados.
CARLA - 20/08/2025
Quem fala mal da UFMT esquece que os melhores preparados querem estudar lá.
licença-prêmio - 20/08/2025
Espero que os docentes e discentes da faculdade de Direito da UFMT não se limitem ao mimimi e, efetivamente, não votem mais nele.
Pedro luis - 20/08/2025
Parabéns Abílio a verdade dói..E faz tempo que as Universidades no Brasil estão um caos.Vejam o nível aí em Cuiabá uma Professora Universitário que não sabe o Português então se falar a verdade eles não aceitam..
José - 20/08/2025
O Abílio fala dessa forma porque da Ibope nos meio de comunicação aí o público de gosta de ouvir esse tipo de contentamento palavrão A imprensa faz o marketing político dele
JOSE LUIZ MARAN - 20/08/2025
No lugar da Nota de Repudio, deveriam é melhorar a Qualidade e deixar de ser a 44ª no Ranking nacional. Apesar de que ja foi pior. Nos anos 80 era a segunda pior do Pais e só perdia para o Acre
11 comentários